O Brasil vai
passar a fazer compra conjunta de medicamentos com países do Mercosul. A
estratégia, formalizada em um acordo assinado nesta sexta-feira, 11, em
Montevidéu, no Uruguai, tem como objetivo reduzir o preço de remédios de alto
custo que são usados em países do bloco. A primeira negociação começa no próximo
mês, com quatro medicamentos: três indicados no tratamento de hepatite C e um
para pacientes com HIV. A expectativa é de que a aquisição seja feita já em
dezembro.
“A
centralização de compras no território brasileiro trouxe economia de até 70% em
alguns produtos. Esperamos que, com a ampliação dessa estratégia, os benefícios
sejam alcançados também pelos demais países do bloco”, afirmou o secretário de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Adriano
Massuda. Desde 2010, a compra de medicamentos classificados como estratégicos
passou a ser feita pelo governo federal. Até então, muitos produtos eram
adquiridos por governos estaduais ou municipais, separadamente. A mudança
trouxe uma redução do preço final. “Quando compramos uma quantidade maior, o
poder de negociação é reforçado. E os preços caem.”
A ideia é
estender para medicamentos de alto custo, como os usados para pacientes com
câncer, aids e doenças raras, um mecanismo de compra já usado com sucesso para
a aquisição de vacinas. Atualmente, parte dos imunizantes é adquirida por meio
do Fundo Rotatório, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). No caso dos
medicamentos, a Opas também ficaria encarregada da compra, mas por meio de
outro braço da organização, o Fundo Estratégico. “Países integrantes repassam
os recursos para a Opas, que se encarrega da compra”, contou o secretário.
Massuda
acredita que o novo formato não deva provocar resistência de indústrias
farmacêuticas. “Há uma perspectiva para elas de ampliação de mercado”, avaliou.
“E, para países envolvidos, uma redução de preços, algo que acaba ampliando o
acesso da população aos produtos”, completou. Os quantitativos serão definidos
governo a governo.
A estratégia
deverá ser estendida em 2016 para outros medicamentos. O acordo assinado nesta
sexta por Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Venezuela, Chile, Equador e
Suriname, prevê também a adoção de um banco de preços, com detalhes sobre as
compras de medicamentos feitas pelos Ministérios da Saúde da América do Sul.
12/09/2015 - O
Estado de S.Paulo
Jornalista: Lígia Formenti
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