Luiz está há quase nove meses
com a doença. Ele acredita que quanto mais pessoas souberem do seu caso, maior
será o cuidado para não contrair a chikungunya.
Você
provavelmente já deve ter ouvido falar da dengue, zika e chikungunya, e que é
preciso se prevenir contra elas, eliminando o mosquito transmissor: o Aedes
aegypti. Mas muitas vezes também é comum pensarmos que nunca vai acontecer
conosco, que estamos imunes, ou que no nosso bairro não há esse tipo de
problema. Mas nem sempre temos o controle disso. E só olhar para a nossa casa,
ou bairro, não é o suficiente. Isso porque mesmo estando atento ao nosso
espaço, outros ambientes também são propícios para a proliferação. Foi
exatamente assim que começou a história de Luiz Henrique de Abreu, de Belo
Horizonte, que há oito meses vive com chikungunya.
O
psicólogo de 58 anos sempre acompanhava as movimentações de combate ao mosquito
na capital mineira, principalmente no começo do ano, quando os problemas com as
doenças se agravaram. “Eu fiquei preocupado porque ao lado de onde eu moro
começou a construção de um prédio. Estava correndo água embaixo da laje onde a
gente não via, porque o terreno é fechado, então acabou acumulando água dessa
obra e algumas pessoas acabaram infectadas. Foram duas com dengue e eu fui
sorteado com a chikungunya”, conta Luiz.
Apesar
de não se ouvir muitos relatos sobre essa doença, e ouvir muito mais sobre a
dengue, é muito importante prestar atenção aos sintomas, que acabam debilitando
o paciente, como relata Luiz. “Eu fazia atividades físicas, e tive que parar de
fazer tudo. Não tinha condições, e não entendia exatamente o que estava
acontecendo, porque as coisas estavam complicando. Eu não tinha condição e
disposição porque a gente acaba fazendo tanto esforço para conseguir fazer as
coisas que acaba ficando cansado e eu deitava para recuperar as energias e às
vezes ficava horas deitado”.
Nos
primeiros dias de sintomas, os sinais eram parecidos com os de uma gripe, como
dor pelo corpo, cansaço e fraqueza, mas alguns dias depois, tudo se agravou. O
braço ficou paralisado por conta de uma dor forte a cima do cotovelo, que foi
se estendendo para o resto dos membros inferiores e superiores. As dores
impossibilitavam até mesmo realizar o menor esforço, como beber uma água, ou
tomar um banho. Os pés e as mãos ficaram inchados e dores muito fortes nas
articulações comprometiam movimentos de apoio para levantar da cama, ou
caminhar. “Meu mundo em quase cinco meses ficou resumido ao meu apartamento, e
tinha dias eu achava que ia acabar ficando quase que resumida ao quarto”.
Inicialmente,
o diagnóstico de Luiz era dengue, mas o vírus não era detectado em exames, o
que intrigou os médicos de Belo Horizonte. “Eu tomava quase dois vidros de
remédio para dor e simplesmente não resolvia nada. Não conseguia dormir, e as
dores iam ficando cada vez mais fortes”. Foi somente dois meses depois que
finalmente a doença se confirmou: era chikungunya. Atualmente o tratamento é
feito com um reumatologista, por conta da semelhança de sintomas, mas Luiz
chegou a ir a neurocirurgiões, ortopedistas, clínicos, infectologistas e
oftalmologistas. “Eu penso que se fosse reumatismo eu já teria resultados
melhores. Eu não posso dizer que não esta ajudando, tenho conseguido me mexer
mais, e esses remédios tem me ajudado um pouco. Mas ainda são tentativas”,
lembra Luiz.
Mas
apesar de uma leve melhora no quadro, se engana quem pensa que a chikungunya
não tem mais preocupado a cabeça dele. “Segundo a medicina o vírus pode
permanecer aí por anos. Isso me preocupa. Apesar de eu estar melhorando, eu não
estou normal, e ainda tem limitações que complica um pouco a minha vida normal.
É uma coisa muito maluca”. Um dos fatores que podem ter ajudado Luiz na
recuperação da doença é a vida ativa e saudável levada por ele antes de tudo
acontecer. Aos 58 anos, praticava atividades físicas regularmente e se
alimentava de maneira saudável. Não possuía diabetes e pressão alta.
No
início do mês de dezembro, o mineiro completa nove meses com a doença, e lembra
às pessoas que a chikungunya é uma doença grave, com sintomas debilitantes, e
que a falta de preocupação das pessoas em relação a ela é uma das coisas que
mais preocupa. “Todas as pessoas que eu encontro eu falo pra se cuidar ou se
prevenir, cuidar do espaço, usar os repelentes, porque o que eu passei pode ser
que você tenha e se recupere em duas semanas, mas pode ser que a coisa fique
como ficou comigo.” E a mensagem final, é sempre de ajudar a evitar que isso
aconteça com os outros. “Eu me preocupo com as pessoas, então queria que elas
soubessem e se preocupassem”.
Aline Czezacki, para o Blog daSaúde


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