Vacinas para pobres e ricos
Por que as vacinas funcionam melhor em algumas partes do mundo do
que em outras?
Esta é uma questão que vem desafiando cientistas e
médicos há anos - especialmente aqueles que se decepcionam com os efeitos das
vacinas nos climas tropicais e nas regiões mais pobres do mundo.
O Dr. Tim Schacker, da Universidade de Minnesota
(EUA), acaba de encontrar uma pista importante para esclarecer por que mesmas
vacinas que funcionam bem nos países desenvolvidos são menos eficazes quando
são administradas no mundo em desenvolvimento.
A equipe descobriu que a culpa pode ser de doenças
comuns nas partes mais pobres do mundo. Ocorre que doenças como malária, tuberculose e infecções causadas por parasitas
danificam estruturas dos nodos linfáticos - ou linfonodos - que são cruciais
para o desenvolvimento da imunidade gerada por uma vacina.
Em outras palavras, ter certas doenças afeta a
capacidade do organismo de gerar a proteção imunológica induzida por uma
vacina.
Doenças atrapalham eficácia das vacinas
Para chegar a essa conclusão, a equipe avaliou
grupos de pessoas nos Estados Unidos e em Uganda, na África. Eles constataram
que os ugandenses têm níveis significativamente mais altos de inflamação em
seus corpos e um suprimento deficiente de células T protetoras em seus sistemas imunológicos. Seus linfonodos secundários, onde ocorrem
as respostas vacinais, apresentam fibrose ou espessamento e cicatrização da
inflamação.
Com essa evidência em mãos, os pesquisadores
analisaram se tais diferenças seriam capazes de impedir a resposta dos
ugandeses às vacinas. Para isso, os voluntários tomaram uma vacina contra
a febre amarela e foram monitorados por 60 semanas, para
verificar se suas anormalidades nos nodos linfáticos estariam associadas à
disfunção imunológica.
"Nós demonstramos que o grau em que esses
tecidos foram danificados pela inflamação está significativamente associado com
a resposta à vacina," disse o Dr. Schacker. "Isso sugere que
infecções comuns no mundo em desenvolvimento podem ser um importante fator
limitante no desenvolvimento da resposta imune a uma vacina."
"Nós acreditamos que esses dados têm
implicações importantes sobre como as vacinas são projetadas e testadas para
infecções que causam grande impacto no mundo em desenvolvimento. Isso é
especialmente verdadeiro para as vacinas contra o HIV, malária e tuberculose -
que são responsáveis pelo maior número de mortes," finalizou o
pesquisador.
O estudo foi publicado no Journal of
Clinical Investigation.
Redação do Diário da Saúde, Imagem: Heidi J. Larson
et al. - 10.1016/j.ebiom.2016.08.042
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