Dados do Instituto Nacional do
Câncer mostram que 600 mil novos casos da doença são registrados a cada ano no
Brasil. A expectativa é que, até 2030, ela supere as doenças cardiovasculares
como primeira causa de morte da população. Para tentar enfrentar as várias
dificuldades de diagnóstico e tratamento, Câmara e Senado criaram (nesta
quarta-feira, 13) a Frente Parlamentar em Prol da Luta contra o Câncer. Uma das
prioridades da frente, segundo a coordenadora do grupo, deputada Silvia
Cristina, do PDT, é incentivar a pesquisa de novos medicamentos. Vítima de
câncer de mama, que já foi curado, ela se preocupa também com as barreiras que
moradores do seu estado, Rondônia, e da Região Amazônica em geral, enfrentam:
"Nós ainda temos
dificuldade de acesso à radioterapia, as filas ainda são grandes, já tivemos
muitas dificuldades de leitos, mas, especialmente, na Região Norte, à qual eu
represento, nós temos ainda muitas dificuldades com relação a diagnóstico e
prevenção. Esses exames não chegam na rapidez que deveriam chegar pra que a
pessoa descubra (o câncer) em estágio hábil para iniciar um tratamento."
O evento de lançamento da
frente parlamentar contou com a presença de várias entidades da sociedade civil
que combatem o câncer. Joana Jeker, da Associação de Mulheres Mastectomizadas
de Brasília, levou um grupo grande de vítimas de câncer de mama para chamar a
atenção para o projeto de lei (PLC 143/2018) que determina o máximo de 30 dias
para que a suspeita de câncer seja confirmada por biópsia no Sistema Único de
Saúde. A proposta já passou pela Câmara e está sendo analisada pelo Senado.
Segundo ela, um relatório do Tribunal de Contas da União aponta que 60 por
cento dos diagnósticos de câncer no SUS são feitos quando a doença já está
avançada ou na fase de metástase, resultando em tratamentos mais longos, mais
invasivos e mais caros:
"Nós sabemos que o câncer
de mama tem até 95 por cento de chance de cura quando diagnosticado no estágio
inicial, estágio onde o tumor está bem pequeno, menos de 1 centímetro. Então, é
fundamental para salvar muitas e muitas vidas e pra também diminuir a mortalidade
pelo câncer no Brasil."
Outra prioridade da frente
parlamentar mista é a redistribuição orçamentária, para evitar que entidades de
tratamento e apoio aos doentes de câncer vivam com as contas no vermelho. Para
o oncologista Sérgio Petrilli, diretor superintendente do Grupo de Apoio a
Adolescentes e Crianças com Câncer (Graacc), que mantém um hospital em São
Paulo, o apoio de deputados e senadores é essencial:
"Cerca de 90 por cento
dos nossos pacientes do Graacc são do SUS, fazem com que a nossa receita seja
abaixo da metade do que a gente gasta. Então é fundamental que a gente consiga
outros recursos, na linha de emendas parlamentares, na linha de renúncia
fiscal, na linha de deixar com que a gente, sendo entidades filantrópicas,
possa conseguir dinheiro dentro da sociedade civil."
Durante o lançamento da Frente
Parlamentar em Prol da Luta contra o Câncer, a coordenadora, deputada Silvia
Cristina, também propôs a criação de uma comissão permanente da Câmara para
tratar exclusivamente dos assuntos de saúde, que hoje estão na esfera da
Comissão de Seguridade Social e Família.
Reportagem - Cláudio Ferreira
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