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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Protocolo global de tratamento e diagnóstico de UCE - Uriticária Crônica Espontânea - é apresentado pela primeira vez no Brasil


Apesar de atingir cerca de 1 milhão de brasileiros1, a UCE (Urticária Crônica Espontânea) ainda é pouco conhecida pela população. Pela primeira vez na história, no entanto, as diretrizes de tratamento da doença foram unificadas no mundo todo e apresentadas aos médicos brasileiros durante o evento TRANSFORM III, com a presença da renomada dermatologista do Hospital del Mar de Barcelona (Espanha), Dra. Ana Gimenez-Arnáu, uma das autoras do documento.

A diretriz global de UCE estabelece como a doença deverá ser tratada em todas as etapas, visando o controle completo dos sinais e sintomas da UCE. Para isso, a determinação é que todos os pacientes com UCE no mundo devam iniciar o tratamento com anti-histamínicos2. Se, após 2 a 4 semanas, o paciente não atingir o controle completo dos sintomas com a 2ª linha de tratamento (anti-histamínicos H1 de segunda geração em dose aumentada), deve-se manter esta terapia e acrescentar um outro medicamento: o omalizumabe.2

Aplicado uma vez a cada 4 semanas, os estudos do tratamento verificaram uma redução média de 71% da intensidade da coceira e, assim, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes3. O medicamento biológico tem ação específica, atuando diretamente no processo que desencadeia a doença3 e impedindo a aparição de sintomas na pele.

Doença autoimune, a UCE é duas vezes mais comum em mulheres do que em homens4. Casos de depressão e suicídio entre pacientes que sofrem com essa enfermidade são recorrentes devido à privação de sono e à coceira intensa, que impactam drasticamente a qualidade de vida, a convivência social, a produtividade no trabalho e as relações conjugais5-7,1,8-11. Cerca de metade dos pacientes com UCE ainda sofrem com os inchaços (angioedemas) em diversas partes do corpo12.

“Todo sinal da doença deve ser verificado e tratado após ser ouvida, atenciosamente, a história clínica dada pelo paciente”, explica a dermatologista Dra. Ana Gimenez-Arnáu. “Por isso, não basta melhorar dos sintomas da UCE, o paciente precisa ficar totalmente livre das urticas, da coceira e dos inchaços (angioedemas). Já existe hoje tratamentos que viabilizam isso. O omalizumabe, por exemplo, representa uma revolução no tratamento de UCE, pois estudos mostraram que de 62 a 84% dos pacientes atingem o controle completo da doença3,13, ou seja, todos os sintomas desaparecem”, complementa.

A diretriz mundial foi elaborada a partir de estudos e comprovações científicas avaliadas por consensos de especialistas de todo o mundo, incluindo a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia)2. O documento também teve em sua construção a participação de todos os líderes dos centros de excelência em UCE com a certificação internacional UCARE (Urticaria Center of Reference and Excellence).2,14
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Referências  
1. Maurer M, Weller K, Bindslev-Jensen C et al. Unmet clinical needs in chronic spontaneous urticaria. A GA²LEN task force report. Allergy 2011;66:317-330.
2 .Zuberbier T, Aberer W, Asero R et al. The EAACI/GA²LEN/EDF/WAO Guideline for the Definition, Classification, Diagnosis and Management of Urticaria. The 2017 Revision and Update. Allergy. 2018 Jan 15.
3. Maurer M, Rosén K, Hsieh HJ et al. Omalizumab for the treatment of chronic idiopathic or spontaneous urticaria. N Engl J Med. 2013 Mar 7;368(10):924-35.
4. Maurer M, Metz M, Bindslev-Jensen C, Bousquet J, Canonica GW, Church MK, Godse KV, Grattan CE, Hide M, Kocatürk E, Magerl M, Makris M, Meshkova R, Saini SS, Sussman G, Toubi E, Zhao Z, Zuberbier T, Gimenez-Arnau A. Definition, aims, andimplementation of GA(2) LEN Urticaria Centers of Reference and Excellence. Allergy. 2016 Aug;71(8):1210
5. Barbosa F et al. Chronic idiopathic urticaria and anxiety symptoms. J Health Psychol 2011;16:1038–47.
6. O’Donnell BF et al. The impact of chronic urticaria on the quality of life. Br J Dermatol 1997;136:197–201
7. Kang MJ et al. The impact of chronic idiopathic urticaria on quality of life in korean patients. Ann Dermatol 2009;21:226–9.
8. Silvares MR, Fortes MR, Miot HA. Quality of life in chronic urticaria: a survey at a public university outpatient clinic, Botucatu (Brazil). Rev Assoc Med Bras (1992). 2011 Sep-Oct;57(5):577-82
9. Kang MJ, Kim HS, Kim HO et al. The impact of chronic idiopathic urticaria on quality of life in korean patients. Ann Dermatol 2009;21:226-9.
10. Maurer M, Staubach P, Raap U et al. ATTENTUS, a German online survey of patients with chronic urticaria highlighting the burden of disease, unmet needs and real-life clinical practice. Br J Dermatol2016 Apr;174(4):892-4.
11. Zuberbier T et al. The EAACI/GA(2) LEN/EDF/WAO Guideline for the definition, classification, diagnosis, and management of urticaria: the 2013 revision and update. Allergy. 2014 Jul;69(7):868-87.
12. Maurer M et al. Practical algorithm for diagnosing patients with recurrent wheals or angioedema. Allergy 2013;68:816–819.
13. Kaplan AP. Therapy of chronic urticaria: a simple, modern approach. Ann Allergy Asthma Immunol. 2014 May;112(5):419-25.
14. http://www.ga2len-ucare.com/centers.html Acesso em 04 de abril de 2018.

Daniel Susumura dos Santos


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