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sábado, 8 de outubro de 2022

Entra em vigor lei nos EUA que transfere aos pacientes a propriedade de seus dados de saúde


Nova lei nos EUA entra em vigor e pacientes se tornam donos de seus registros de saúde, o que pode ter grande impacto no setor como um todo

Por Redação/https://futurodasaude.com.br/

Para muitos, ontem foi um dia histórico para a saúde nos Estados Unidos: a partir da quinta-feira, 6 de outubro, os dados e registros de saúde dos pacientes passaram a ser liberados de forma digital e com acesso irrestrito. Esta nova era, onde os pacientes passam a ser donos de seus dados, foi possível após a aprovação, em 2016, de uma lei nos EUA conhecida como 21st Century Cures Act. De lá para cá, todo o sistema de saúde teve que se adequar para a nova realidade.

Antes dessa liberação, as redes de dados, sistemas e empresas de registros médicos eletrônicos definiam a quantidade de dados que os pacientes poderiam acessar, quando e sob quais condições. Nesse cenário, corretores de dados lucravam com essas informações, vendendo-as para terceiros, como farmacêuticas e seguradoras, muitas vezes sem a ciência e o consentimento dos pacientes. Ainda, hospitais e outras organizações relutavam em fornecer essas informações por motivos comerciais, contribuindo com a manutenção dos pacientes sob seus cuidados.

Com a nova legislação, o paciente se torna o proprietário de seus dados e, consequentemente, pode escolher com quem compartilhá-los, se for do seu interesse. Essa mudança foi apontada como um ponto de partida para uma economia de dados em que o paciente é o mediador, promovendo uma fluidez de compartilhamento e mobilidade eletrônica nos serviços de saúde semelhante a que existe nos serviços bancários.

Apesar das regras, especialistas de dados de saúde constataram que há muito a se evoluir ainda. Existem dúvidas sobre os protocolos de compartilhamento de registros de saúde digitais, os quais incluem imagens e anotações médicas, dados genéticos e outros detalhes, além de que provedores de dados ainda podem deter informações em algumas exceções. Aplicativos como o Apple Health Records já expandiram o acesso aos dados, mas a lei dita uma abertura muito maior de informações, o que exigirá tempo para que esses detentores de dados se adequem totalmente às novas circunstâncias.

Por que essa lei nos EUA é importante para o sistema de saúde?

A lei é vista de maneira otimista e determina um marco relevante na saúde, porque pode mudar a forma com que empresas e o próprio paciente lidam com os dados. Ter um maior controle de seus registros fará com que os pacientes se empoderem de sua própria saúde e tenham um maior entendimento sobre seus cuidados, o que é considerado na hora de comprar um novo serviço ou participar de uma pesquisa médica.

Essa mudança de propriedade é uma tendência mundial em praticamente todos os setores, desde as redes sociais até o sistema financeiro. No Brasil, o open banking, por exemplo, recebeu atenção nos últimos tempos e chegou a inspirar até mesmo o início da conversa sobre o open health, no sentido de compartilhar dados entre planos de saúde com objetivo de aumentar a concorrência.

O assunto também esbarra em outra das grandes tendências do setor: a interoperabilidade, que é a integração de dados entre os players do setor, como hospitais, operadoras e até mesmo serviço público. A maior facilidade de transporte de dados pode contribuir para que o sistema de saúde tenha acesso ao histórico de informações e, assim, crie a possibilidade de uma continuidade de atendimento para as pessoas, com impactos na sustentabilidade financeira do setor.

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