Um novo tipo de terapia contra
o câncer que "desativa o freio" do sistema imunológico humano e é
considerada uma nova esperança para a cura da doença por alguns, e criticada
por outros, foi premiada com o Nobel de Medicina 2018.
Os ganhadores são os
imunologistas James P. Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão.
A Assembleia Nobel, ligada ao
Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, afirmou que as terapias pela
inibição da regulação imunológica negativa são "um marco" na luta
contra o câncer.
As descobertas dos dois
cientistas "estabeleceram um princípio completamente novo" no campo
da oncologia e permitem "aproveitar a habilidade do sistema imunológico
para atacar as células cancerígenas", disse o comunicado anunciando a
premiação.
Os dois cientistas trabalharam
separadamente e vão dividir o prêmio de US$ 1 milhão.
Imunoterapia
A imunoterapia, que mira mais
especificamente nas células cancerígenas, é considerada uma nova fronteira nos
tratamentos contra o câncer.
No entanto, ela funciona
apenas em aproximadamente 15 a 20% dos pacientes. Os cientistas ainda não sabem
exatamente quem vai se beneficiar e o porquê.
Tanto Allison quanto Honjo
estudaram proteínas que impedem que as principais células de defesa do corpo,
as células T, ataquem as células cancerígenas.
Quando o sistema imunológico
detecta a presença de ameaças no organismo, como vírus e bactérias, estas
células se agarram às substâncias exógenas, o que estimula uma resposta imunológica
de larga escala. Diversas proteínas mensageiras também estão envolvidas nesse
processo. Algumas potencializam a resposta do sistema imunológico e outras
servem como freios, prevenindo uma resposta exagerada.
No caso do câncer, o sistema
de defesa do corpo nem sempre consegue identificar os tumores e atacá-los. É
neste ponto que os trabalhos dos dois pesquisadores provaram ser
revolucionários.
Allison, que tem 70 anos e é
professor na Universidade do Texas, estudou no início dos anos 1990 a proteína
CTLA-4, que funciona como uma espécie de freio do linfócito T.
Honjo, de 76 anos e professor
na Universidade de Kyoto, descobriu em 1992 outra proteína na superfície dos
linfócitos T: a PD-1, que também freia as células imunológicas, mas com outro
mecanismo.
Efeitos colaterais
Ao longo de todo o período
desde suas descobertas iniciais, os dois cientistas passaram a desenvolver
medicamentos que possam inibir a atividade dessas proteínas, estimulando o
sistema imunológico a atacar tumores. A CTLA-4 foi usada no tratamento do melanoma
(câncer de pele) avançado, enquanto a PD-1 tem sido utilizada contra tumores de
pulmão, renais, linfoma e melanoma.
Novos estudos indicam que, se
ambas as terapias forem combinadas, o tratamento pode ser mais eficiente.
As terapias também produzem
efeitos colaterais, como reações autoimunes do corpo. Os pesquisadores agora
buscam maneiras de reduzir estes efeitos.
Diário da Saúde, Imagem:
Academia Nobel/Divulgação, com informações da BBC
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