Os senadores Eunício Oliveira
(PMDB-CE) e José Medeiros (PSD-MT) podem disputar nesta quarta-feira (1º) a
presidência do Senado para o biênio 2017-2018.
Líder do PMDB, Eunício foi
indicado pela sua bancada, que é a maior da Casa. Medeiros, que é vice-líder do
governo, aposta no sigilo do voto para ganhar o apoio de dissidentes.
As candidaturas precisam ser
registradas perante a Secretaria Geral da Mesa até o início da sessão de
eleição.
Tradicionalmente, o partido
com a maior bancada fica com a Presidência, mas são comuns candidaturas
alternativas. Eunício foi escolhido como indicação do PMDB numa reunião dos
senadores do partido nesta terça-feira (31). Ele está no primeiro mandato, é senador
desde 2011. Antes, foi deputado federal (1998-2010) e ministro das Comunicações
(2004-2005) durante o governo Lula.
O presidente do Senado, Renan
Calheiros, elogiou a indicação e disse ter certeza de que o colega, se eleito,
fará um bom mandato.
— O Eunício tem experiência,
liderança e espírito público. Saberá conduzir o Senado neste momento
particularmente muito difícil da vida nacional.
A reunião do PMDB também
serviu para que os correligionários escolhessem Renan Calheiros como novo líder
do partido. Ele agradeceu, mas não confirmou se aceitará o posto.
— Estou refletindo e
conversando para que não tenha divisão do partido. Tenho até amanhã para
decidir. Quero colaborar com o partido e com o Brasil.
Concorrente
O senador José Medeiros foi
eleito em 2010, como suplente de Pedro Taques, e assumiu o mandato em 2015
quando o titular tornou-se governador do Mato Grosso. Ele iniciou sua atuação
parlamentar no PPS, mas migrou para o PSD no início de 2016.
Medeiros organizou uma reunião
aberta nesta terça-feira (31), para a qual convidou todos os senadores que
tivessem interesse em ouvir suas propostas ou em sugerir mudanças na condução
do Senado. Ele afirmou que decidiu lançar seu nome à presidência para gerar
debate em torno da eleição e do cargo.
— Neste momento político
fragilizado, uma candidatura única seria mal compreendida pela sociedade
brasileira. Um grupo de senadores entendeu que era preciso ter mais de uma.
Apesar de não declinar os
nomes dos senadores que o apoiam, Medeiros afirmou que já conta com “quase 30
votos”. Ele aposta que, no momento da votação, as bancadas não estarão coesas.
— O voto é secreto, e os
senadores ficam protegidos de retaliações. Muitos não estão acompanhando suas
bancadas. Estamos em tempos diferentes do normal, e não se surpreendam se este
grupo for o vencedor nas eleições de amanhã [quarta-feira].
Terceira via
Uma terceira alternativa ainda
pode surgir com o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Ele foi o único membro do
PMDB a não participar do encontro que definiu Eunício Oliveira como candidato.
Requião apresentou uma série
de medidas que gostaria de ver adotadas pelo próximo presidente. E disse que,
caso nenhum dos candidatos adote a pauta, ele pode se lançar. No entanto, diz
que não há chances de derrotar a candidatura de Eunício — que conta com apoio
da base do governo.
— [Vou apresentar candidatura]
só no caso de não aceitarem a proposta de democratização que estamos colocando.
Mas não há nenhuma condição de ganhar do governo aqui. Todo mundo tem
indicações no governo, nas estatais, libera emenda. Não há nenhuma ilusão.
Entre as propostas de Requião
estão o fim das votações simbólicas, a distribuição de relatorias por critérios
imparciais (atualmente os relatores de projetos são escolhidos monocraticamente
pelos presidentes das comissões), o fim das comissões especiais com poder de
decisão final sobre matérias e uma nova regulamentação da tramitação de medidas
provisórias.
O senador se reuniu com José
Medeiros para apresentar as propostas. Medeiros disse que elas são “importantes
para o andamento do Senado” e antecipou que deve acolhê-las.
Reuniões
Diversas bancadas partidárias
passaram o dia em reuniões para definir seus posicionamentos na eleição da
Presidência, suas novas lideranças e suas indicações para a Mesa e para as
comissões. Além do PMDB, o PT, o PSB, o PP e o DEM tiveram deliberações
internas. O PSDB fará uma no início da tarde desta quarta-feira, pouco antes da
eleição.
Segunda maior bancada do
Senado, o PSDB deve ficar com a 1ª vice-presidência. O PT, com a terceira
maior, tende a garantir a 1ª secretaria. Além de concorrer à presidência, o
PMDB deverá indicar um nome para a 2ª vice-presidência.
Jonas Pereira/Agência Senado
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