Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)*
Um fármaco para tratamento de
doenças inflamatórias pulmonares, como asma e doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC); uma técnica para personalizar a dose de antibióticos contra
tuberculose e hanseníase a partir de caraterísticas genéticas dos pacientes; um
método de biotecnologia que pode ser aplicado na produção de vacinas e em
testes de medicamentos; uma armadilha para capturar mosquitos transmissores de
doenças. Esta é a lista de invenções desenvolvidas por pesquisadores do
Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e parceiros que tiveram patentes
concedidas em 2021.
No mesmo ano, o IOC realizou
quatro depósitos de patentes de novas tecnologias, contemplando: dois kits de
diagnóstico, sendo um para detecção da Covid-19 e outro dos vírus HTLV; um novo
método para diagnosticar câncer de mama, próstata e ovário; e proteínas
destinadas ao tratamento da esclerose múltipla. A partir dos depósitos, fica
garantida a expectativa do direito de exploração das inovações, sendo
reconhecida a prioridade brasileira no seu desenvolvimento.
O registro de patente é um
caminho para transformar descobertas científicas em inovações ao alcance da
população. Ao conceder a patente, os órgãos responsáveis reconhecem que o
Instituto e seus parceiros inventaram uma nova tecnologia. Assim, é possível
desenvolver as inovações e disponibilizá-las para a sociedade, tendo em vista
os benefícios para a saúde pública. Os detentores da patente têm ainda o
direito de impedir que outros utilizem sua invenção sem consentimento.
Para garantir o reconhecimento
da propriedade intelectual das invenções desenvolvidas por seus cientistas, o
IOC conta com o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), vinculado à Plataforma de
Apoio à Pesquisa e Inovação (PAPI), que atua nos processos de patenteamento e
oferece as novas tecnologias para potenciais parceiros, internos ou externos,
visando seu desenvolvimento.
Saiba mais sobre as inovações
de 2021:
Medicamento para doenças
pulmonares
Pesquisadores do IOC e do Instituto de Tecnologia em Fármacos
(Farmanguinhos/Fiocruz), com parceria da Vice-Presidência de Produção e
Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz), desenvolveram um novo fármaco que pode ser
usado no tratamento e prevenção de doenças inflamatórias do pulmão, como asma e
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O medicamento tem como base
compostos derivados das substâncias bifeniloxi-alquil-aminas e
ariloxi-alquil-aminas. A patente da invenção foi concedida no Brasil e na
China. Anteriormente, o registro já tinha sido realizado em outros quatro
países: Canadá, Europa, Japão e México. Também está em tramitação nos Estados
Unidos.
Inventores: Marco Aurélio
Martins, chefe do Laboratório de Inflamação do IOC; Jorge Carlos Santos da
Costa, assessor técnico da VPPIS; Emerson Teixeira da Silva, pesquisador de
Farmanguinhos; Robson Xavier Faria, pesquisador do Laboratório de Avaliação e
Promoção da Saúde Ambiental do IOC; Marcus Vinícius Nora de Souza, pesquisador
do Farmanguinhos; e Magda Fraguas Serra, pós-doutoranda do Laboratório de
Inflamação do IOC.
Personalização de terapia
Um método para determinar a dose exata de antibióticos indicada para cada
paciente no tratamento da tuberculose ou hanseníase foi desenvolvido por
pesquisadores do IOC e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A
metodologia tem como base características genéticas individuais que influenciam
a atividade de uma enzima responsável pela metabolização de fármacos. A patente
da invenção foi concedida no Brasil e pode ajudar no estabelecimento de
terapias mais eficazes para as doenças.
Inventores: Antônio Basílio de
Miranda, pesquisador do Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas do
IOC; Adalberto Rezende Santos e Raquel Lima de Figueiredo Teixeira, pesquisadores
do Laboratório de Biologia Molecular Aplicada em Micobactérias do IOC; Philip
Noel Suffys, chefe do mesmo Laboratório; Afrânio Lineu Kritski e Fernanda
Carvalho de Queiroz Mello, professores da UFRJ.
Novas vacinas e testes de
medicamentos
Um método de biotecnologia desenvolvido por pesquisadoras do IOC teve a patente
concedida nos Estados Unidos. A técnica permite inserir um gene de outro
patógeno no genoma do vírus vacinal da febre amarela – uma versão atenuada do
microrganismo causador do agravo. Assim, cria-se um vírus recombinante
atenuado, que pode ser utilizado como um vetor para a expressão de proteínas de
outro microrganismo. Além de permitir o desenvolvimento de novas vacinas, a
metodologia pode ser utilizada para testes de fármacos contra diferentes
patógenos.
