A meta é simplificar o
diagnóstico, ampliar a testagem e fortalecer o atendimento às hepatites virais.
Atualmente o tratamento disponível no SUS possibilita mais de 90% de chance de
cura
Um plano pactuado entre o
Ministério da Saúde, estados e municípios, pretende eliminar a hepatite C no
Brasil até 2030. A ideia é simplificar o diagnóstico, ampliar a testagem e
fortalecer o atendimento às hepatites virais. Atualmente, a hepatite C tem o
maior número de notificações dentre todas as hepatites. Em 2017, a taxa de
incidência foi de 11,9 casos por cada 100 mil habitantes. São mais de um milhão
de pessoas que tiveram contato com o vírus do tipo C, o que representa 0,71% da
população brasileira. Lançado nesta quarta-feira (04), o plano irá definir as
populações prioritárias para tratamento, além de avaliar a incorporação de
novas tecnologias.
A diretora do Departamento de
IST, HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken,
explica que o maior desafio do Plano é realizar a busca das pessoas que, ainda
que diagnosticadas não estão em tratamento e daquelas que ainda não foram
diagnosticadas. "A hepatite C é uma doença silenciosa. Muitas pessoas
estão com o vírus da hepatite C e não apresentam nenhum sintoma, então
diagnosticar e tratar essas pessoas da forma mais rápida possível é essencial
para a qualidade de vida dessas pessoas e também para a saúde pública”,
enfatizou a diretora.
Encontre, em anexo, a apresentação
completa e o boletim epidemiológico de hepatites virais 2018.
O tratamento, atualmente
disponível no SUS, possibilita em mais de 90% de chance de cura e é oferecido a
todos os pacientes com hepatite, independente do grau de lesão do fígado. Desde
2015, 76,5 mil pacientes foram tratados. Para atender as metas do novo plano, o
Ministério da Saúde está em processo de aquisição de 50 mil novos tratamentos.
O plano de eliminação está
alinhado com as metas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a meta é
tratar 19 mil pessoas este ano, e a partir de 2019, 50 mil pacientes por ano
até 2024. A partir de 2025, esse número passa a ser de 32 mil novos tratamentos
ao ano. Assim, espera-se reduzir em 65% a mortalidade por hepatite C até
2030.
Na área do diagnóstico foram notificadas 24,4 mil pessoas com hepatite C em 2017. Até 2030, a meta é ampliar o diagnóstico e tratamento para reduzir em 90% o número de novos casos. Para 2018, a meta é diagnosticar 30 mil pessoas em 2018 e, a partir de 2019, 40 mil ao ano até 2030. Para aumentar o diagnóstico, o Ministério da Saúde distribuiu 12 milhões de testes em 2017; destes, 9 milhões foram para hepatite C. A meta é testar para hepatite C 100% do público prioritário até 2030.
O Secretário da Vigilância em
Saúde, Osnei Okumoto, reforçou que, além da assistência, o Ministério da Saúde
está investindo também em comunicação para redes sociais. "A partir de
hoje estamos lançando nas redes sociais um vídeo com o chefe de cozinha
Henrique Fogaça, que esclarece dúvidas de prevenção sobre as hepatites de uma
forma geral. Assim, estaremos atingindo esse público jovem".
PANORAMA DAS HEPATITES
O Brasil registrou 40,1 mil
casos novos de hepatites virais em 2017. A hepatite A é comumente transmitida
por água e alimentos contaminados. O Boletim Epidemiológico do Ministério da
Saúde informa que os casos da doença mais que dobraram em homens de 20 a 39
anos. No estado de São Paulo o número saltou de 155 casos, em 2016, para 1.108
em 2017. Surtos recentes têm sido relatados pelas práticas sexuais, com
transmissão oral-anal, no estado. O município de São Paulo em 2017 notificou
786 casos dos quais 302 foram atribuídos a transmissão sexual.
A vacina para hepatite A está
disponível no SUS, sendo oferecida no Calendário Nacional de Vacinação para
crianças a partir de 15 meses a 5 anos de idade incompletos. Entretanto, no
estado de São Paulo, a vacinação está disponível também para homens que fazem
sexo com homens.
Em relação à hepatite B, os
últimos 10 anos apresentaram pouca variação. Foram 14,7 mil casos em 2016 e
13,4 mil em 2017. A transmissão se dá por sangue contaminado, sexo
desprotegido, compartilhamento de objetos perfurocortantes e por transmissão
vertical. A vacina para hepatite B está disponível no SUS para todas as
pessoas. Na criança, é dada em quatro doses, sendo a primeira ao nascer. Nos
adultos, que não se vacinaram na infância, são três doses. Em 2017, foram
distribuídas 18 milhões de vacinas para todo o país e atualmente, 31,1 mil
pacientes estão em tratamento para a doença.
A hepatite C acomete,
principalmente, os adultos acima de 40 anos. Foram notificados, desde o final
da década de 90, 331,8 mil pessoas com a doença. Foram 24,4 mil casos
registrados em 2017. O tratamento com os antivirais de ação direta, disponível
no SUS desde 2015, apresentam taxas de curas superiores a 90%. A doença é
transmitida por sangue contaminado, sexo desprotegido, compartilhamento de
objetos perfurocortantes.
Por Nivaldo Coelho, da Agência
Saúde
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