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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Nobel de Medicina 2018 premia a controversa imunoterapia


Um novo tipo de terapia contra o câncer que "desativa o freio" do sistema imunológico humano e é considerada uma nova esperança para a cura da doença por alguns, e criticada por outros, foi premiada com o Nobel de Medicina 2018.

Os ganhadores são os imunologistas James P. Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão.

A Assembleia Nobel, ligada ao Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, afirmou que as terapias pela inibição da regulação imunológica negativa são "um marco" na luta contra o câncer.

As descobertas dos dois cientistas "estabeleceram um princípio completamente novo" no campo da oncologia e permitem "aproveitar a habilidade do sistema imunológico para atacar as células cancerígenas", disse o comunicado anunciando a premiação.

Os dois cientistas trabalharam separadamente e vão dividir o prêmio de US$ 1 milhão.

Imunoterapia
A imunoterapia, que mira mais especificamente nas células cancerígenas, é considerada uma nova fronteira nos tratamentos contra o câncer.

No entanto, ela funciona apenas em aproximadamente 15 a 20% dos pacientes. Os cientistas ainda não sabem exatamente quem vai se beneficiar e o porquê.

Tanto Allison quanto Honjo estudaram proteínas que impedem que as principais células de defesa do corpo, as células T, ataquem as células cancerígenas.

Quando o sistema imunológico detecta a presença de ameaças no organismo, como vírus e bactérias, estas células se agarram às substâncias exógenas, o que estimula uma resposta imunológica de larga escala. Diversas proteínas mensageiras também estão envolvidas nesse processo. Algumas potencializam a resposta do sistema imunológico e outras servem como freios, prevenindo uma resposta exagerada.

No caso do câncer, o sistema de defesa do corpo nem sempre consegue identificar os tumores e atacá-los. É neste ponto que os trabalhos dos dois pesquisadores provaram ser revolucionários.

Allison, que tem 70 anos e é professor na Universidade do Texas, estudou no início dos anos 1990 a proteína CTLA-4, que funciona como uma espécie de freio do linfócito T.
Honjo, de 76 anos e professor na Universidade de Kyoto, descobriu em 1992 outra proteína na superfície dos linfócitos T: a PD-1, que também freia as células imunológicas, mas com outro mecanismo.


Efeitos colaterais
Ao longo de todo o período desde suas descobertas iniciais, os dois cientistas passaram a desenvolver medicamentos que possam inibir a atividade dessas proteínas, estimulando o sistema imunológico a atacar tumores. A CTLA-4 foi usada no tratamento do melanoma (câncer de pele) avançado, enquanto a PD-1 tem sido utilizada contra tumores de pulmão, renais, linfoma e melanoma.

Novos estudos indicam que, se ambas as terapias forem combinadas, o tratamento pode ser mais eficiente.

As terapias também produzem efeitos colaterais, como reações autoimunes do corpo. Os pesquisadores agora buscam maneiras de reduzir estes efeitos.

Diário da Saúde, Imagem: Academia Nobel/Divulgação, com informações da BBC


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