Após uma novela de quase um
ano, com direito à indicação de nomes condenados pela Justiça, a Anvisa finalmente completou seu
colegiado de cinco diretores com a aprovação do contra-almirante Antonio Barra
Torres pelo Senado. Indicado em maio pelo presidente Jair Bolsonaro, o militar
é a quarta tentativa para ocupar a vaga aberta desde agosto de 2018,
quando Jarbas
Barbosa da Silva Junior concluiu o mandato.
Torres é mais um entre cerca
de 130 representantes das Forças Armadas escolhidos pelo atual governo para
cargos de confiança. Formado pela Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Sousa Marques (RJ),
o militar ingressou em 1987 na Marinha do Brasil, na qual atuava como diretor
de perícia médica. Em seu primeiro posicionamento no novo posto, ele destacou a
importância de acelerar trâmites de regulação e defendeu estudos mais aprofundados
para sustentar a liberação do uso medicinal do canabidiol – que hoje é tema
de duas
consultas públicas abertas pela agência.
Antes dele, em fevereiro, Jair
Bolsonaro havia tentado emplacar o general e médico Paulo Sérgio Sadauskas para
a direção da Anvisa, mas este declinou da indicação por razões pessoais e
sequer passou por sabatina na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. A
desistência deu início a especulações sobre um possível uso do cargo como moeda
de troca para facilitar a aprovação da reforma da Previdência.
As escolhas do então
presidente Michel Temer também não decolaram. Em setembro do ano passado, Rodrigo
Sergio Dias foi rapidamente descartado por ser réu de uma suposta
agressão à ex-mulher e ainda por ser cobrado pelo Tribunal de Contas da União
(TCU) a dar explicações sobre irregularidades milionárias em contratos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), da
qual era presidente. Em dezembro foi a vez do ex-líder do governo na Câmara dos
Deputados, Andre
Moura. Sem nenhuma experiência no setor e com quatro condenações na Justiça
por abuso de poder político, foi outro nome rejeitado.
Todas as decisões da Anvisa
passam pelo crivo da Diretoria Colegiada.
Até março de 2020, expira o mandato de três dos quatro diretores, inclusive do
presidente William Dib. Aos empresários e executivos ligados à área da saúde,
só resta esperar que alguém possa repetir a trajetória de Jarbas Barbosa da
Silva Junior, que viabilizou importantes decisões como a extensão da vacinação
para as farmácias privadas e cujo reconhecimento o levou a ser nomeado para a
diretoria da Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas).
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