Países-membros do bloco se
reuniram em Assunção, no Paraguai. Na ocasião, foi apresentada a expertise
brasileira na vigilância de doenças transmissíveis
Foto: Newton Palma /
ASCOM MS
Atentos à ameaça global
causada pelo novo coronavírus, ministros da Saúde dos países do Mercosul se
reuniram, nesta quarta-feira (19), em Assunção, no Paraguai, para definirem
estratégias conjuntas no enfrentamento da doença. Na ocasião, também foram discutidas
ações para a dengue e sarampo, doenças que vêm causando vítimas entre os
países-membros do Mercosul. A III Reunião Extraordinária dos Ministros da Saúde
do Mercosul contou com a presença das autoridades do Paraguai, Argentina,
Uruguai, além do ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta.
Durante o evento, foi
apresentado o contexto epidemiológico da dengue, sarampo e do novo coronavírus
na região do Mercosul. Após discussões sobre os dados e estratégias de
enfrentamento das doenças, os ministros da Saúde assinaram um projeto de
intenções para compartilhamento de informações e tecnologias: “Declaração
dos Ministros de Saúde do Mercosul perante a situação epidemiológica de Dengue,
Sarampo e Coronavirus (COVID – 2019)”. Atualmente dois casos suspeitos são
monitorados pelo Ministério da Saúde do Brasil e 48 casos já foram descartados.
O país permanece sem registro da doença.
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O ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, reforçou a importância do diálogo entre as vigilâncias dos
países do Mercosul. “O Brasil atua fortemente com o sistema de vigilância para
monitorar e atender possíveis casos confirmados do novo coronavírus, assim como
intensifica os esforços para controle da dengue e sarampo. Com cerca de 17 mil
quilômetros de fronteira, o Brasil considera importante que os países
fronteiriços também tenham sistemas de vigilância eficazes para a identificação
rápida de novas doenças”, destacou o ministro da Saúde.
O Ministério da Saúde tem
alertado para o fato de que, mesmo que os olhos do mundo estejam voltados para
a China, devido ao surto de infecções causadas pelo novo coronavírus, o Brasil
tem desafios epidemiológicos ainda mais importantes, como o sarampo e a dengue.
Ainda não existe circulação do novo coronavírus no país nem na América do Sul.
No entanto, em 2020, o Brasil já registra 338 casos confirmados de sarampo e 1
óbito pela doença. Já em relação à dengue, até 1º de fevereiro, 94,1 mil casos
de dengue foram registrados no país, com 14 mortes.
Sobre o sarampo, o ministro
ressaltou a cobertura vacinal como medida que deve estar na prioridade dos
países. “É matemática, um paciente com sarampo contamina outras 18 pessoas e
todos os anos se percebe falhas de vacinação. Então, vai somando ano após ano e
você fica com um contingente enorme de pessoas que estão suscetíveis ao vírus.
Através da OPAS eu tenho redobrado o esforço para que a gente vacine as áreas
de fronteira. O que a gente puder fazer de ações conjuntas é sempre muito
importante”, concluiu o ministro.
SITUAÇÃO DA DENGUE
Os países do Mercosul também
relataram preocupação com a situação da dengue na região. Espera-se que em 2020
ainda haja alta incidência de casos. Dos mais de 320 mil casos nas Américas até
o início de fevereiro, mais de 250 mil correspondem ao cone sul. As autoridades
paraguaias apontaram que notificaram mais casos de dengue nas primeiras quatro
semanas de 2020 do que no mesmo período de 2019.
O ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, destacou a importância de investimento em pesquisas para
doenças como a dengue, comuns em países com clima tropical, como os do
Mercosul. “O Brasil tem um trabalho muito grande de pesquisa na área da vacina
da dengue com o Instituto Butantan. Estamos chegando muito próximo de ter essa
vacina, que deve ser concluída nos próximos anos e será muito importante no
enfrentamento da doença”, informou o ministro que também lembrou de outra
tecnologia utilizada no Brasil. “Também investimos recursos no Método
Wolbachia, que é uma bactéria colocada no mosquito Aedes aegypti que
impede que o mosquito transmita a dengue. É um controle biológico e
extremamente promissor”, disse.
As autoridades se
comprometeram em reforçar as medidas para eliminar os locais de criação de
mosquitos, uma ação fundamental para reduzir a transmissão da doença. Os países
vão fortalecer a vigilância bem como estabelecer estratégias de gestão
conjuntas para o enfrentamento à doença.
PREPARAÇÃO DO MERCOSUL CONTRA
O CORONAVÍRUS
As informações sobre casos
suspeitos e confirmados na região são compartilhadas com a Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) em conformidade com o Regulamento Sanitário
Internacional (RSI). Os países têm desenvolvido e implementado planos nacionais
de preparação e resposta para ativar medidas e ações intensificadas (bem como
procedimentos operacionais padrão relacionados), em coordenação com a OPAS/OMS.
Nesse sentido, os países da
Região estão fortalecendo medidas para detectar precocemente e responder
rapidamente a possíveis casos de COVID-19. Uma das propostas e criar mecanismos
de comunicação integrados com as empresas aéreas que operam no Mercosul para
ter à disposição os intenerários completos dos viajantes.
CAPACITAÇÃO DE LABORATÓRIOS
O Ministério da Saúde e a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizaram, nos dias 6 e 7 de fevereiro,
capacitação técnica de representantes de nove países das Américas do Sul e Central
para o diagnóstico laboratorial do novo coronavírus. O treinamento foi
realizado a pedido da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) como uma
ação de cooperação entre os países Latino-americanos.
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A iniciativa teve como
objetivo compartilhar experiências, fortalecer as capacidades de diagnósticos
nacionais e regionais e garantir que os países participantes estejam preparados
para responder à emergência sanitária com os mesmos protocolos de análise
recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e já implementados no
Brasil. Atualmente, são considerados laboratórios de referência nacional para
diagnóstico do novo coronavírus, o Laboratório de Virus Respiratórios e Sarampo
da Fiocruz, no Rio de Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, o
Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, e o Laboratório Central do Estado de
Goiás (LACEN).
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