Conselheiro
Dimas Ramalho dá 15 dias a ex-diretor-presidente e o atual mandatário da
Fundação para informarem sobre 'irregularidades e impropriedades' na construção
sem fim da fábrica de hemoderivados e salários acimado teto constitucional.
Mateus Coutinho, Julia
Affonso e Fausto Macedo
O
conselheiro Dimas Ramalho, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, deu 15
dias para o ex e o atual diretor-presidente da Fundação Butantã deem
explicações para o ‘fracasso’ da construção da fábrica de hemoderivados do
órgão, que consumiu R$ 239,6 milhões desde 2006 e não está em
funcionamento até hoje.
“A
fábrica não foi concluída devido a imperícia da empresa contratada no processo
de planejamento e construção da unidade, além do descumprimento na realização
de serviços básicos à obra e na aquisição de equipamentos pela Fundação
Butantã”, assinala Ramalho no despacho.
O
conselheiro pede para o órgão informar sobre as tratativas de prosseguimento
das obras da fábrica, iniciadas em 2014, e também “se foi adotado procedimento
de apuração de responsabilidade em razão do fracasso da construção e operação
da fábrica em comento”.
A
auditoria do Tribunal de Contas do Estado aponta ainda que, em 2014, a Fundação
Butantã procupou a proposta de outra empresa para tentar dar continuidade às
obras da fábrica, que ficaram estimadas em mais R$ 196 milhões. “As
tratativas teriam sido retomadas em 2015, e ainda não concluídas.”, segue
Ramalho, ressaltando que o equipamento já adquirido para as instalações, desde
2006, “estaria até o presente momento (decorridos 9 anos) estocado sem inspeção
e manutenção”.
A
determinação do conselheiro consta de despacho publicado nesta terça-feira, 14,
no Diário Oficial no qual ele aponta o total de 12 irregularidades envolvendo a
Fundação, que vão desde a fábrica até gastos com cartões corporativos de
servidores do órgão, apontadas pela auditoria.
Dentre
as irregularidades apontadas, o Tribunal quer que a Fundação dê explicações
sobre salários acima do teto constitucional, abusos e excessos no acerto de
férias e horas extras, pagamento inadequado de adicional por insalubridade,
inconsistências e gastos injustificados com cartão de crédito corporativo, e
impropriedade no repasse de auxílio-alimentação, uma vez que o Butantã tem
refeitório próprio.
Crise. Em 8 de fevereiro, o então diretor-presidente
do Butantã André Franco Montoro Filho pediu demissão do cargo alegando
discordar do modelo de gestão proposto” pelo Conselho Curador da fundação, uma
entidade de direito privado responsável pela gestão financeira e administrativa
do IB.
A
renúncia foi anunciada durante uma reunião do conselho na ocasião. Naquele dia
o instituto recebeu uma visita do governador Geraldo Alckmin e do ministro da
Saúde, Ricardo Barros, para anunciar um investimento federal de R$ 54
milhões na infraestrutura de produção de vacinas do Butantã.
O
orçamento previsto da fundação para este ano é de aproximadamente R$ 1,6
bilhão, incluindo a receita obtida com a venda de vacinas.
A
reportagem encaminhou e-mail solicitando posicionamento ao Butantã e ao governo
do Estado sobre os apontamentos feitos pelo TCE-SP.
COM
A PALAVRA, A ASSESSORIA DO BUTANTÃ:
“A
nova gestão do Instituto Butantan irá fornecer todas as informações
necessárias ao TCE sobre possíveis problemas em gestões anteriores. O
Instituto trabalha para corrigir os problemas, a partir de um diagnóstico sobre
a real situação da instituição, o que já está sendo feito pela nova direção.”
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