Por razões operacionais, não
haverá necessidade de comprovação de que o dinheiro será usado para o pagamento
de dívidas
O governo anunciará na
quinta-feira a liberação de saque do FGTS para os trabalhadores que têm conta
inativa. A medida tem potencial de liberar R$ 30 bilhões no mercado. O valor a
ser autorizado ainda está em discussão. As alternativas sobre a mesa são R$ 1
mil e R$ 1,5 mil.
A ideia é liberar recursos das
contas inativas, ou seja, para o trabalhador que mudou de emprego por vontade
própria e não foi demitido. Como não houve demissão, esse dinheiro fica preso
numa conta e não há nenhuma alternativa para o saque.
— É a pessoa mais prejudicada
pela sistemática do FGTS, que fica com o dinheiro mais retido por mais tempo —
explicou uma fonte do governo.
— O diferencial de juros que
ele paga no mercado e o que ele tem de remuneração do FGTS dura por mais tempo
— acrescentou.
O dinheiro do FGTS é corrigido
por TR mais 3% ao ano, valor muito abaixo das remunerações mais conservadoras
de aplicações financeiras disponíveis no mercado.
Por razões operacionais, não
haverá necessidade de comprovação de que o dinheiro será usado para o pagamento
de dívidas. As contas inativas têm hoje cerca de R$ 40 bilhões, mas a avaliação
é de que nem todos os trabalhadores vão retirar o dinheiro.
Segundo apurou a Agência
Estado, o presidente Michel Temer está convencido da importância da medida. Na
avaliação do presidente, é um penalidade muito grande para o trabalhador ficar
com o dinheiro dele retido, principalmente num situação agora em que o consumo
está muito fraco e as pessoas físicas estão pagando a suas dívidas. A liberação
do FGTS será incluída em MP a ser editada com as medidas anunciadas na semana
passada.
Funding
A avaliação do governo é de
que a liberação de recursos de contas inativas do FGTS não vai prejudicar o
"funding" do fundo para a construção civil.
Ao longo da semana, o governo
mostrou para os dirigentes da Câmara da Indústria da Construção Civil (CBIC)
que não vai faltar dinheiro do FGTS para o setor. A liquidez do fundo é superior
em R$ 130 bilhões, segundo fontes.
— Eles (a CBIC) se
acalmaram — disse uma fonte do governo.
Para o governo, a medida vai
ajudar os trabalhadores a quitarem dívidas bancárias. O valor que as pessoas
físicas têm de inadimplência nos bancos é de aproximadamente R$ 75
bilhões.
— Ajuda a diminuir o índice de
inadimplência — disse.
*Estadão Conteúdo
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