Inventores: Myrna Cristina
Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC, e
Noemia Santana Lima, doutora em Biologia Celular e Molecular pelo IOC
Armadilha para mosquitos
Com patente concedida no Brasil, a armadilha portátil para mosquitos já foi licenciada para uma empresa nacional para produção e
fornecimento . Desenvolvida por pesquisadores do IOC, a inovação
facilita a captura de vetores, especialmente dos mosquitos anofelinos,
transmissores da malária. Com eficácia comprovada em testes de campo, o
equipamento aumenta a segurança dos profissionais envolvidos na atividade,
impedindo que sejam picados pelos mosquitos capturados, que podem estar infectados.
Inventores: José Bento Pereira
Lima, chefe do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do
IOC, e Maria Goreti Rosa Freitas, pesquisadora do Laboratório de Mosquitos
Transmissores de Hematozoários do IOC.
Kit de diagnóstico para Covid-19
Um kit para detecção do novo coronavírus (SRAS-CoV-2) com
baixo custo e alta precisão foi desenvolvido por pesquisadores do IOC,
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Instituto Federal de Santa
Catarina (IFSC) em parceria com a empresa SPK Solutions. Baseado na
identificação do genoma do vírus, o teste pode ser realizado em unidades
básicas de saúde e fornece resultado em menos de uma hora. Com patente
requerida no Brasil, a invenção integra a Vitrine Tecnológica Covid-19 do IOC, que dá visibilidade às
inovações desenvolvidas para o enfrentamento da pandemia, facilitando o
estabelecimento de parcerias.
Inventores: André Nóbrega
Pitaluga, pesquisador do IOC; Luísa Damazio Rona Pitaluga, professora da UFSC;
Leandro de Medeiros Sebastião, professor do IFSC; Sabrina Fernandes Cardoso,
doutoranda da UFSC; Cláudia Toledo Dauden, empresa SPK Solutions.
Kit para diagnóstico dos vírus
HTLV
Pesquisadores do IOC, Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas), Fundação
Hemominas, Centro Universitário Faminas e Hospital Metropolitano Odilon Behrens
desenvolveram um kit para diagnóstico da infecção pelos vírus HTLV-1 e HTLV-2
com alta especificidade e baixo custo. Pessoas infectadas pelos patógenos
correm o risco de desenvolver diferentes tipos de câncer, como leucemia e
mielopatia, além de problemas inflamatórios. A patente da invenção foi
requerida junto ao sistema internacional de patentes, com prazo de 18 meses
para que os autores apontem os países em que desejam explorar a tecnologia.
Inventores: Olindo Assis
Martins-Filho, Andrea Teixeira de Carvalho, Vanessa Peruhype, Bruno Trindade e
Kelly Alves Bicalho Carvalho, pesquisadores da Fiocruz-Minas; Jordana Grazziela
Alves Coelho dos Reis e Luciene Pimenta de Paiva, pesquisadoras da
Fiocruz-Minas e do Hospital Metropolitano Odilon Behrens; Júlia Pereira
Martins, pesquisadora da Fiocruz-Minas e da Faminas; Ester Cerdeira Sabino,
professora da USP; Anna Bárbara de Freitas Carneiro Proietti, pesquisadora da
Hemoninas, e Luiz Carlos Alcântara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do
IOC.
Tratamento da esclerose
múltipla
Em busca de um tratamento para a esclerose múltipla, doença neurológica
autoimune que ainda não tem cura, pesquisadores do IOC, Fiocruz-Ceará e
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz)
desenvolveram moléculas chamadas de fragmentos de anticorpos monoclonais
(conhecidas pela sigla em inglês, scFv). Em fase de aprimoramento, a inovação
teve patente requerida junto ao sistema internacional de patentes, dando início
ao prazo de 18 meses para que o IOC indique os países onde pretende explorar a
tecnologia.
Inventores: Marco Alberto
Medeiros e Carolina Lessa Aquino, pesquisadores de Biomanguinhos; João Hermínio
Martins da Silva e Beatriz Chaves, pesquisadores da Fiocruz-Ceará; Ingo
Riederer, pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo do IOC; Vinicius
Cotta de Almeida, chefe do mesmo Laboratório, e Wilson Savino, pesquisador do
IOC e coordenador de Estratégias de Integração Regional e Nacional da Fiocruz.
Método para diagnóstico de
câncer
Pesquisadores do IOC desenvolveram um método para diagnóstico de câncer de
mama, próstata e ovário baseado em aptâmeros – moléculas formadas por ácidos
nucleicos que têm alta capacidade de se ligar a um alvo específico. A patente
da invenção foi requerida junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(INPI). Assim, os autores têm um prazo de 12 meses para determinar se será
possível estender a proteção da propriedade intelectual a outros territórios,
além do Brasil.
Inventores: Mariana Caldas
Waghabi e Aline dos Santos Moreira, pesquisadoras do Laboratório de Genômica
Funcional e Bioinformática do IOC, e Wim Maurits Degrave, chefe do mesmo
Laboratório.
* Edição: Vinicius Ferreira
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