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domingo, 26 de março de 2017

VACINA CONTRA FEBRE AMARELA e as OPORTUNIDADES PRIVADAS NOS LABORATÓRIOS PRODUTORES PÚBLICOS DE MEDICAMENTOS

Fiocruz em sua planta de BioManguinhos, laboratório público produtor responsável pela produção de algumas vacinas do Programa Nacional de Imunização, junto com o Butantan em São Paulo, Funed em Minas Gerais e o Tecpar no Paraná, tem uma das maiores capacidades mundiais para a fabricação da vacina contra febre amarela.  

Um dos maiores fabricantes de vacinas do país, operando com sua capacidade máxima, produz cerca de nove milhões de doses por mês, e, para atender a demanda nacional, interrompeu momentaneamente a fabricação da tríplice viral, concentrando infraestruturas e deslocando especialistas, colaboradores e equipamentos das linhas de produção e controle das vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola para potencializar a fabricação da vacina contra febre amarela, além de suspender, temporariamente, uma encomenda de 14 Milhões de doses solicitadas pela ONU.

Em momentos com potencial risco de saúde pública, como o atual, que envolve proliferação da febre amarela, Laboratórios Públicos Produtores de medicamentos se transformam em ferramentas estratégicas do Governo, atores principais, protagonistas, flexibilizando infraestruturas, disponibilizando e assegurando produtos prioritários, como as vacinas, possibilitam a imediata intervenção do Estado no controle de riscos, mitigando epidemias e pandemias.

Os Laboratórios Públicos Produtores, vivem ao mesmo tempo em uma verdadeira intersecção estratégica, entre: deter tecnologias capazes de responder às questões, como esta, e, ainda produzir internamente toda demanda necessária; ou deter a tecnologia e induzir o desenvolvimento do Parque Tecnológico local, entregando a produção, supervisionada e controlada, para que empresas privadas, verticalizadas, ágeis, capazes de assegurar respostas da cadeia de suprimentos, em tempo hábil, sem as “amarras da Lei 8666 e seus desdobramentos”, possam responder velozmente, sem comprometer outros produtos, garantindo as demandas. Até porque o mesmo produto com a mesma tecnologia poderia ser fabricado em diversas plantas industriais.

Vacinas são mantidas em estoques estratégicos do Governo, mesmo fora de momentos de risco de epidemia, são produzidas regularmente aproximadamente 2 milhões de doses/mês, mas aumentos súbitos de demanda, como vacinar 16,5 milhões de pessoas só no Rio de Janeiro, exige grande agilidade na recomposição em todo processo produtivo, requisitando mais insumos, como: matérias primas, frascos, rolhas, embalagens e rótulos, o que não é facilitado pelos tramites burocráticos preconizados pela Lei 8666, e, seus desdobramentos, que impõem grande morosidade ao processo de suprimentos. A Fiocruz já admite expandir a produção de vacinas através de parcerias. Recentemente anunciou um potencial acordo para produzir 13 milhões de doses/ano em uma empresa privada, instalada em São Paulo, o que deve se efetivar antes do final de 2017.

Projetos destinados a ampliação da capacidade industrial de produção, especialmente os que dependem de recursos públicos, como a construção do novo Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), da Fiocruz, em Santa Cruz no Rio de Janeiro, projetado para produzir até 300 milhões de doses anuais, que poderia iniciar a produção dentro 5 anos, com investimentos superiores aos bilhões de Reais, definitivamente, entraram na pauta estratégica, e, estão sendo questionados e reavaliados em todas esferas de governo, não apenas pela área econômica, o que indubitavelmente induzirá o surgimento de novas oportunidades para parcerias, novos modelos de negócios, por exemplo: suportados por “offset”, encomendas tecnológicas, parques produtivos compartilhados, dentre outros que viabilizem o domínio estratégico da tecnologia com a capacidade industrial.    


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