Ex-ministro da Saúde se
colocou à disposição do PP para concorrer à Presidência após mais uma reunião
frustrada dos líderes do “centrão”
O ex-ministro da Saúde,
Ricardo Barros (PP-PR) afirmou que, se sua pré-candidatura à Presidência da
República for encampada pelos partidos do chamado “centrão”, começará a
campanha eleitoral com 25% a 30% de tempo de TV. Ele manifestou sua intenção de
concorrer após a realização de mais uma reunião frustrada da cúpula do bloco,
na noite de quarta-feira (11), na casa do presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília. A convenção do PP está marcada para 2 de
agosto, data em que a decisão deverá ser tomada
“Não houve habilidade ou
articulação suficiente até agora para que entregassem tempo de televisão a Ciro
Gomes (PDT-CE), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou Alvaro Dias (PODE-PR). E, como não
está havendo convergência, eu propus um nome novo. Está sendo agora porque até
agora não se achou solução”, disse, em entrevista por telefone ao Portal Terra.
Marido da governadora do Paraná e pré-candidata à reeleição, Cida Borghetti
(PP-PR), Barros evitaria assim uma aliança de seu partido com Ciro. O pedetista
é correligionário de Osmar Dias (PDT-PR), que também mira o Palácio Iguaçu,
sede do governo estadual
Segundo ele, porém, a questão
regional costuma ter pouca influência nesse tipo de disputa. “A lógica nossa
não está em esse candidato ou aquele, mas está em nós termos um candidato que
agregue a todos, porque até agora nenhum conseguiu”, ponderou. “Todos os
partidos, ou quase todos, liberam a ação nos estados. É desvinculada da decisão
nacional. Não tem candidato no nordeste que seja bom para o sul e do sul que
seja bom para o nordeste”, completou
O “centrão” une siglas como
PR, PTB, PSC, PRB, PR e PSD, além de PP e DEM. Surgiu em 2016, por iniciativa
do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB/RJ), atualmente preso. Apoiou o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com a consequente ascensão de
seu vice, Michel Temer (MDB-SP), e é considerado estratégico para as eleições
de outubro. Representando o PP, o senador Ciro Nogueira (TO) teria deixado
clara sua preferência por Ciro e afirmado ser muito difícil um acordo com
Alckmin, justamente devido às disputas regionais.
O 30 anos de vida pública,
Ricardo Barros foi prefeito de Maringá (Norte do Paraná), teve cinco mandatos
de deputado federal, foi relator geral do Orçamento da União na Câmara,
secretário de Estado da Indústria e Comércio e, mais recentemente, ministro da
Saúde de Temer. Ele pode ser o terceiro paranaense na disputa ao Palácio do
Planalto. Os outros são Alvaro, já confirmado, e Roberto Requião (MDB-PR), que
pende mais para o Senado. “Fiz uma gestão muito eficiente [no Ministério], com
atendimento aos parlamentares muito bom. Tenho crédito na Casa e amigos.
Lideranças estão se manifestando sobre essa pré-candidatura. Estou muito bem”,
comentou.
Para o ex-ministro, sua pré-candidatura
é também um “gesto de desprendimento”. “Tenho responsabilidades no Paraná: a
campanha da governadora, que está firme, e a minha campanha de deputado
federal, já pronta. Foi desprendimento meu colocar o nome para, se houver
interesse dos outros partidos, construir. Não é disputa; é construção”,
reforçou. Ainda de acordo com ele, conforme o tempo for passando, será possível
verificar quem decolou. “De repente alguém pode perder ou ganhar votos na reta
final. Tem muito essa coisa do voto útil. As bandeiras sempre têm seu público
fidelizado”.
Sobre se dividir entre as
campanhas ao Palácio do Planalto e as de reeleição da esposa e da filha – a
deputada estadual Maria Victoria (PP), que pretende permanecer na Assembleia
Legislativa (Alep) -, o parlamentar assegurou não ver problema. “As alianças
estão formadas e o governo [do Paraná] funcionando muito bem, com muita
eficiência. Ela [Cida] está tomando decisões firmes e fortes, como o veto
diferenciado do aumento nos [salários] dos [servidores dos] poderes – para o
Executivo e Judiciário -, e a questão dos caminhoneiros. O Paraná sofreu bem
menos com a paralisação... Tem pulso firme e toca o Estado com mãos de ferro. É
dessa coragem que precisamos.”
Foto: Marcelo Camargo /
Agência Brasil, Mariana Franco Ramos, Curitiba, para TERRA
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