Em meio ao surto de febre
amarela identificado no Brasil em 2017, o Instituto de Tecnologia em
Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) entregou ao Ministério da Saúde mais de 64
milhões de doses contra a doença – a previsão inicial do governo federal era 25
milhões. Para este ano, conforme demanda do Programa Nacional de Imunizações,
devem ser entregues 40 milhões de doses e, em 2019, mais 60 milhões. Para
tanto, pesquisadores trabalham em sete linhas de melhorias consideradas
estratégicas para aumentar a capacidade de produção do maior laboratório de
saúde pública da América Latina.
Recomendações de agências
reguladoras
A gerente do Programa de
Vacinas Virais de Bio-Maguinhos, Elena Caride, explicou que tais melhorias
advêm de recomendações de agências reguladoras e de insightsda
própria área produtiva. Uma delas envolve a produção de frascos com somente
duas doses contra a febre amarela.
Atualmente, o laboratório
produz apresentações com cinco e dez doses, mas o produto tem um período de
estabilidade de seis horas e precisa ser descartado depois disso. A proposta
reduziria o desperdício, sobretudo, em postos de saúde de regiões remotas, onde
há pouca procura por vacinas.
“A gente tem uma expectativa
de produzir esses lotes em escala industrial em dezembro deste ano e submeter à
Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] em março do ano que vem para
análise e aprovação. O tempo da agência para aprovação pode levar até um ano,
mas a gente sempre faz uma conversa, pedindo prioridade, ainda mais quando a questão
envolve surtos. Até o final do ano que vem, se tudo correr bem, a gente já
deve ter isso”, avaliou a pesquisadora.
Outro projeto prevê a retirada
do antibiótico que atualmente integra a formulação da dose contra a febre
amarela produzida por Bio-manguinhos – sugestão advinda da própria Organização
Mundial da Saúde (OMS) em meio a uma campanha para reduzir o uso desse tipo de
medicação e combater a chamada resistência bacteriana.
Uma terceira melhoria envolve
a redução, pela metade, do número de embriões utilizados na confecção da vacina
– o que, virtualmente, dobraria a capacidade de produção das doses por parte do
laboratório. A estratégia, entretanto, ainda precisa passar por um estudo de
viabilidade e, em seguida, ser submetida à agência reguladora. O projeto também
exige a ampliação da capacidade de processamento final da vacina, por meio da
construção de uma nova unidade em Santa Cruz (RJ) e da utilização plena da
planta em São Paulo, que hoje opera em baixa demanda.
“A gente criou esse projeto
focando em uma etapa do processamento do insumo farmacêutico ativo, em que se
vislumbra dobrar a capacidade com baixíssimo investimento ou praticamente
nenhum. Na verdade, é uma otimização em uma das etapas.
Vamos ter capacidade de duplicar a quantidade de insumo farmacêutico
ativo produzido sem nenhum investimento. Pensando na saúde pública, fazer o
dobro com o mesmo custo é exatamente o que a gente precisa neste momento”,
disse a gestora do Laboratório de Febre Amarela de Bio-Manguinhos, Caroline Ramirez.
*A repórter viajou a convite
da Sociedade Brasileira de Imunizações
Por Paula Laboissière –
Repórter da Agência Brasil* Rio de Janeiro
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