O professor Bruno
Campos Janegitz, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
conquistou menção honrosa na 13ª edição do prêmio Mercosul de Ciência e
Tecnologia pelo desenvolvimento de um sensor eletroquímico de DNA que detecta a
predisposição genética ao câncer de mama.
Com o tema “Tecnologias para a
Economia do Conhecimento”, o prêmio é uma parceria da Unesco e o Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) com a participação de
pesquisadores da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai,
Peru, Uruguai e Venezuela.
“O prêmio é um incentivo e
também uma oportunidade para alguma empresa mostrar interesse em investir no
desenvolvimento do produto. Com testes clínicos e mais pesquisa, futuramente
poderemos ter um dispositivo que detecta a predisposição de um tipo de câncer
de mama a partir de um teste de saliva ou sangue, que acreditamos teria o custo
de R$ 70 a R$ 80, algo bastante viável e que poderia salvar muitas vidas”,
disse Janegitz, que é coordenador do Laboratório de Sensores, Nanomedicina e
Materiais Nanoestruturados (LSNano) na Universidade Federal de São Carlos,
campus Araras.
O sensor eletroquímico de DNA
detecta mutações no gene BRCA1, que estão associadas aos tumores de mama
triplo-negativos. Esse tipo de câncer ficou conhecido mundialmente em 2013,
quando a atriz norte-americana Angelina Jolie se submeteu a duas mastectomias
após ter descoberto, a partir de um exame com base no sequenciamento genético,
que teria risco de 87% de desenvolver a doença.
Janegitz explica que o trabalho
premiado também foi tema da dissertação de mestrado em Física Biomolecular de
Laís Ribovski, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São
Paulo (IFSC-USP), sob sua orientação.
O dispositivo, patenteado pela
USP, foi testado com material genético sintético a partir de métodos
eletroquímicos. Para obter o diagnóstico de predisposição da doença, o bastão
de polímero com um condutor elétrico interno é posto em contato com uma amostra
sintética do código genético.
“O que fazemos é pegar parte
desse DNA e colocar em contato com o eletrodo. Caso haja a mutação em BRCA1,
por exemplo, as bases nitrogenadas vão formar dupla hélice com o eletrodo.
Porém, se não houver, não vai dar sinal, não vai ocorrer a formação clássica de
dupla hélice do DNA. Assim é possível identificar a predisposição para a doença
a partir de diferentes sinais eletroquímicos”, disse Janegitz à Agência
FAPESP.
O pesquisador ressalta, no
entanto, que o teste indica predisposição, não a ocorrência da doença.
“Conseguimos identificar se há a alteração genética, se tem o genótipo. O
grande diferencial desse teste é ele ser muito mais barato e consequentemente
mais abrangente que o método tradicional por sequenciamento genético do
paciente”, disse.
Maria Fernanda Ziegler
| Agência FAPESP
0 comentários:
Postar um comentário