Publicado em 17/01/2022 -
11:55 Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, alertou hoje (17) para a necessidade de estados e municípios
reforçarem a atenção nos procedimentos para a imunização da população contra a
covid-19, especialmente crianças e adolescentes.
O alerta foi feito após o
episódio ocorrido no município paraibano de Lucena, na grande João Pessoa, onde
cerca de 40 crianças foram vacinadas equivocadamente com imunizantes para
adultos. Além disso, também foram usadas vacinas fora do prazo de validade.
“Nós, do Ministério da Saúde,
temos alertado acerca das questões relativas à segurança. Muitas vezes quando
damos os alertas, muitas vezes [dizem que] o ministério é contra [a vacinação
de crianças]. Não é questão de ser contra, é questão de compromisso com a
aplicação adequada de vacinas e evitar possíveis efeitos adversos”, disse
Queiroga pouco antes de se deslocar para a cidade de Monteiro (PB), onde
participa de um ato de testagem para diagnóstico da covid-19.
A história veio a público nos
últimos dias, após uma mãe publicar nas redes sociais um vídeo do cartão de
vacinas dos filhos com a informação de que eles foram vacinados contra o
coronavírus no início de janeiro. Porém, as doses e a vacinação de crianças só
tiveram início depois do episódio. As primeiras doses do imunizante só chegaram
na Paraíba na última sexta-feira (14).
A vacina contra covid-19,
autorizada para crianças, apresenta diferenças na dosagem, composição e
concentração do principal componente, o RNA mensageiro, com a dosagem sendo o
equivalente a um terço da vacina aplicada em adolescentes, a partir dos 12
anos, e adultos.
Orientações
Segundo o ministro da Saúde,
cabe aos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS) o armazenamento
correto, além do acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses,
seguindo as orientações do ministério.
“É por isso que a vacinação de
crianças de 5 a 11 anos foi autorizada, mas autorizada dentro de recomendações
da Agência de Vigilância Sanitária, a Anvisa, em relação a sua aplicação. O
frasco da vacina é diferente, justamente para evitar uma aplicação indevida, as
salas de vacinação são salas que devem ser exclusivas, os aplicadores da vacina
têm que ser exclusivos, as crianças têm que ficar em observação depois de
vacinadas”, afirmou.
“Temos que ter uma atenção
especial para que se cumpram as normas, seja em relação à aplicação, seja em
relação à fármaco-vigilância”, acrescentou o ministro.
Após o episódio, a prefeitura
de Lucena disse lamentar o ocorrido e informou que afastou uma profissional de
saúde do município que aplicou o imunizante para adultos em crianças. Ainda
conforme a prefeitura, as crianças estão sob acompanhamento do município e não
apresentaram reações adversas graves.
“Esclarecemos que a decisão
foi tomada individualmente pela pessoa que fez a aplicação, sendo uma falha
pontual e que não partiu de determinação da administração municipal, de forma
que assim que tomamos conhecimento, afastamos a responsável”, disse a
prefeitura em nota divulgada no sábado (15). “Até o momento, felizmente, as
crianças que recebem as vacinas não apresentam quadro adverso na saúde”, diz
outro trecho da nota.
Terceira onda
O ministro Marcelo Queiroga
disse ainda que os estados devem dobrar a atenção para evitar a aplicação de
imunizantes vencidos e que a prioridade deve ser a aplicação da segunda dose ou
dose de reforço. Para o ministro, com a variante Ômicron o país está diante de
uma possível terceira onda da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
“Há mais de 70 milhões de
doses que estão com os estados e essas doses têm que ser aplicadas no público-
alvo. A prioridade é a aplicação da segunda dose e da dose de reforço. Estamos
diante de uma possível terceira onda em função da variante Ômicron aumentando o
número de casos”, disse.
“Os dados iniciais apontam
que, em países que têm um nível de vacinação equiparado ao Brasil, [a Ômicron]
não tem gerado tanto impacto sobre o sistema hospitalar e sobre as unidades de
terapia intensiva, mas o vírus é um inimigo imprevisível e nós não temos que
baixar a guarda”, finalizou o ministro da Saúde.
Edição: Kleber Sampaio
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