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quarta-feira, 6 de março de 2019

INVESTIMENTOS EM SAÚDE MENTAL DEVEM AUMENTAR PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES ATUAIS DAS AMÉRICAS


Embora os transtornos mentais sejam responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas Américas, os investimentos atuais estão muito abaixo do necessário para abordar sua carga para a saúde pública, destaca um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A OPAS pede aos países que aumentem os orçamentos de saúde mental e destinem recursos para as intervenções de custo-benefício mais bem comprovadas.

O relatório “A carga dos transtornos mentais na Região das Américas, 2018” (disponível em espanhol e inglês) indica que os países devem aumentar o nível de financiamento atual para atender de forma satisfatória as necessidades das pessoas com transtornos mentais. 
Os déficits de financiamento em saúde mental variam de três vezes os gastos atuais em países de alta renda a 435 vezes os gastos nos países de mais baixa renda da Região.

“Embora esteja claro que existem grandes lacunas de financiamento, muito ainda pode ser alcançado por meio da realocação de fundos existentes para a integração da saúde mental à atenção primária e aos recursos comunitários”, disse Claudina Cayetano, assessora regional da OPAS em Saúde Mental. “O relatório da OPAS fornece aos países as informações e ferramentas necessárias para responder melhor aos transtornos mentais como uma prioridade global em matéria de saúde e desenvolvimento”, acrescentou ela.

Na América Latina e no Caribe, os problemas de saúde mental, incluindo o uso de substâncias psicoativas, respondem por mais de um terço da incapacidade total na Região. Desse percentual, os transtornos depressivos estão entre as maiores causas de incapacidade, seguidos pelos transtornos de ansiedade. Apesar disso, o investimento destinado à saúde mental representa, em média, apenas 2% do orçamento de saúde do país e, dessa porcentagem, cerca de 60% se destina a hospitais psiquiátricos.

“Os países de baixa renda, em particular, agravam sua carência de recursos ao alocarem escassos fundos em hospitais psiquiátricos. Isso significa que as pessoas com os problemas de saúde mental mais comuns, como depressão, ansiedade e outros transtornos que podem ser eficientemente atendidos na comunidade, ficam sem atendimento”, explicou Cayetano.

Investir em hospitais psiquiátricos contraria as recomendações da OPAS/OMS, que pedem o fechamento desses locais, a prestação de serviços integrados para transtornos mentais na atenção primária ou em hospitais gerais, acompanhado de apoio social. Essas medidas, além de serem mais custo-efetivas, fazem as pessoas afetadas por transtornos mentais serem mais propensas a procurar tratamento. Isso porque é mais fácil acessar serviços locais e eles não levam ao estigma e ao isolamento geralmente associados aos hospitais psiquiátricos.

Financiamento dos serviços de saúde mental
Entre os desafios de financiamento adequado dos serviços de saúde mental estão: inconsistências nos dados reportados sobre investimentos em saúde mental nos países; a carga subestimada dos transtornos mentais; e a necessidade de que exista vontade política para enfrentar as mudanças necessárias à melhoria dos serviços de saúde mental.

Os países de renda mais baixa, incluindo os da Região das Américas, tendem a direcionar a maioria de seus orçamentos destinados à saúde mental para o financiamento de hospitais psiquiátricos. O relatório recomenda que os países ainda podem fazer melhorias significativas nos serviços de saúde mental ao redirecionarem o orçamento desses hospitais para o financiamento de serviços de saúde mental comunitários e de atenção primária. Isso terá como alvo a maior parte da carga de doenças resultante de transtornos de humor e suicídio; transtornos por uso de substâncias; e morte por overdose ou acidentes e doenças relacionadas ao álcool.

“As pessoas com transtornos mentais continuam sem receber tratamento adequado e eficaz devido à falta de acesso aos serviços de saúde mental, ao estigma cultural e à pouca capacidade resolutiva da atenção primária”, disse Cayetano.

A carga da saúde mental nas Américas
A saúde mental é cada vez mais reconhecida como uma prioridade global de saúde e desenvolvimento econômico. Por exemplo, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 se refere explicitamente ao compromisso de alcançar uma cobertura universal de saúde que inclua “saúde mental e bem-estar”.

Na Região das Américas, os transtornos mentais respondem por 34% das deficiências, com pouca variação no nível nacional. Os transtornos depressivos representam 7,8% das incapacidades na Região – com a América do Sul, em geral, apresentando maiores proporções de incapacidade devido a esse transtorno mental comum. A América Central tem uma proporção maior de incapacidades devido a transtornos bipolares, transtornos que iniciam na infância e epilepsia, quando comparada a outras sub-regiões; e os Estados Unidos e o Canadá apresentam um maior número de incapacidades por esquizofrenia e demência, bem como pelas taxas de transtornos por uso de opioides.

OPAS


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