Benedita: como a enfermidade acomete
entre 2% e 4% da população, as medidas não representarão impacto significativo
sobre o SUS.
A Comissão de Seguridade Social e
Família aprovou o projeto (PL 6858/13) que obriga
o Sistema Único de Saúde (SUS) a oferecer tratamento para pessoas com síndrome
de fibromialgia ou fadiga crônica. A doença causa dor difusa e crônica nos
músculos e ossos, mas a pessoa também pode apresentar fadiga, distúrbios do
sono, rigidez matinal e paralisia de extremidades, entre outros sintomas.
A proposta garante ao paciente atendimento
multidisciplinar com médicos, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas,
além de assegurar o acesso a exames, assistência farmacêutica e outras
terapias.
Favorável à matéria, a relatora,
deputada Benedita da Silva (PT-RJ), assinalou que a fibromialgia é uma síndrome
dolorosa extremamente incômoda para aqueles por ela acometidos. “Como não causa
alterações em exames complementares, de imagem ou laboratoriais, era comum que
os pacientes ficassem sem diagnóstico, ou pior, que fossem rotulados como
simuladores.”
Benedita ressaltou ainda que hoje
existem critérios clínicos para diagnosticar a fibromialgia de forma segura, e
medidas terapêuticas comprovadas. "No entanto, mais que em outros casos, o
tratamento adequado depende de abordagem multidisciplinar, incluindo, além de
medicamentos, exercícios físicos e apoio psicoterápico."
Ela lembrou que como a enfermidade
acomete somente entre 2% e 4% da população, as medidas não representarão
impacto significativo sobre o SUS, seja sob o aspecto financeiro seja sob o
aspecto de pessoal.
A autora do projeto, deputada Erika
Kokay (PT-DF), acredita que, além do reconhecimento da doença, a expansão desse
atendimento ao SUS possibilitará que o tratamento da síndrome possa, inclusive,
transformar-se em política pública de saúde. "Com essa política de
atendimento na saúde, no SUS, para as pessoas com fibromialgia, nós estamos,
primeiro, reconhecendo a doença, dando visibilidade a ela, possibilitando que
essas pessoas possam, enfim, resgatar suas vidas ou ter suas vidas de volta,
[por meio] desse atendimento multissetorial".
Doença frequente
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a fibromialgia é uma das doenças reumatológicas mais frequentes. Segundo a representante da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação do Distrito Federal (ABBR-DF), doutora Cláudia Barata Ribeiro, ainda há muito preconceito em torno da síndrome, que afeta principalmente mulheres - cerca de 90% dos diagnósticos. "Mais ou menos 50% dos pacientes que possuem fibromialgia possuem depressão. Não são todos que apresentam depressão. Muita gente tem fibromialgia e não tem depressão. Muita gente, hoje em dia, fala que isso é doença da cabeça, que não é uma patologia real, que isso não existe, é emocional. Não é emocional. Existem vários trabalhos científicos mostrando que o cérebro do paciente com fibromialgia é diferente de quem não a possui".
Quem sofre com as dores da doença
acredita que a mudança na legislação, além de ampliar o tratamento médico, fará
com que o tema seja mais debatido na sociedade. Essa é a opinião de Fernanda
Gotti, que também sofre com a depressão. "Quando vêm as crises, vem junto,
também, a depressão. Então, eu fico péssima, sinto dores. Eu tenho que tomar
muitos remédios. [Você] sente muita dor de cabeça, não consegue dormir, dói o
corpo, os tendões, o músculo, tudo dói".
Tramitação
O projeto segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em caráter conclusivo.
O projeto segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em caráter conclusivo.
Íntegra da proposta:
Reportagem - Thyago Marcel
- Edição – Regina Céli Assumpção
Agência
Câmara Notícias
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