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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

CORONAVÍRUS AMEAÇA ESCASSEZ DE CERCA DE 150 MEDICAMENTOS, EM ESPECIAL IMUNOGLOBULINA, ALGUNS ANTIBIÓTICOS E OUTROS INSUMOS ESTRATÉGICOS


O Food and Drug Administration identificou o risco real de desabastecimento de cerca de 150 medicamentos estratégicos para tratamento e profilaxia dos pacientes acometidos com Coronavírus. A extensa lista incluí antibióticos, genéricos, alguns medicamentos de referência, hemoderivados (imunoglobulinas), inibidores de enzimas neuraminidase do vírus da gripe (carboxilato de oseltamivir – Tamiflu), dentre outros. O governo Chinês está inventariando e controlando os estoques de produtos estratégicos que prioritariamente serão destinados a sua população.

Assim como os americanos, mais da metade do mundo, como o Brasil, dependem de mais de 50% dos insumos farmacêuticos ativos chineses. Caso por restrições impostas para o controle do coronavírus a produção de IFAs seja comprometida ou se o governo bloquear as exportações para atendimento da demanda interna ou ainda por questões logísticas de acesso às plantas e ao transporte, boa parte do globo terrestre poderá sofrer com o risco de escassez de medicamentos.

FDA se recusou a comentar a lista, mas afirmou em comunicado que "está ciente de que o surto pode afetar a cadeia de suprimentos de produtos médicos" e dedicou recursos adicionais para identificar possíveis vulnerabilidades nos produtos médicos dos EUA decorrentes especificamente do surto, já que 13% de todas as instalações que fabricam ingredientes para medicamentos vendidos nos EUA estão localizadas na China e 85% dos medicamentos no estoque estratégico nacional dos EUA usam algum componente proveniente da China.

•            A agência entrou em contato com centenas de fabricantes de medicamentos e dispositivos médicos e também está em coordenação com reguladores globais como a Agência Europeia de Medicamentos.

•            Ele apontou que não existem vacinas, terapias genéticas ou derivados de sangue licenciados pelo FDA que são fabricados na China, embora as matérias-primas de muitos produtos venham da China e de outros países do sudeste asiático. A agência está em contato com fabricantes de produtos biológicos para monitorar as preocupações com o fornecimento.

•            "Se uma potencial escassez ou interrupção de produtos médicos for identificada pela FDA, usaremos todas as ferramentas disponíveis para reagir rapidamente e mitigar o impacto nos pacientes e profissionais de saúde dos EUA", disse um porta-voz da FDA.

Independentemente de o coronavírus se espalhar nos EUA ou no Brasil, qualquer possível escassez de medicamentos poderá ser sentida de forma aguda pelos pacientes que dependem deles.

No Brasil o governo vem se estruturando e tentando administrar severamente todos os potenciais infectados. Várias iniciativas já foram deflagradas. O Ministério da Saúde publicou o plano de emergência coronavírus – COVID 19. Em 3 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde em conformidade com o Decreto n° 7.616, de 17 de novembro de 2011, emitiu a Portaria GM-MS n° 188, e, declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da infecção humana pelo novo Coronavírus, estabelecendo, também, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-COVID-19) como mecanismo nacional da gestão coordenada da resposta à emergência no âmbito nacional, ficando sob responsabilidade da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).

Laboratórios privados e públicos estão sendo capacitados para identificar o novo vírus. A Rede está sendo abastecida com EPIs, e outros insumos estratégicos como o Tamiflu®, que utilizado junto com a imunoglobulina robustecem a defesa do organismo em pessoas que têm baixa resistência a infecções, como: as complicações infecciosas e em moléstias de origem imunológica e mais recentemente dispensadas para o tratamento de doenças causadas por arboviroses, como Zika, Chikungunya, Dengue e agora para o COVID-19, caso a pandemia chegue no Brasil.

Diante desses e outros argumentos, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública | COE-COVID-19 vem atuando para mobilizar e orientar a comunidade portuária e aeroportuária e de áreas de fronteira para preparação e adoção de medidas para o enfrentamento da infecção humana pelo novo coronavírus (COVID-19), em todo País, se for necessário o MS poderá prontamente mudar a definição com base na Avaliação de Risco e análise operacional. Qualquer ação será adotada para garantir que o sistema esteja preparado para absorver a introdução de mais uma doença e desta vez melhor capacitado.

A ANVISA, também, está se mobilizando para autorizar a importação de medicamentos, sem registro no País, em caráter de excepcionalidade, como é o caso público, inclusive pauta da DICOL na próxima semana, da imunoglobulina cujo risco de completo desabastecimento é real. O hemoderivado já não está disponível em diversos estados. O problema da importação de derivados de plasma humano se arrasta há décadas no País. Sem o funcionamento da Hemobrás todos os hemoderivados precisam ser importados, onerando os cofres públicos (estima-se em 300 Milhões por ano).

Questões mercadológicas internacionais dificultam o abastecimento do SUS, existe um aumento significativo das demandas em novos mercados que praticam preços muito acima dos autorizados no Brasil, pela CMED, acrescido da escassez da nobre matéria prima de origem exclusivamente humana que, mesmo comprada principalmente nos Estados Unidos, está cada dia mais rarefeita e mais cara, comprometendo ainda mais os custos de produção do medicamento, e, agora com a explosão do coronavírus onde a imunoglobulina é um dos produtos utilizados no tratamento e na profilaxia dos pacientes contaminados, os embarques, mesmo que autorizados correm o risco de não se concretizar por restrições do governo chinês.

A falta de opção do Brasil para adquirir hemoderivados com os preços para governo impostos pela CMED. O TCU proibido o MS de comprar com preços acima do autorizado pela CMED, o fornecedor que burla está regra é severamente penalizando com pesadas multas. A Longa trajetória burocrática entre um pregão e a efetiva contratação gerando mais um problema com as questões cambiais que sistematicamente comprometem o equilíbrio econômico financeiro dos contratos. E mais recentemente as demandas judiciais patrocinadas por uma empresa local (que não fabrica o produto no Brasil) são motivações que desmotivam fornecedores tradicionais e colocam em risco o abastecimento do medicamento de fundamental importância para a saúde pública que,  agora passa a depender da condescendência do governo chinês para ser embarcado, caso a ANVISA tome a decisão que já extrapola a estratégia mercadológica que favorece apenas um supridor, se tornando uma causa humanitária. 

Toda cadeia envolvida, profissionais de saúde, autoridades, e principalmente os pacientes que dependem do medicamento estão a mercê da ANVISA e da condescendência do governo chinês para acessar o medicamento na rede dentro dos próximos 60 (sessenta) dias. É o País exposto a um imenso risco de abastecimento por questões mercadológicas, extra saúde pública, que se arrastam há mais de 2 anos. Questões estratégicas que beiram a segurança da saúde pública nacional merecem ser tratadas com maior afinco e determinação pelas autoridades.

Anexo:



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