Documento orienta
profissionais de saúde sobre casos graves, cuidados com as gestantes,
medicamentos recomendados, exames necessários, tratamento e as ações de
vigilância
O Ministério da Saúde publicou
nesta sexta-feira (23/12) um guia clínico para o manejo da chinkungunya. O
documento traz orientações para casos graves, os cuidados com as gestantes,
medicamentos recomendados, exames necessários, bem como o tratamento e as ações
de vigilância para a doença. O guia serve de base de consulta para
profissionais de saúde para a avaliação dos casos no país e aborda as três
fases de evolução da doença: aguda, subaguda e crônica, além da forma de
intervenção para cada uma.
“O Governo Federal tem feito
um grande esforço para combater o mosquito Aedes aegypti e melhorar o
atendimento à população. Como chikungunya é uma doença nova, é fundamental esse
aprimoramento das informações e, consequentemente, a capacitação dos
profissionais para permitir uma assistência mais qualificada às pessoas que
apresentarem consequências dessa infecção”, destacou o ministro da Saúde,
Ricardo Barros.
O novo manual incorpora a
experiência dos profissionais de saúde brasileiros desde a publicação do
primeiro guia no início de 2015. Com o documento atual é possível diferenciar
com mais precisão um caso de chinkungunya de outros agravos suspeitos e, com
isto, iniciar imediatamente o tratamento correto. Outro destaque é o manejo
terapêutico da dor, que informa quais medicamentos são mais indicados em cada
condição clinica e os cuidados a serem adotados de acordo com a situação
clínica do paciente.
FASES DA DOENÇA – A
doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. Após o período de
incubação, inicia-se a fase aguda ou febril, que dura até o décimo dia. Alguns
pacientes evoluem com persistência das dores articulares após a fase aguda,
caracterizando o início da fase subaguda, com duração de até três meses.
Quando a duração dos sintomas
persiste além dos três meses atinge a fase crônica. Nestas fases, algumas
manifestações clínicas podem variar de acordo com o sexo e a idade. Exantema,
vômitos, sangramento e úlceras orais parecem estar mais associados ao sexo
feminino. Dor articular, edema e maior duração da febre são mais prevalentes
quanto maior a idade do paciente.
MEDICAMENTOS – Em
relação aos medicamentos, até o momento, não há tratamento antiviral específico
para chikungunya. A terapia utilizada é de suporte sintomático, hidratação e
repouso. Os anti-inflamatórios não esteróides (ibuprofeno, naproxeno,
diclofenaco, nimesulida, ácido acetilsalicílico, associações, entre outros) não
devem ser utilizados na fase aguda da doença, devido ao risco de complicações
renais e de sangramento aumentado desses pacientes.
A aspirina e os
corticosteroides também são contraindicados na fase aguda pelo risco de síndrome
de Reye e de sangramentos. Para as dores, o documento recomenda 14 medicamentos
para os diferentes tipos, desde as mais leves até as mais intensas,
persistentes ou incapacitantes.
NOTIFICAÇÃO – O
novo guia também traz orientações sobre a notificação de casos e óbitos. Todo
caso suspeito de chikungunya deve ser notificado ao serviço de vigilância
epidemiológica, conforme fluxo estabelecido em cada município. Já os óbitos
suspeitos são de notificação imediata. Os profissionais devem comunicar às
Secretarias Municipais de Saúde em até, no máximo, 24 horas.
OPAS – A
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) também publicou nesta semana um novo
guia para diagnóstico e assistência ao paciente com suspeita de arboviroses
voltado para as Américas. O documento, que está disponível na páginada organização para consulta e download, contém as recomendações
para o manejo adequado e diferenciação das três doenças (dengue, chikungunya e
zika), assim como os elementos necessários para a confirmação diagnóstica. A
publicação é fruto de trabalho colaborativo de especialistas, entre eles, o
professor brasileiro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Kleber Luz. O trabalho teve início em janeiro de 2016, conduzido pela
Organização Pan-Americana da Saúde.
Para atualizar os
profissionais de saúde das novas diretrizes, o Ministério da Saúde realizará
capacitação sobre manejo clínico das arboviroses nos estados mais afetados, a
partir de janeiro de 2017. A capacitação tem o apoio da OPAS/OMS e contará com
a participação de especialistas internacionais.
CHIKUNGUNYA – A
chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), da família
Togaviridae e do gênero Alphavirus. Estudos mostram que a maioria dos
indivíduos infectados pelo vírus, cerca de 70%, desenvolve sintomas da doença.
O percentual é significativo quando comparado às demais arboviroses. A doença
persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas.
A transmissão se dá através da
picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
albopictus infectadas pelo CHIKV. Casos de transmissão vertical podem
ocorrer e, muitas vezes, provocam infecção neonatal grave. Pode ocorrer também
transmissão por via transfusional, considerada rara de acordo com protocolos
analisados.
Os sinais e sintomas são
clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início agudo, dores articulares
e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação
clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes
podem estar acompanhadas de inchaço.
CASOS – No
Brasil, a transmissão autóctone foi confirmada no segundo semestre de 2014,
inicialmente nos estados do Amapá e da Bahia. Atualmente, todos os estados
possuem registro de casos autóctones. Poucos estados vivenciaram
epidemias por chikungunya até o momento, no entanto, a alta densidade do vetor,
a presença de indivíduos suscetíveis e a intensa circulação de pessoas em áreas
endêmicas contribuem para a possibilidade de epidemias em todas as regiões do
Brasil.
Foram notificados, até 10 de
dezembro, 263.598 casos prováveis. Neste ano, foram registrados 159 óbitos pela
doença, nos estados de Pernambuco (54), Paraíba (32), Rio Grande do Norte (25),
Ceará (21), Rio de Janeiro (9), Alagoas (6), Bahia (4), Maranhão (5), Piauí
(1), Sergipe (1) e Distrito Federal (1). Os óbitos estão sendo investigados
pelos estados e municípios, para que seja possível determinar se há outros
fatores associados com a febre, como doenças prévias, comorbidades, uso de
medicamentos, entre outros.
Por Nivaldo Coelho, da
Agência Saúde
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