Equipe trabalha em vacina
contra o ebola em Katongourou, Guiné. Foto: OMS/S. Hawkey
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) informou nesta sexta-feira (23) que os testes finais da vacina
experimental contra o ebola mostraram que o novo medicamento fornece “alta proteção” contra o vírus.
“A vacina, chamada de
rVSV-ZEBOV, é a primeira a agir para evitar a infecção de um dos patógenos mais
letais da atualidade. E as novas conclusões adicionaram um peso aos resultados
iniciais publicados no ano passado”, disse a OMS em comunicado à imprensa.
De acordo com a agência da
ONU, os testes do remédio envolveram quase 12 mil pessoas na Guiné, em 2015.
Dos quase 6 mil que receberam o medicamento, nenhum caso de ebola foi
registrado dez dias ou mais depois da vacinação. Em comparação, entre a outra
metade que recebeu um placebo em vez do medicamento, foram registrados 23 casos
da doença.
“Embora esses resultados
convincentes cheguem tarde demais para aqueles que perderam a vida durante a
epidemia do ebola na África Ocidental, eles mostram que quando o próximo surto
do ebola ocorrer, nós não estaremos mais indefesos”, disse a diretora-geral
assistente da OMS, Marie-Paule Kieny.
Para a coordenadora da
resposta ao ebola e diretora da Agência Nacional de Saúde da Guiné, KeÏta
Sakoba, a doença deixou um legado devastador no país. “Estamos orgulhosos por
podermos contribuir com o desenvolvimento de uma vacina que impeça outras
nações de passar pelo que passamos”, disse.
Segundo a OMS, a epidemia na
África Ocidental entre 2013-2016, que causou a morte de mais de 11,3 mil
pessoas, acabou sinalizando a necessidade de uma vacina. A Guiné, a Libéria e a
Serra Leoa foram os países mais afetados durante o surto.
Os testes ocorreram na região
costeira da Guiné, em Basse-Guiné, área que ainda registrava casos da doença em
2015. Os especialistas usaram uma estratégia chamada “anel de vacinação”, que
foi a mesma usada pelos cientistas para erradicar a varíola.
Quando um novo caso da doença
era diagnosticado, a equipe de pesquisadores identificava todas as pessoas que
tiveram contato com o paciente nas últimas três semanas, tempo médio de
incubação do vírus.
Além de mostrarem alta
eficiência entre os vacinados, os testes também demonstraram que as pessoas não
vacinadas nos anéis foram indiretamente protegidas contra o vírus através da
abordagem de vacinação. No entanto, os cientistas apontaram que os testes não
foram projetados para medir esse efeito, e por isso mais investigação é
necessária.
“Este ensaio histórico e
inovador foi possível graças a uma coordenação e colaboração internacional
exemplar, com a contribuição de muitos especialistas do mundo todo e com forte
envolvimento local”, disse o diretor especialista do Instituto Norueguês de
Saúde Pública e presidente do grupo de direção do estudo, Dr. John-Arne
Røttingen.
Em janeiro, a Aliança Gavi
forneceu 5 milhões de dólares à companhia farmacêutica Merck para contratos
futuros quando a vacina estiver aprovada, pré-qualificada e recomendada pela
OMS.
Como parte do acordo, a Merck
se comprometeu a disponibilizar 300 mil doses da vacina para uso de emergência
e submeter o medicamento para licenciamento até o final de 2017.
ONU
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