A farmacêutica brasileira
Blanver planeja testar um sistema de entrega (“delivery”) personalizada do
primeiro similar do Truvada, indicado também para a prevenção do HIV,
registrado no país. Resultado de parceria com o Instituto de Tecnologia em
Fármacos (Farmanguinhos), braço da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), o novo
remédio preventivo será distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e
diretamente ao paciente, no mercado privado. Mas, antes de eventualmente chegar
às farmácias, passará pelo projeto piloto de entrega direta em algumas cidades
brasileiras. “A distribuição na farmácia ainda não é oportuna”, observa o
principal executivo da Blanver, Sérgio Frangioni, sem fornecer detalhes sobre o
plano de “delivery” que será colocado em prática no fim do ano.
Em linhas gerais, a estratégia
que está sendo desenhada passa por usar algumas cidades como amostragem e,
então, expandir as vendas para outros mercados, incluindo outros países América
do Sul. O varejo farmacêutico ainda não aparece nos planos de curto e médio
prazos da Blanver. O Truvada, da americana Gilead Sciences, combina dois
princípios ativos, entricitabina (FTC) e fumarato de tenofovir desoproxila
(TDF), e recebeu em meados de 2017 a aprovação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) para casos de pré-exposição (PrEP, de profilaxia
pré-exposição) ao vírus HIV. O medicamento começou a ser distribuído pelo SUS
no fim do ano e, agora, por meio de uma PDP (Parceria para o Desenvolvimento
Produtivo (PDP), o similar, também composto pelas drogas entricitabina e
tenofovir e de prescrição médica, começa a ser produzido no país. Ao mesmo
tempo em que iniciará o piloto, a Blanver colocará na rua uma campanha de
conscientização – técnica e esclarecedora, conforme Frangioni – sobre o uso do
medicamento. “Percebemos que há desinformação e um tabu muito grande”,
comentou. O uso do remédio tem gerado uma série de debates, destacando a
necessidade de utilização também de outros métodos de prevenção para evitar
doenças sexualmente transmissíveis. “O que não queremos é desestimular o uso de
outras formas de prevenção”, afirma.
A Blanver recebeu em abril o
registro do medicamento, que deve ser tomado diariamente para prevenir contra o
HIV. A droga bloqueia a ação das enzimas que permitem ao RNA se replicar nas
células hospedeiras, reduzindo a carga viral no corpo do paciente.
Inicialmente, o remédio distribuído pelo SUS estará direcionado sobretudo a
homens homossexuais e usuários de droga. Um mês depois, a Anvisa concedeu à
farmacêutica o registro de um medicamento genérico inédito para tratamento da
hepatite C crônica. A expectativa é a de que o genérico do sofosbuvir, que
começaria a ser entregue pelo SUS neste mês a partir de uma parceria entre
Fiocruz e o consórcio BMK, que além de Blanver inclui a Microbiológica Química
e 2 Farmacêutica e a KB Consultoria, chegue ao mercado com preço bastante
inferior ao do produto de referência, o Sovaldi, também da Gilead. De acordo
com Frangioni, o foco da farmacêutica está cada vez mais orientado a
tratamentos para hepatite e Aids, mas uma nova área terapêutica começa a ser
explorada, a de oncologia. Nesse caso, a ideia é trabalhar por meio de
licenciamentos e não apenas PDPs, hoje a principal ferramenta da empresa.
Atualmente, são nove parcerias dessa natureza, contra quatro até o fim do ano
passado. Além disso, tem entre 10 e 12 produtos esperando por registro na
Anvisa.
Em 2017, a Blanver registrou
vendas de R$ 300 milhões. Para este ano, a projeção é de faturamento de R$ 350
milhões. Nos últimos anos, a farmacêutica alterou radicalmente seu perfil de
negócios e vendeu a operação de excipientes para a francesa Roquette, concentrando-se
na fabricação de medicamentos e princípios ativos (IFA). Com investimentos de
quase R$ 85 milhões, expandiu a capacidade da fábrica de Indaiatuba (SP),
voltada a insumos farmacêuticos, que atendem também a unidade de produção de
medicamentos em Taboão da Serra (SP).
Fonte: Valor Econômico
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