O
Dia Mundial de Combate à Tuberculose será celebrado na próxima sexta-feira
(24/3). A data foi criada em 1982 para chamar a atenção deste grave problema de
saúde pública que, de acordo com dados do Ministério da Saúde, faz
aproximadamente 70 mil novos casos anualmente no Brasil, causando cerca de 4,6
mil mortes em decorrência da doença.
A
situação é tão alarmante que o país é uma das 22 nações que, juntas,
representam 80% do total de casos de tuberculose no mundo. A Fiocruz e
desenvolve pesquisas e produz medicamentos, como: Etionamida e da Isoniazida,
que Farmanguinhos já o registro na ANVISA e o Chamado o 4x1 que reune
princípios ativos em um único comprimido: Rifampicina + Isoniazida +
Pirazinamida + Etambutol.
Tratamento
de difícil adesão, por ser de longa duração (no mínimo seis meses), com grande
percentual de abandono compromete a eficácia na erradicação da doença e gerando
reincidências. A apresentação do medicamento 4x1, por exemplo, facilita ao
paciente que com apenas um comprimido, absorve 4 medicamentos, o que leva a
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera-lo mais eficaz de combate à
tuberculose.
Resultado
da Transferência de Tecnologia sob a égide do Complexo Industrial e Econômico
da Saúde, fruto de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), com o
laboratório Lupin, assinada em 2011, com previsão para ser produzido em 2018 em
Farmanguinhos. O produto deverá estar disponibilizado no segundo semestre deste
ano, e, até o País consiga produzir localmente, continuará importando do
produtor Indiano.
Cientistas
de diferentes áreas trabalham no desenvolvimento de pesquisas, para suprir mais
de quatro décadas sem que se aprove sequer um novo fármaco contra a
tuberculose.
Reposicionamento
de fármacos
Um
desses estudos é realizado a partir de reposicionamento de fármacos, ou seja,
substâncias usadas para uma determinada doença, mas que podem ter ação em
outras. “Neste caso, utilizamos um antimalárico para tuberculose. Esse
medicamento potencializou a ação dos demais fármacos, eliminando qualquer
resquício do bacilo causador da doença, atuando, inclusive, em bactérias
multirresistentes. Isso é extremamente importante porque há pacientes
totalmente resistentes aos fármacos utilizados no tratamento da tuberculose”,
frisa o pesquisador Marcus Vinicius Nora de Souza, que lidera a equipe
envolvida na investigação.
Segundo
ele, foram realizados testes in vitro (em laboratório) e pré-clínicos (em
animais). “Obtivemos resultados excelentes, o que motivou a pesquisa a ir para
o estágio clínico (em humanos), no qual será testado em um primeiro momento em
cinco pacientes. Estamos aguardando a aprovação do protocolo pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os testes”, explicou.
Moléculas
compostas
A
equipe utiliza α-cetoacílicos de isoniazida no processo de obtenção e uso dos
compostos no tratamento de tuberculose. O objetivo é contornar as limitações do
fármaco de referência, neste caso, a Isoniazida, e, com isso, obter melhor
atividade terapêutica, as moléculas da série apresentaram maior atividade do
que todos os fármacos de primeira escolha utilizados atualmente contra a
tuberculose. “Uma dessas substâncias foi, ainda, expressivamente menos
hepatotóxica (tóxica ao fígado) do que a Isoniazida. Apresentou também maior
atividade em cepas resistentes”, explicam os pesquisadores.
O
produto obtido foi sintetizado no laboratório em escala de multigramas, e
muitos testes da cadeia pré-clínica também já foram realizados. Está em
andamento uma parceria para os testes em animais. “Os próximos passos
compreendem algumas outras avaliações pré-clínicas, em diferentes modelos
animais, a fim de verificar sua toxicidade aguda e crônica, bem como doses
máximas toleradas, eficácia em modelo com infecção por Mycobacterium
tuberculosis, além da avaliação da farmacocinética in vivo (em animais) das
substâncias e ensaios de toxicidade em órgãos específicos”, explicam os
pesquisadores.
Resposta
do próprio organismo
O
Laboratório de Farmacologia Aplicada de Farmanguinhos atua na investigação de
novos fármacos com atividade antimicrobiana e imunomoduladora na reação imune
inata presente na infecção por Mycobacterium sp., o grupo de pesquisa estuda
tanto substâncias de origem natural ou sintética, assim como fármacos já
conhecidos capazes de atuar como antimicrobianos e na imunomodulação.
Neste
sentido, outro importante estudo busca alternativas terapêuticas e a
identificação de novos alvos terapêuticos na resposta inflamatória envolvida na
infecção por Mycobacterium sp. “Foram identificadas moléculas sintéticas e
naturais com características inovadoras modulando a célula hospedeira, capazes
de modular a formação de organelas celulares e fatores de transcrição nuclear,
auxiliando na resolução da inflamação em adição a sua ação antimicrobiana.
Estes estudos visam ao desenvolvimento de terapias adjuvantes da tuberculose
com o objetivo da melhora dos sintomas e efeitos colaterais e com isso encurtar
a duração do tratamento e prevenir recaídas”.
Os
cientistas informam que os pesquisadores avaliam o potencial dos produtos como
terapia coadjuvante e estudam o seu mecanismo de ação em uma abordagem
multidisciplinar, reunindo estudos de química sintética e de produtos naturais,
bem como de modelagem molecular, farmacologia, imunologia e microbiologia.
O
projeto vem sendo realizado a partir de uma parceria entre Farmanguinhos (por
meio do Laboratório de Farmacologia Aplicada) e o Centro de Desenvolvimento
Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz). Conta ainda com colaborações de grupos de
pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Laboratório de Referência
Nacional de Tuberculose da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
(Ensp/Fiocruz), e do Instituto de Pesquisa de Doenças Infeciosas - Infectious
Disease Research Institute (IDRI), de Seattle, nos Estados Unidos.
Com
base no site Farmanguinhos/Fiocruz
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