Investimentos
no setor caíram de R$ 8,4 bilhões em 2014 para R$ 3,2 bilhões este ano. Para
2018, o programado é ainda menor, de R$ 2,7 bilhões
A queda
no orçamento público para Ciência e Tecnologia neste ano e no próximo pode
inviabilizar pesquisas em andamento no país. Este é o diagnóstico dos
pesquisadores brasileiros que estiveram na Câmara dos Deputados nesta
terça-feira (10) para entregar um abaixo-assinado ao presidente da Câmara,
Rodrigo Maia, contra os cortes. O documento da campanha “Conhecimento sem
Cortes” reuniu mais de 80 mil assinaturas.
A
comunidade científica afirma que o orçamento de investimentos do setor passou
de R$ 8,4 bilhões em 2014 para R$ 3,2 bilhões este ano. Para 2018, o programado
é ainda menor, de R$ 2,7 bilhões.
Em
audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, Ildeu Moreira,
presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), lembrou que
23 ganhadores do prêmio Nobel enviaram uma carta ao presidente Michel Temer em
setembro, alertando que os cortes podem comprometer o futuro do Brasil.
“Reconhecer
a importância da ciência brasileira, assinar uma carta, o que não é comum.
Assinar uma carta ao presidente da República de um país, dizendo da importância
da ciência brasileira, que ela tenha continuidade. E, no entanto, nos
envergonha que a gente veja que cientistas do exterior, desse alto quilate,
tenham mais sensibilidade com a ciência brasileira que nossos governantes”,
afirmou o presidente da SBPC.
Ministério
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações informou, por meio de nota, que está trabalhando para elevar os recursos deste ano e que os valores de 2018 ainda não estão fechados.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações informou, por meio de nota, que está trabalhando para elevar os recursos deste ano e que os valores de 2018 ainda não estão fechados.
Helena
Nader, da Academia Brasileira de Ciências, disse que o trabalho dos
pesquisadores está presente na alta produtividade agrícola do país e na
exploração de petróleo em águas profundas. Ela disse que países como a Coreia
do Sul gastam mais de 4% do Produto Interno Bruto em Ciência e Tecnologia;
enquanto o Brasil investe cerca de 1%.
Fernando
Peregrino, presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às
Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica, disse
que o problema também é de gerenciamento de recursos. Segundo ele, o sistema de
Justiça brasileiro gasta quase 2% do PIB, o dobro do que tem o setor de Ciência
e Tecnologia. Nos Estados Unidos, segundo ele, os gastos com C&T
representam 2,4% do PIB enquanto o sistema de justiça tem 0,2%.
A
deputada Luiza Erundina (Psol-SP) pediu aos colegas que atuem para reverter os
cortes. “Como é que se quer disputar a hegemonia no mundo - e isso não se fará
sem ciência, sem tecnologia, sem inovação - se vai se andando pra trás na
destinação de recursos públicos para essas áreas? É algo incompreensível, é
algo burro, me desculpe a força da expressão”, disse a parlamentar.
Teto
de gastos
Outros deputados e convidados afirmaram que os cortes decorrem da emenda constitucional que fixou um teto de gastos para o país pelos próximos 20 anos, enquanto o pagamento da dívida pública não sofre interrupções. Eles também defenderam a manutenção do ensino superior público.
Outros deputados e convidados afirmaram que os cortes decorrem da emenda constitucional que fixou um teto de gastos para o país pelos próximos 20 anos, enquanto o pagamento da dívida pública não sofre interrupções. Eles também defenderam a manutenção do ensino superior público.
Reportagem
- Sílvia Mugnatto, Edição – Roberto Seabra, Foto - Will Shutter/Câmara dos
Deputados
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