Cristina Indio do Brasil -
Repórter da Agência Brasil
Foto: huntlh/Pixabay
O Ministério da Saúde está
em fase final de modelagem para a construção do Complexo de Biotecnologia em
Saúde (CIBS), em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, para a produção de vacinas.
De acordo com a pasta, a capacidade de produção será de 120 milhões de frascos
por ano, podendo chegar a 1 bilhão de doses anuais. O modelo público-privado
deverá investir R$ 3 bilhões na construção do CIBS.
Segundo o ministro Luiz
Henrique Mandetta, o projeto foi incluído no Plano Plurianual de Investimentos
da pasta. Ele espera que até o final do ano tenha a conclusão da análise. “É um
investimento muito grande, muito robusto que colocaria o Brasil como um dos
principais players da produção de imunobiológicos”, disse.
Mandetta disse que a produção
seria em uma plataforma múltipla que poderia ser adaptada para produzir uma
série de vacinas de acordo com a necessidade. “É uma tecnologia de última
geração que inclusive daria condições para o Brasil fazer resposta rápida”,
disse.
O ministro disse que quando
houve o surto da gripe do tipo H1N1, não havia vacina suficiente para atender a
demanda do Brasil, o que só foi obtido após o aumento da produção. “A gente
precisa até por uma questão de soberania. Nós precisamos ser detentores dessa
força-tarefa reposta. A gente sabe que é só uma questão de tempo que vai ter
outro surgimento de vírus extremamente agressivo para a espécie humana”, disse.
O diretor de Bio-Manguinhos,
Maurício Zuma estimou que depois da definição da modelagem, a construção do
complexo deve demorar três anos e a produção deve começar em 2024.
DENGUE
A presidente da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, informou que além de vacinas que serão
produzidas como febre amarela, a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e
vacinas destinadas a populações negligenciadas, que são fundamentais, a
fundação trabalha junto com o ministério na produção de kits diagnósticos. “Já
temos kits para hepatite e para HIV. A hemorede é protegida. Tenho a boa
notícia de que já tivemos a validação para o teste para dengue, zika e
chikungunya”, disse.
Conforme Nísia, o kit da
dengue vai identificar os quatro sorotipos da doença. “Isso é um grande avanço.
É uma parceria de Bio-Manguinhos/Fiocruz com o Instituto de Biologia Molecular
do Estado do Paraná, que nos deixa muito satisfeitos, porque são os dois lados.
O diagnóstico preciso e a vacina que nos permita também fazer essa importantíssima
prevenção”.
O ministro Mandetta disse que
exite uma torcida para que o Instituto Butantan conclua a terceira fase do
projeto de fabricação da vacina contra a dengue. “Se a gente tiver no ano que
vem, pode ser um ano, não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro, lembrando
que todos esses projetos, tanto o da Fiocruz como o do Butantan, todo eles são
do sistema Único de Saúde. É o SUS”, disse.
VERÃO
Mandetta disse que ainda não é
possível avaliar se o kit da dengue poderá ser utilizado no próximo verão. “A
gente certifica e depois tem que ver a escala de produção”, disse.
O ministro disse que para a
próxima temporada será utilizada a liberação do mosquito Aedes com o
microrganismo Wolbachia, bactéria que reduz a capacidade dele de transmitir a
doença. Mandetta disse que o projeto-piloto foi desenvolvido no Rio de Janeiro,
mas foi estendido para Belo Horizonte, Petrolina, Juazeiro (BA), Fortaleza, Manaus,
Campo Grande e Foz do Iguaçu (PR), onde os mosquitos já estão sendo soltos na
natureza, reduzindo sua capacidade de transmissão de doenças.
“O ministério já liberou
recursos para a construção de duas fábricas desse mosquito”, disse, após
participar da abertura da 20ª Reunião Anual da Rede de Produtores de Vacinas
dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês), que reúne até amanhã
(23), produtores públicos e privados, no Hotel Sheraton, em São Conrado, na
zona sul do Rio.
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