O retorno das atividades
científicas da Academia Nacional de Medicina no início do mês de março, foi
marcado pelas importantes discussões que se deram, no Simpósio “Reflexões sobre
o Sistema Único de Saúde – SUS”, organizado pelo Acadêmico Fabio Jatene e que
contou com a presença de Acadêmicos, estudantes e autoridades como o
ex-Ministro e Acadêmico José Gomes Temporão, o Ministro da Saúde Ricardo Barros
e o Senador José Serra.
Vice-presidente Honorário da
instituição, o Ministro Ricardo Barros apresentou, no final da tarde, um
panorama sobre a situação dos transplantes no Brasil, que possui o maior
sistema público de transplantes do mundo. Os procedimentos são realizados quase
que em sua totalidade pelo SUS (mais de 90% dos transplantes são financiados
pelo Sistema Único de Saúde), e a assistência oferecida cobre desde os exames
preparatórios para a cirurgia até os medicamentos pós-transplantes. Destacou,
ainda, a rede integrada do Sistema Nacional de Transplantes, que engloba 506
Centros de Transplantes, 825 serviços habilitados e 1265 equipes de transplante
qualificadas.
Enfatizou a importância do
Decreto Presidencial (nº 8.783 de junho de 2016) que assegura transporte, por
aviões da FAB, de órgãos destinados a transplantes e que já ampliou em 18% o
número de transplantes realizados no Brasil em 2016. Além deste fato, integram
a parceria a Secretaria de Aviação Civil, a Associação Brasileira das Empresas
Aéreas (Abear), a Agência Nacional de Aviação Civil e a Infraero.
Com relação ao número de
doadores, chamou atenção para o fato de que, entre 2015 e 2016, foi registrado
um aumento de 5% no número de doadores no Brasil –o maior número de doadores
efetivos da história. Todavia, destacou que ainda há uma discrepância muito
grande entre o número de potenciais doadores e o número de doadores efetivos,
evidenciando a necessidade de se intensificarem as campanhas de conscientização
da população. Ainda nesse sentido, afirmou que o Brasil tem como desafio
diminuir a taxa de recusas familiares à doação de órgãos, que hoje tem uma
média de 43%.
A respeito das parcerias
desenvolvidas, apontou que o Ministério da Saúde mantém constante cooperação
com hospitais de excelência (Hospital Israelita Albert Einstein [SP]; Hospital
Moinhos de Vento [RS]; Hospital Samaritano [SP] e Hospital Sírio-Libanês [SP])
para aprimoramento de técnicas no SUS, inclusive com a capacitação de mais de
22.727 profissionais em vários tipos de transplantes, tais como: coração,
medula óssea, e renal e fígado pediátrico.
Ao final de sua apresentação,
afirmou que, apesar os evidentes avanços na política de transplantes no Brasil,
existem importantes desafios a serem superados, como o fortalecimento da
política de transplante de tecidos não oculares; o aprimoramento do repasse
estadual de Incentivo às Centrais de Transplante (de R$ 30 a 50 mil); a adesão
ao financiamento direto às Organizações de Procura de Órgãos; a criação de
leitos para Medula Óssea e o financiamento de novos Bancos de Tecidos.
Em seguida, a convite do
Ministro, o Secretário de Atenção à Saúde Francisco de Assis Figueiredo
ressaltou a parceria do Ministério da Saúde com a Associação Brasileira de
Transplante de órgãos, na ocasião representada pelo Dr. Roberto Manfro, que
resultou em uma nova portaria de incentivo às Centrais. O Dr. Roberto Manfro
destacou que a associação destes dois órgãos possui potencial para fornecer
melhores significativas do SNT, uma vez que fornece diferentes perspectivas
para uma mesma problemática. A Dra. Rosane Nothen, Coordenadora Geral do
Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde afirmou que,
atualmente, o SNT busca superar o desafio logístico de operar em um país de
dimensões continentais e com realidades tão contrastantes como o Brasil. Por
fim, o Acadêmico José Osmar Medina afirmou que o Brasil possui hoje, além do
maior sistema público de transplantes em operação, um dos sistemas mais justos
do mundo no que se refere à alocação dos transplantes. Por fim, chamou atenção
para o crescimento registrado no número de transplantes realizados, apontando que isso se deve em grande
medida aos transplantes realizados com doador já falecido.
Com base no Jornal do Brasil
Anexo:
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