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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Antidepressivos, Especialistas expõem visões distintas sobre uso

Na audiência, foram discutidas formas de prevenir e tratar a depressão

Psicólogos e psiquiatras divergiram, em audiência na Câmara, sobre o uso adequado de antidepressivos.

O assunto foi  discutido na Comissão de Seguridade Social e Família nesta quinta-feira ( 8), a pedido do deputado Flavinho (PSB-SP).

O deputado defende projeto (PL 1938/15) que cria a Semana Nacional de Luta e Conscientização sobre a Depressão, nos dias seguintes a 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental. 

Para Flavinho, o número de casos de depressão no País justifica a proposta como forma de alerta à população. 

No Brasil, já são 11,5 milhões de pessoas que sofrem da doença e, segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de casos cresceu em torno de 18% nos últimos dez anos.

Pressões diárias 
A representante do Conselho Federal de Psicologia, Rosane Granzotto, atribui esse aumento ao contexto socioeconômico atual, com mais competitividade e exigências no trabalho; consumismo exacerbado; cobranças por um corpo perfeito e jovem; e também ao aumento das relações virtuais em vez do contato interpessoal.

Todos esses fatores, segundo a psicóloga, provocam ansiedade, fragilidade e frustração e podem levar à depressão.

Rosane Granzotto alertou, entretanto, para o fenômeno da "medicalização da vida", pelo qual o uso excessivo de antidepressivos leva à banalização desses remédios no enfrentamento de questões às vezes rotineiras. O caminho ideal, segundo ela, seria a ajuda profissional interdisciplinar.

"Nós não aceitamos que a leitura de uma configuração clínica seja exclusivamente biológica, porque sabemos que as relações imprimem uma forma de comportamento que se perpetua pela vida; então, não podemos deixar de considerar os laços afetivos, a forma com que esse ser vem ao mundo e como ele é acolhido, ou como ele é abandonado, violentado, como recebe amor, enfim, tudo isso vai configurar sua saúde mental."

Preconceito 
Já o representante da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, disse que, por desconhecimento, o psiquiatra ainda enfrenta muito preconceito. A depressão, explicou ele, apresenta um conjunto de sintomas e deve, sim, ser tratada por uma equipe multidisciplinar.  Ele advertiu, porém, sobre o risco de suicídio no caso de depressão grave. No Brasil, já há 33 suicídios por dia.

"Depressão leve pode ser tratada só com psicoterapia, atividades físicas e tudo mais. Agora, depressão leve para moderada, moderada, moderada para grave e depressão grave você não tem como não tratar adequadamente, e isso inclui o uso de antidepressivo”, disse o médico. 

Segundo ele, é preciso responsabilizar aqueles que evitam ou não tratam as pessoas que têm depressão e que chegam ao suicídio. “Desses suicídios que estamos tendo no País, muitos poderiam ter sido evitados se houvesse diagnóstico precoce ou se não negassem que a doença existe."

Parceria 
Coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro disse que a gravidade do problema é reconhecida pelos órgãos oficiais
Ele anunciou que o ministério, por meio de um acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), vai oferecer, em até dois anos, uma linha telefônica gratuita para o serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio. Hoje, no serviço prestado voluntariamente pelo CVV, a ligação é paga.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:
PL-1938/2015

Reportagem - Geórgia Moraes, Foto - Luis Macedo, Edição - Rosalva Nunes, Agência Câmara Notícias


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