De acordo com uma pesquisa,
78% da população confia plenamente no "remédio de marca", enquanto
73% tem a mesma opinião sobre os genéricos
Por Valéria Bretas
(Zhang Xun/Getty Images)
São Paulo – Você confia nos
medicamentos genéricos?
Uma pesquisa realizada pelo
ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade), que faz pesquisas para o
para o mercado farmacêutico, mostra que o nível de confiança dos brasileiros no
genérico é quase o mesmo em relação ao “remédio de marca”.
De acordo com o Instituto, 78%
da população confia plenamente no medicamento de marca, enquanto que 73% têm a
mesma opinião sobre os genéricos. Quem mais confia nesse
tipo de remédio são os idosos com mais de 60 anos: entre eles, a taxa bate os
78%. Em contrapartida, o grupo de pessoas de 45 a 59 anos apresentou o menor
grau de confiança, de 69%.
O ponto fora da curva, no
entanto, está entre os remédios similares. Segundo o
levantamento do ICTQ, que ouviu 2.162 pessoas em todo o país, apenas 54% dos
entrevistados afirma ter confiança plena nesse tipo de medicamento. Apesar do
resultado, o índice de confiabilidade subiu quase 20% em cinco anos.
Para Marcus Vinicius Andrade,
diretor-executivo do ICTQ, há uma explicação para o baixo crédito nos
similares. “A falta de atratividade do similar pode estar relacionada à
carência de compreensão do processo de desenvolvimento e fabricação”, diz.
EXAME.com conversou com o
farmacêutico pesquisador do ICTQ Ismael Rosa para entender as diferenças entre
os tipos de remédios. Veja os principais trechos da entrevista.
EXAME.com: Qual é a diferença
entre os três tipos de medicamentos?
Ismael Rosa: O
medicamento de referência (marca) é sempre um produto inovador. Ou seja, ele é
o primeiro a ter registro no órgão federal responsável pela vigilância
sanitária (Anvisa) e o primeiro a ser comercializado no país para um
determinado tratamento. A empresa que deseja registrar medicamentos
genéricos ou similares deverá utilizar obrigatoriamente os mesmos
princípios.
Já o genérico é aquele
que contém o mesmo princípio ativo (na mesma dose e forma farmacêutica), é
administrado pela mesma via, com a mesma posologia e indicação do medicamento
de referência. Em termos práticos, ele apresenta eficácia e segurança
equivalentes à do medicamento de marca. Eles são, no mínimo, 35% mais
baratos.
O medicamento similar também é
uma cópia do referência. No entanto, diferente do genérico que é comercializado
pelo nome químico, o similar é identificado por outro nome comercial ou marca
própria e pode fazer divulgação publicitária.
Se o princípio ativo dos
similares é o mesmo do remédio de marca, por que ele é o menos atrativo
aos olhos dos brasileiros?
Havia uma certa
desconfiança em relação aos medicamentos similares, pois estes não passavam
pelos mesmos testes de comprovação de eficácia e segurança que eram
submetidos os medicamentos genéricos e de referência.
Segundo a pesquisa, o grau de
confiança dos similares cresceu 20% desde 2012. O que explica esse salto?
Em 2003, a Anvisa aprovou um
regulamento técnico que estabeleceu critérios para adequação dos medicamentos
similares já presentes no mercado. A decisão obrigou as indústrias
farmacêuticas a apresentarem estudos comparativos com o medicamento de
referência registrado para a comprovação da equivalência terapêutica.
Além disso, em 2014, foi
aprovado um novo regulamento sanitário. Pela nova regra, a Anvisa passou a
disponibilizar uma lista com a relação dos medicamentos similares que são
equivalentes aos de referência. Sendo assim, ainda que o índice de
confiabilidade nesse remédio não seja expressivo como os de referência e
genéricos, houve um aumento significativo na confiança justificado pelo marco
regulatório de 2014.
Qual motivo explica
a consolidação dos genéricos no mercado?
A consolidação dos
medicamentos genéricos no mercado brasileiro deu-se não só por um, mas por uma
série de motivos relevantes. Por exemplo: por ser mais barato que o remédio de
marca, o genérico viabiliza o tratamento de milhares de pacientes,
destacando-se os acometidos por enfermidades crônicas, tais como hipertensão e
diabetes.
Hoje ele é o principal
instrumento de acesso a medicamentos no país, permitindo que os consumidores
consigam dar continuidade a seus tratamentos de forma econômica, segura e
eficaz.
Fonte: Exame.com
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