O desabastecimento de
medicamentos essenciais ao cuidado à saúde, em todos os níveis de atenção de
todas as regiões brasileiras, é fruto de uma conjuntura que engloba diversos
fatores como:
• descontinuidade da produção
de alguns fármacos pela indústria para priorizar medicamentos com maior demanda
gerada pela pandemia de Covid-19;
• disseminação de epidemias,
notadamente de síndromes respiratórias e doenças virais;
• falta de matéria-prima, em
decorrência da guerra na Ucrânia e do lockdown na China, que impacta tanto a
fabricação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), quanto a chegada ao país
dos estoques já adquiridos, parados na origem pelo fechamento dos portos
chineses;
• necessidade de substituir os
medicamentos em falta, o que gera um efeito cascata, dificultando o acesso aos
fármacos que substituem aqueles com o abastecimento mais crítico.
A falta de antimicrobianos,
mucolíticos, anti-histamínicos e analgésicos, entre outros, nas farmácias, e de
dipirona sódica, soro de reidratação, itens indispensáveis à analgesia em
cirurgias, antimicrobianos e diuréticos em hospitais compromete o desfecho dos
tratamentos prescritos e pode aumentar a ocorrência de complicações e de
mortalidade nos estabelecimentos de saúde. Os riscos (da escassez) são
inúmeros. A falta de dipirona injetável no ambiente hospitalar, por exemplo,
implica o uso de opióides, mais potentes, mais caros e com maior risco de
efeitos adversos e complicações para o paciente, como a dependência.
É um cenário preocupante, em
que o farmacêutico pode colaborar justamente pela competência em orientar as
prescrições quanto a intercambialidade dos medicamentos, a orientação pela
manipulação de fármacos ou mesmo a indicação de necessidade de retorno ao
médico ou dentista prescritor para adequação terapêutica em função da
contingência atual.
Porém, o Conselho Federal de
Farmácia (CFF) considera urgentes e necessárias medidas que possam mitigar o
problema, como o incremento da produção nacional tanto de matéria-prima, quanto
do produto acabado (o Brasil tem pelo menos 18 laboratórios farmacêuticos
oficiais, que estão subutilizados); um melhor planejamento de compras no
serviço público, visando à manutenção dos estoques; e estratégias para um
monitoramento mais eficiente do abastecimento das redes pública e privada.
Esse esforço deve envolver o
setor público e todos os segmentos afetados, incluindo os conselhos
profissionais e entidades de controle social. É um problema de todos, na medida
em que pode afetar cada um. Que a solução seja breve e eficiente!
Fonte: Comunicação do CFF
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