Lucio Bernardo Junior/Câmara dos
Deputados
CPI dos Maus-Tratos a Animais debateu formas de combater a doença sem o
sacrifício de cães infectados
O relator da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos a Animais, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), disse
que será necessário ouvir o ministro da Saúde, Arthur Chioro, para que ele
explique como o ministério vem combatendo a incidência da leishmaniose visceral
no País.
A CPI fez uma audiência pública nesta
quinta-feira (3) para discutir formas de combater a doença sem precisar
condenar cães infectados à morte.
Os cachorros não transmitem
leishmaniose. Eles servem apenas de depósito para o protozoário que é
transmitido por um mosquito.
Segundo o veterinário André Luís
Soares, que é integrante da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), o País é o único do mundo que autoriza a eutanásia de animais
como forma de controle da leishmaniose, o que, segundo ele, não é eficaz.
Falhas em exames
A mesma opinião tem o veterinário Paulo César Tabanez, do Grupo de Estudos sobre Leishmaniose Animal, que afirmou que os exames sorológicos podem apresentar falhas. Ele citou um inquérito sorológico realizado pelo governo em Belo Horizonte: de 400 mil animais testados, quase 13 mil apresentaram reagentes, mas não estavam infectados; e 2 mil deram resultados negativos, mas estavam infectados.
A mesma opinião tem o veterinário Paulo César Tabanez, do Grupo de Estudos sobre Leishmaniose Animal, que afirmou que os exames sorológicos podem apresentar falhas. Ele citou um inquérito sorológico realizado pelo governo em Belo Horizonte: de 400 mil animais testados, quase 13 mil apresentaram reagentes, mas não estavam infectados; e 2 mil deram resultados negativos, mas estavam infectados.
Tabanez criticou a eutanásia.
"Certamente nós temos muitos animais sacrificados, eutanasiados nesse
processo de canicídeo com exames inadequados ou com uma condução
inadequada."
Segundo ele, outras políticas
públicas podem ser tomadas, como o uso de repelentes, vacinação individual,
educação em saúde e educação ambiental.
Risco à saúde humana
Já o representante do Ministério da Saúde na audiência, Renato Vieira, afirmou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) permite que as medidas de controle sejam adequadas à realidade local.
Já o representante do Ministério da Saúde na audiência, Renato Vieira, afirmou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) permite que as medidas de controle sejam adequadas à realidade local.
"Manter um animal infectado em
determinado ambiente é um risco à saúde dos seres humanos como até dos outros
animais. Manter um animal simplesmente ali não é possível. O tratamento desse
caso é um aspecto muito delicado”, disse Vieira.
“O entendimento é que esse animal não
pode permanecer nesse ambiente sem a adoção de estratégia nenhuma. A
alternativa seria ou a eliminação ou o tratamento. E o tratamento é um tema
extremamente complexo", afirmou.
Inseticida e coleiras
Além da eutanásia, há outras medidas de controle. Em 2013, por exemplo, 213 mil imóveis pelo País receberam inseticida contra o mosquito que transmite a doença.
Além da eutanásia, há outras medidas de controle. Em 2013, por exemplo, 213 mil imóveis pelo País receberam inseticida contra o mosquito que transmite a doença.
Outra medida é o uso de coleiras com
deltametrina, o inseticida que combate o mosquito. Atualmente, 313 mil coleiras
estão sendo testadas em cães de 13 municípios de oito estados. Até o final do
ano, devem sair os resultados dos testes, que podem possibilitar a aplicação de
coleiras.
O Brasil teve 3.453 casos da doença
no ano passado, 58% no Nordeste, onde a doença é conhecida como calazar. Quatro
em cada dez vítimas são crianças de até 9 anos de idade. O índice de
mortalidade é baixo, 7 em cada 100 infectados morrem.
Segundo o Ministério da Saúde, 4.280
municípios não tiveram registros de casos de leishmaniose. Eles representam
76,8% dos munícipios brasileiros. Outros 1.035 tiveram casos esporádicos e 2,7%
(150 municípios) tiveram casos intensos.
Explicações do ministro
A audiência com o ministro da Saúde está marcada para 22 de setembro. O relator, Ricardo Tripoli, afirmou que, se o ministro não comparecer à CPI, ele poderá ser convocado. “Se ele não vier, nós vamos convocá-lo, porque não há sentido o ministro não comparecer a uma audiência com a preocupação que nós temos”, declarou.
A audiência com o ministro da Saúde está marcada para 22 de setembro. O relator, Ricardo Tripoli, afirmou que, se o ministro não comparecer à CPI, ele poderá ser convocado. “Se ele não vier, nós vamos convocá-lo, porque não há sentido o ministro não comparecer a uma audiência com a preocupação que nós temos”, declarou.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli
Agência Câmara Notícias
0 comentários:
Postar um comentário