Gestores pautaram o ministério
com temas como vacinação, financiamento do SUS e cirurgias eletivas
Após o alerta
dos estados ao Ministério da Saúde para o reforço no esquema vacinal
contra a Covid-19 na terça-feira (24), o ministro Marcelo Queiroga esteve na
tarde de ontem na sede do Conass, onde participou com sua equipe da assembleia
geral dos secretários estaduais de saúde, que ocorre mensalmente.
Queiroga falou do diálogo
entre os entes gestores para a discussão e fortalecimento do Sistema Único de
Saúde (SUS), ressaltando que o sucesso do Programa Nacional de Imunização (PNI)
depende da união entre os entes. Destacou que a definição dos grupos para o
reforço do esquema vacinal se deu em razão do avanço da variante Delta e a
partir de estudos e exemplos de países como Reino Unido, Índia, Estados Unidos,
entre outros, onde já ocorre a propagação comunitária da variante.
“Não sabemos dos
desdobramentos, vamos observar e realizar uma campanha robusta de testagem
visando isolar os pacientes assintomáticos para controlar a disseminação do
vírus”, esclareceu o ministro. O reforço da vacina será, inicialmente, para
idosos acima de 70 anos e pessoas imunodeprimidas.
Os gestores estaduais
expuseram suas realidades locais em relação à vacinação, destacando que alguns
estão mais avançados e outros com carência de vacinas, e relataram o trabalho
feito junto aos municípios para avançar na imunização da população, alertando
para o fato de que outros grupos, como profissionais de saúde, reivindicam o
reforço da vacina.
Segundo Queiroga, o pleito dos
trabalhadores de saúde é legítimo, no entanto, a decisão em relação aos grupos
de reforço da vacina foi indicada por especialistas, a partir de análise dos
dados em relação à perda de eficácia da vacina. “Não temos respostas e
evidências cientificas suficientes e, por isso, não desqualificamos nenhum
agente imunizante. Já solicitamos análise em relação ao adoecimento dos
trabalhadores de saúde para avaliar a necessidade do reforço”.
O vice-presidente do Conass na
região Sudeste, Nésio Fernandes (SES/ES), relatou os debates que ocorreram
durantes semanas e a relação da variante Delta com o crescimento de casos de
covid entre idosos e imunodeprimidos e disse que, apesar da escassez de
evidências, faz-se necessária a tomada de decisão quanto ao reforço a partir
dos estudos mais recentes.
Os secretários também
expuseram suas preocupações em relação ao financiamento do SUS para o próximo
ano, considerando o pós-covid e as doenças prevalentes e outras situações de
saúde prejudicadas pela pandemia. Os gestores também defenderam a permanência
dos leitos de UTI abertos para Covid-19 na estrutura hospitalar do SUS. “Vamos
trabalhar junto ao Congresso Nacional para buscar o orçamento necessário para
as políticas públicas de saúde”, pontuou o ministro, ressaltando que “o
orçamento está engessado” e que será preciso o esforço do ministério, Conass e
Conasems para que a saúde tenha recursos compatíveis com os desafios a serem
enfrentados.
O secretário de Atenção
Especializada à Saúde, do Ministério da Saúde, Sergio Okane, falou da baixa
realização de cirurgias eletivas no primeiro semestre e disse que o ministério
irá trabalhar pelo aumento dessas cirurgias, a fim de que as filas sejam
efetivamente diminuídas. “Se o orçamento permitir, queremos dobrar o valor para
o ano que vem. Porém, estamos limitados pelo teto de gastos, mas continuamos em
negociação”, relatou.
Em relação aos leitos de UTI,
falou da dificuldade orçamentária para transformar leitos de UTI Covid em UTI
normal, e que está sendo discutida juridicamente a possibilidade de utilização
dos recursos extraordinários para tanto.
Também participou da reunião a
secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite. A
secretaria foi criada para representar o Ministério da Saúde na coordenação dos
assuntos relacionados a pandemia, com atuação matricial em relação às demais
secretarias finalísticas e papel de definir e operacionalizar a vacinação.
“Esperamos que o caráter pandêmico se torne um agravo e a secretaria terá ação
transversal junto às demais, atuando para enfrentamento da Covid e do pós-covid
com plano de testagem, considerando a evolução tecnológica e ênfase à
utilização dos antígenos”, explicou.
Marcelo Queiroga finalizou destacando a importância da discussão aberta e franca em relação aos desafios do SUS nos âmbitos federal, estadual e municipal, assim como do PNI, a fim de defender e aprimorar o sistema de saúde diante da sua importância para a população brasileira.
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