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sexta-feira, 24 de março de 2017

O Dia Mundial de Combate à Tuberculose será celebrado na próxima sexta-feira (24/3)

O Dia Mundial de Combate à Tuberculose será celebrado na próxima sexta-feira (24/3). A data foi criada em 1982 para chamar a atenção deste grave problema de saúde pública que, de acordo com dados do Ministério da Saúde, faz aproximadamente 70 mil novos casos anualmente no Brasil, causando cerca de 4,6 mil mortes em decorrência da doença.

A situação é tão alarmante que o país é uma das 22 nações que, juntas, representam 80% do total de casos de tuberculose no mundo. A Fiocruz e desenvolve pesquisas e produz medicamentos, como: Etionamida e da Isoniazida, que Farmanguinhos já o registro na ANVISA e o Chamado o 4x1 que reune princípios ativos em um único comprimido: Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol.

Tratamento de difícil adesão, por ser de longa duração (no mínimo seis meses), com grande percentual de abandono compromete a eficácia na erradicação da doença e gerando reincidências. A apresentação do medicamento 4x1, por exemplo, facilita ao paciente que com apenas um comprimido, absorve 4 medicamentos, o que leva a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera-lo mais eficaz de combate à tuberculose.

Resultado da Transferência de Tecnologia sob a égide do Complexo Industrial e Econômico da Saúde, fruto de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), com o laboratório Lupin, assinada em 2011, com previsão para ser produzido em 2018 em Farmanguinhos. O produto deverá estar disponibilizado no segundo semestre deste ano, e, até o País consiga produzir localmente, continuará importando do produtor Indiano.

Cientistas de diferentes áreas trabalham no desenvolvimento de pesquisas, para suprir mais de quatro décadas sem que se aprove sequer um novo fármaco contra a tuberculose.

Reposicionamento de fármacos
Um desses estudos é realizado a partir de reposicionamento de fármacos, ou seja, substâncias usadas para uma determinada doença, mas que podem ter ação em outras. “Neste caso, utilizamos um antimalárico para tuberculose. Esse medicamento potencializou a ação dos demais fármacos, eliminando qualquer resquício do bacilo causador da doença, atuando, inclusive, em bactérias multirresistentes. Isso é extremamente importante porque há pacientes totalmente resistentes aos fármacos utilizados no tratamento da tuberculose”, frisa o pesquisador Marcus Vinicius Nora de Souza, que lidera a equipe envolvida na investigação.

Segundo ele, foram realizados testes in vitro (em laboratório) e pré-clínicos (em animais). “Obtivemos resultados excelentes, o que motivou a pesquisa a ir para o estágio clínico (em humanos), no qual será testado em um primeiro momento em cinco pacientes. Estamos aguardando a aprovação do protocolo pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os testes”, explicou.

Moléculas compostas
A equipe utiliza α-cetoacílicos de isoniazida no processo de obtenção e uso dos compostos no tratamento de tuberculose. O objetivo é contornar as limitações do fármaco de referência, neste caso, a Isoniazida, e, com isso, obter melhor atividade terapêutica, as moléculas da série apresentaram maior atividade do que todos os fármacos de primeira escolha utilizados atualmente contra a tuberculose. “Uma dessas substâncias foi, ainda, expressivamente menos hepatotóxica (tóxica ao fígado) do que a Isoniazida. Apresentou também maior atividade em cepas resistentes”, explicam os pesquisadores.

O produto obtido foi sintetizado no laboratório em escala de multigramas,  e muitos testes da cadeia pré-clínica também já foram realizados. Está em andamento uma parceria para os testes em animais. “Os próximos passos compreendem algumas outras avaliações pré-clínicas, em diferentes modelos animais, a fim de verificar sua toxicidade aguda e crônica, bem como doses máximas toleradas, eficácia em modelo com infecção por Mycobacterium tuberculosis, além da avaliação da farmacocinética in vivo (em animais) das substâncias e ensaios de toxicidade em órgãos específicos”, explicam os pesquisadores.

Resposta do próprio organismo
O Laboratório de Farmacologia Aplicada de Farmanguinhos atua na investigação de novos fármacos com atividade antimicrobiana e imunomoduladora na reação imune inata presente na infecção por Mycobacterium sp., o grupo de pesquisa estuda tanto substâncias de origem natural ou sintética, assim como fármacos já conhecidos capazes de atuar como antimicrobianos e na imunomodulação.

Neste sentido, outro importante estudo busca alternativas terapêuticas e a identificação de novos alvos terapêuticos na resposta inflamatória envolvida na infecção por Mycobacterium sp. “Foram identificadas moléculas sintéticas e naturais com características inovadoras modulando a célula hospedeira, capazes de modular a formação de organelas celulares e fatores de transcrição nuclear, auxiliando na resolução da inflamação em adição a sua ação antimicrobiana. Estes estudos visam ao desenvolvimento de terapias adjuvantes da tuberculose com o objetivo da melhora dos sintomas e efeitos colaterais e com isso encurtar a duração do tratamento e prevenir recaídas”.

Os cientistas informam que os pesquisadores avaliam o potencial dos produtos como terapia coadjuvante e estudam o seu mecanismo de ação em uma abordagem multidisciplinar, reunindo estudos de química sintética e de produtos naturais, bem como de modelagem molecular, farmacologia, imunologia e microbiologia.

O projeto vem sendo realizado a partir de uma parceria entre Farmanguinhos (por meio do Laboratório de Farmacologia Aplicada) e o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz). Conta ainda com colaborações de grupos de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Laboratório de Referência Nacional de Tuberculose da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), e do Instituto de Pesquisa de Doenças Infeciosas - Infectious Disease Research Institute (IDRI), de Seattle, nos Estados Unidos.

Com base no site Farmanguinhos/Fiocruz


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