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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

X Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que acontece de 07 a 11 de outubro, em Florianópolis (SC)

As transições epidemiológica e demográfica seguem em curso no planeta e no país, mudando rapidamente a face e a realidade do Brasil. Um dos últimos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2016, sinaliza que, em 40 anos, a população idosa vai triplicar no páis. Em 2010, registrávamos 19,6 milhões de idosos, cerca de 10% da população total. A estimativa é que, em 2050, esse número chegue a 66,5 milhões - 29,3%, passando em muito o percentual de crianças. Este é o cenário que movimentará o debate sobre políticas de atenção à população idosa e epidemiologia do envelhecimento no congresso.

O aumento do número de idosos implicará mudanças profundas em políticas públicas de saúde, assistência social e previdência, entre outras.

As estimativas são de que a virada no perfil da população acontecerá em 2030, quando o número absoluto e o porcentual de brasileiros com 60 anos ou mais de idade vão ultrapassar o de crianças de até 14 anos. Daqui a 14 anos, os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças serão 39,2 milhões, ou 17,6%, segundo estimativas do IBGE.
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Dividido em nove capítulos, o livro Brasil, uma visão geográfica e ambiental do século XXI traz, no capítulo 2, uma análise dos efeitos de fenômenos como o aumento da expectativa de vida do brasileiro e a redução da taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) que, combinados, mudaram o perfil etário da população.

Colapso

A mudança nas regras de concessão de aposentadoria tem sido um dos principais pontos de discussão do governo do presidente interino, Michel Temer. A tese do governo é de que, se não for adiada idade de aposentadoria dos trabalhadores brasileiros, o sistema previdenciário entrará em colapso e não haverá recursos para honrar os benefícios a médio prazo. O principal argumento do governo é o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que passou de 62,5 anos em 1980 para 70,4 anos em 2000 e 75,2 anos em 2014.

“O processo de envelhecimento populacional no país vai exigir novas prioridades na área das políticas públicas. Como exemplo dessas prioridades, destaca-se, dentro de um plano, a formação urgente de recursos humanos para o atendimento geriátrico e gerontológico, além de providências com relação à previdência social, que deverá se adequar a essa nova configuração demográfica, além de melhorias urgentes nas redes de atendimento hospitalar, ajustando-as a esta nova configuração populacional que tende a um crescimento cada vez mais intenso”, diz o texto.

“A não adequação da estruturas de saúde e econômica a essa nova realidade, por certo, trará efeitos negativos sobre a qualidade de vida da população brasileira que está vivenciando o processo de transição, em que, a curto e médio prazos, os idosos serão a grande maioria, com necessidades altamente diferenciadas em relação à situação anterior”, afirma o estudo.

A redução do número de filhos por mulher se acentuou de forma rápida nos anos 1980. A taxa de fecundidade passou de 6,16 filhos por mulher em 1940 para 4,35 em 1980, 2,39 em 2000 e 1,7 em 2014. O declínio foi bem mais rápido do que o verificado por países desenvolvidos, que demoraram mais de um século para atingir níveis similares.

A atual taxa de fecundidade está, desde 2010, abaixo do nível de reposição populacional, de 2,1 filhos por mulher. Outros estudos do IBGE apontam que, se for mantido o ritmo de queda, o país terá aumento de população até 2030, quando a tendência será de estabilização e, por volta de 2040, o número absoluto de brasileiros poderá diminuir. O total de crianças será cada vez menor e o de idosos, crescente.


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