Hoje 90% dos Ingredientes
Farmacêuticos Ativos (IFA) usados na fabricação de imunizantes no Brasil são
importados
Representantes da Organização Panamericana de Saúde (Opas/OMS) e do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) defenderam, em debate na Câmara dos Deputados, que o País invista na produção de insumos nacionais para vacinas.
O debate foi promovido pela
Subcomissão Especial de Desenvolvimento do Complexo Econômico e Industrial em
Saúde, nesta segunda-feira (2). Vinculado à Comissão de Seguridade Social e
Família da Câmara, o colegiado foi criado em abril por sugestão da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
e busca discutir a produção de fármacos, vacinas, imunobiológicos,
equipamentos, serviços, tecnologias e outros insumos que abastecem o sistema de
saúde.
Socorro Gross, da Organização
Panamericana de Saúde (Opas/OMS), disse que o Brasil é o país da América Latina
com mais capacidade de produção de vacinas e pode, no futuro, se tornar auto
sustentável nesse campo e poderia fornecer imunizantes para outras nações da
região.
O principal obstáculo, para
isso, é a falta da produção de insumos – 90% dos Ingredientes Farmacêuticos
Ativos (IFA) vêm de fora. No País, segundo ela, já existem profissionais
experientes e universidades capacitadas.
Ela defendeu investimentos em
ciência e tecnologia e parcerias público-privadas, para promover uma política
sustentável de inovação no campo da saúde.
Apoio do BNDES
João Pieroni, do BNDES, concordou que os investimentos no setor devem priorizar
a maior autonomia e competitividade no desenvolvimento de IFAs e citou o apoio
dado pelo banco à Fiocroruz na produção do IFA nacional para a vacina contra a
Covid-19.
Durante a pandemia de
Covid-19, segundo ele, o BNDES deu apoio direto de mais de R$ 1 bilhão para o
setor de saúde.
Pieroni disse que o banco tem
um departamento dedicado ao complexo econômico industrial da saúde desde 2016,
que é coordenado por ele. O BNDES apoia o setor tanto por meio de crédito
(apoio reembolsável), como por fundos não reembolsáveis destinados a
instituições públicas, como Fiocruz e Butantã.
Hoje estão em fase de
desembolso R$ 12 bilhões em crédito, sendo R$ 7,5 bilhões destinados a estados
e municípios, parcerias público-privadas, entidades filantrópicas e hospitais e
operadoras privadas; R$ 4,5 bilhões destinados à indústria farmacêutica, de
equipamentos médicos e hospitalares e instituições públicas de ciência e
tecnologia. Ao todo, 180 projetos estão sendo financiados.
Relatório
O relator da subcomissão, deputado Alexandre Padilha (PT-SP),
deve apresentar seu parecer no início de setembro. O colegiado ainda vai
realizar duas audiências públicas.
A subcomissão já debateu o
papel das instituições públicas e privadas no setor e ouviu ex-secretários de
Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, que afirmaram
que o Brasil precisa investir na produção de insumos para medicamentos.
Reportagem - Lara Haje
Edição - Natalia Doederlein
A reprodução das notícias é
autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.
0 comentários:
Postar um comentário