Embora os transtornos mentais
sejam responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas
Américas, os investimentos atuais estão muito abaixo do necessário para abordar
sua carga para a saúde pública, destaca um novo relatório da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS). A OPAS pede aos países que aumentem os
orçamentos de saúde mental e destinem recursos para as intervenções de
custo-benefício mais bem comprovadas.
O relatório “A carga dos
transtornos mentais na Região das Américas, 2018” (disponível em espanhol e inglês)
indica que os países devem aumentar o nível de financiamento atual para atender
de forma satisfatória as necessidades das pessoas com transtornos mentais.
Os
déficits de financiamento em saúde mental variam de três vezes os gastos atuais
em países de alta renda a 435 vezes os gastos nos países de mais baixa renda da
Região.
“Embora esteja claro que
existem grandes lacunas de financiamento, muito ainda pode ser alcançado por
meio da realocação de fundos existentes para a integração da saúde mental à
atenção primária e aos recursos comunitários”, disse Claudina Cayetano,
assessora regional da OPAS em Saúde Mental. “O relatório da OPAS fornece aos
países as informações e ferramentas necessárias para responder melhor aos
transtornos mentais como uma prioridade global em matéria de saúde e
desenvolvimento”, acrescentou ela.
Na América Latina e no Caribe,
os problemas de saúde mental, incluindo o uso de substâncias psicoativas,
respondem por mais de um terço da incapacidade total na Região. Desse
percentual, os transtornos depressivos estão entre as maiores causas de incapacidade,
seguidos pelos transtornos de ansiedade. Apesar disso, o investimento destinado
à saúde mental representa, em média, apenas 2% do orçamento de saúde do país e,
dessa porcentagem, cerca de 60% se destina a hospitais psiquiátricos.
“Os países de baixa renda, em
particular, agravam sua carência de recursos ao alocarem escassos fundos em
hospitais psiquiátricos. Isso significa que as pessoas com os problemas de
saúde mental mais comuns, como depressão, ansiedade e outros transtornos que
podem ser eficientemente atendidos na comunidade, ficam sem atendimento”,
explicou Cayetano.
Investir em hospitais
psiquiátricos contraria as recomendações da OPAS/OMS, que pedem o fechamento
desses locais, a prestação de serviços integrados para transtornos mentais na
atenção primária ou em hospitais gerais, acompanhado de apoio social. Essas
medidas, além de serem mais custo-efetivas, fazem as pessoas afetadas por
transtornos mentais serem mais propensas a procurar tratamento. Isso porque é
mais fácil acessar serviços locais e eles não levam ao estigma e ao isolamento
geralmente associados aos hospitais psiquiátricos.
Financiamento dos serviços de
saúde mental
Entre os desafios de financiamento adequado dos serviços de saúde mental estão: inconsistências nos dados reportados sobre investimentos em saúde mental nos países; a carga subestimada dos transtornos mentais; e a necessidade de que exista vontade política para enfrentar as mudanças necessárias à melhoria dos serviços de saúde mental.
Entre os desafios de financiamento adequado dos serviços de saúde mental estão: inconsistências nos dados reportados sobre investimentos em saúde mental nos países; a carga subestimada dos transtornos mentais; e a necessidade de que exista vontade política para enfrentar as mudanças necessárias à melhoria dos serviços de saúde mental.
Os países de renda mais baixa,
incluindo os da Região das Américas, tendem a direcionar a maioria de seus
orçamentos destinados à saúde mental para o financiamento de hospitais
psiquiátricos. O relatório recomenda que os países ainda podem fazer melhorias
significativas nos serviços de saúde mental ao redirecionarem o orçamento
desses hospitais para o financiamento de serviços de saúde mental comunitários
e de atenção primária. Isso terá como alvo a maior parte da carga de doenças
resultante de transtornos de humor e suicídio; transtornos por uso de
substâncias; e morte por overdose ou acidentes e doenças relacionadas ao
álcool.
“As pessoas com transtornos
mentais continuam sem receber tratamento adequado e eficaz devido à falta de
acesso aos serviços de saúde mental, ao estigma cultural e à pouca capacidade
resolutiva da atenção primária”, disse Cayetano.
A carga da saúde mental nas
Américas
A saúde mental é cada vez mais reconhecida como uma prioridade global de saúde e desenvolvimento econômico. Por exemplo, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 se refere explicitamente ao compromisso de alcançar uma cobertura universal de saúde que inclua “saúde mental e bem-estar”.
A saúde mental é cada vez mais reconhecida como uma prioridade global de saúde e desenvolvimento econômico. Por exemplo, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 se refere explicitamente ao compromisso de alcançar uma cobertura universal de saúde que inclua “saúde mental e bem-estar”.
Na Região das Américas, os
transtornos mentais respondem por 34% das deficiências, com pouca variação no
nível nacional. Os transtornos depressivos representam 7,8% das incapacidades
na Região – com a América do Sul, em geral, apresentando maiores proporções de
incapacidade devido a esse transtorno mental comum. A América Central tem uma
proporção maior de incapacidades devido a transtornos bipolares, transtornos
que iniciam na infância e epilepsia, quando comparada a outras sub-regiões; e
os Estados Unidos e o Canadá apresentam um maior número de incapacidades por
esquizofrenia e demência, bem como pelas taxas de transtornos por uso de
opioides.
OPAS
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