Para conscientizar os brasileiros sobre a importância de combater a transmissão da doença de Chagas no Brasil, o Ministério da Saúde lançou nesta quarta-feira (13) a campanha contra esse agravo que causa mortes no país. Na véspera do Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, a Pasta também apresentou a nova edição do boletim epidemiológico e as ações para reforçar a vigilância, principalmente nas regiões com maior número de casos.
O lançamento da campanha e a
apresentação do boletim foram feitos durante o evento “Chagas Hoje: Quantos
Somos e Onde Estamos?”, que teve a participação do ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, da representante da Organização Pan-Americana da Saúde, Socorro
Gross, e de secretários do Ministério da Saúde. Para Queiroga, a doença de
Chagas é um desafio para os sistemas de saúde tão complexos como o Sistema
Único de Saúde (SUS) do Brasil.
"O Ministério da Saúde se
compromete a continuar trabalhando para erradicar as várias formas dessa doença,
que será possível pelo esforço do sistema de saúde e também pelo
desenvolvimento socioenconômico do nosso país. Essa iniciativa deve servir como
um norte para que possamos combater não só a forma congênita de transmissão,
mas as outras formas que temos em relação à essa doença", contou Queiroga.
Dados do Ministério da Saúde
apresentam significativa tendência de queda das taxas de mortalidade nos
últimos anos, no período de 2000 a 2019. No entanto, a doença de Chagas
continua sendo uma importante causa de morte no Brasil, com uma média de 4 mil
óbitos a cada ano, na última década. A pasta incluiu, em 2020, a doença de
Chagas crônica na lista nacional de doenças e agravos de notificação
compulsória, lista que já incluía a fase aguda da enfermidade.
“Hoje, o Brasil está
caminhando para fazer história: na eliminação da doença de chagas congênita. E
isso é possível, porque tem decisão política, tem investimento, talento humano
e um SUS forte, que está em todo canto do Brasil. Para fazer isso, precisamos
saber quantos somos e onde estamos. Essa doença continua afetando pessoas que
tem pouca voz e no qual, nós temos que procurá-las e dar voz a elas”, disse
Gross.
A partir desta quarta, a
campanha será veiculada na TV, rádio, redes sociais e outras mídias, com objetivo
de conscientizar a população para prevenir o inseto “barbeiro”, vetor da
Chagas. A prevenção começa dentro de casa, com formas simples de evitar os
criadouros e se proteger.
A fase crônica da Chagas é
consequência das elevadas incidências ao longo do século XX. Estima-se que
exista no Brasil, atualmente, pelo menos um milhão de pessoas infectadas pelo
Trypanosoma cruzi (T. cruzi), vetor da doença.
Atualmente na presidência da
Iniciativa Ibero-Americana "Chagas Congênita - Nenhum Bebê com
Chagas", no âmbito da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB), o Brasil
firmou o compromisso para a eliminação da transmissão vertical da doença de Chagas,
a partir de uma abordagem multidimensional, considerando estratégias de
controle e prevenção de outras formas de transmissão da doença.
A Secretaria Geral
Ibero-Americana (SEGIB) é um organismo internacional que apoia os 22 países que
constituem a comunidade ibero-americana: 19 da América Latina de língua
espanhola e portuguesa, além de Espanha, Portugal e Andorra, na Península
Ibérica.
Assista à transmissão
Ações de vigilância
Entre as ações do Ministério
da Saúde para reforçar a vigilância da doença estão a sistematização dos dados,
a partir da notificação no e-SUS Notifica, prevista para iniciar no primeiro
semestre de 2022. Outra ação é o aporte financeiro de R$ 6 milhões para o
Projeto IntegraChagas, que tem a Fiocruz como instituição executora. Este
projeto tem como objetivo principal aumentar a oferta de diagnóstico e
tratamento na atenção primária em seis municípios – Abaetetuba (PA), São
Desidério (BA) Espinosa e Porteirinha (MG), Iguaracy (PE), São Luis de Montes
Belos (GO).
Além disso, executa o projeto
CUIDA Chagas, “Comunidades Unidas para a Inovação, Desenvolvimento e Atenção à
Doença de Chagas”, uma parceria do MS/Fiocruz com a Unitaid, e os países
Bolívia, Colômbia e Paraguai. Este projeto visa o alcance de mulheres em idade
fértil, filhos/filhas e seus contatos domiciliares, além de iniciativas
voltadas para controle da transmissão materno-infantil com base em metas de eliminação.
Dia Mundial de Combate à
Doença de Chagas
O dia 14 de abril foi
oficialmente instituído como dia mundial de combate à doença de Chagas durante
a 72ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 2019.
Endêmica em 21 países das
Américas, a infecção pelo vetor acomete aproximadamente 6 milhões de pessoas,
com incidência anual de 30 mil casos novos na região, ocasionando, em média, 14
mil mortes por ano e 8 mil recém-nascidos infectados durante a gestação.
Estima-se que cerca de 70
milhões de pessoas vivem em áreas de exposição e correm o risco de contrair a
doença.
Tratamento no SUS
Uma das formas de controle da
doença de Chagas é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro ou
perto das residências. Caso a pessoa encontre algum triatomíneo em casa, é
necessário acionar a vigilância local para que as equipes técnicas realizem as
ações de controle químico vetorial, se necessário. No SUS, o tratamento aos
pacientes é indicado e acompanhado por um médico, após a confirmação da doença
e os medicamentos são disponibilizados gratuitamente.
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