Em esforço para evitar a abertura de
um processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff determinou aos
ministros responsáveis pela articulação política que entreguem cargos no
segundo e terceiro escalões aos partidos aliados, ainda que isso implique em
mais sacrifício ao PT, que já perdeu espaço nos ministérios. As negociações
serão conduzidas pelo ministro Jaques Wagner, novo titular da Casa Civil.
O governo tem pressa para sinalizar
aos aliados que todos os compromissos assumidos durante a negociação da reforma
ministerial serão cumpridos. "O PT vai ter de entender o momento grave e a
necessidade de governar em parceria, repartindo espaço com os demais partidos
da base aliada", diz um dos interlocutores da presidente. Segundo ele,
Dilma avisou que todos os ministros têm de reservar horários em suas agendas
para atender os parlamentares.
O PDT, por exemplo, que assumiu o
Ministério das Comunicações, já avisou que vai trocar o presidente dos
Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, com aval do Planalto. O mesmo se
repetirá no Ministério da Saúde, que saiu das mãos do petista Arthur Chioro e
foi para as do peemedebista Marcelo Castro.
"Na Saúde, nem a secretária
executiva do ministro Chioro atendia os parlamentes, fosse recomendado por quem
fosse", lembrou um interlocutor do Planalto. Apesar da resistência do PT,
o PMDB já colocou seus "tanques" nos corredores para abrir passagem e
vários secretários já estão desocupando suas salas.
A promessa é que muitos outros
entraves sejam solucionados. O PTB, por exemplo, reclama que não conseguiu
ocupar os cargos prometidos no Incra e da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab). Aguardam ainda a liberação da Superintendência de Seguros Privados
(Susep), da Casa da Moeda e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). O PRB,
partido que ocupa o Ministério dos Esportes, com George Hilton, ameaça se
rebelar se o PC do B não abrir espaço nos segundo e terceiros escalões para que
o seu partido ocupe o espaço.
Da mesma forma, o PP se queixa de que
não conseguiu assumir ainda o Ministério da Integração. E o PSD, por sua vez,
reclama que as Cidades não foram entregues a eles, de fato, apesar de Gilberto
Kassab estar no posto desde janeiro. Até nomeações para as quais havia acordo
político, como do Banco da Amazônia (Basa) e Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa), estão paradas, assim como algumas vice-presidências da Caixa
Econômica Federal.
(Com Estadão Conteúdo)
0 comentários:
Postar um comentário