Representante do Inmetro
informou que órgão analisa atualmente seis pedidos de homologação feitos por
fabricantes, mas ressaltou que instrumentos só serão liberados se cumprirem
requisitos exigidos
Em audiência pública da
Comissão de Viação e Transportes, deputados e agentes de trânsito cobraram
nesta terça-feira (15) a renovação dos etilômetros, nome técnico dos chamados
bafômetros, os aparelhos que medem a quantidade de álcool no sangue no motorista.
Christiane de Souza Yared: falta de aparelhos mais modernos
contribui para a impunidade
Os equipamentos utilizados no
País, afirmaram os debatedores, têm em média dez anos de uso, e a aquisição de
modelos mais atualizados depende de homologação do Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Nos últimos quinze anos, o órgão
autorizou apenas dois modelos.
O tenente-coronel Marco
Andrade, coordenador da Lei Seca no Rio de Janeiro, disse que o estado conta
com somente 180 equipamentos. “Nossos bafômetros foram homologados em 2004. De
lá para cá, as necessidades mudaram, mas ainda usamos os mesmos equipamentos,
que estão obsoletos”, comentou.
Risco de morte
A embriaguez ao volante matou, no ano passado, 46 mil pessoas no Brasil. Nas rodovias federais, 7% das mortes são provocadas pelo álcool, porém o número pode ser bem maior, de acordo com Marcelo Azevedo, representante da Polícia Rodoviária Federal na audiência.
A embriaguez ao volante matou, no ano passado, 46 mil pessoas no Brasil. Nas rodovias federais, 7% das mortes são provocadas pelo álcool, porém o número pode ser bem maior, de acordo com Marcelo Azevedo, representante da Polícia Rodoviária Federal na audiência.
Segundo ele, a PRF tem 1.800
bafômetros para todo o País, sendo que apenas mil deles estão sendo usados. Os
demais precisam de manutenção. “E isso não é fácil porque os aparelhos são
antigos.”
Azevedo cobrou a homologação
de novos equipamentos, assim como a autorização para o uso de uma espécie de
bafômetro que serve apenas para apontar indícios de uso de álcool, sem
determinar a quantidade, o chamado teste passivo.
Hoje, esse tipo de exame não
tem valor legal, porém pode ajudar os agentes de trânsito a selecionar os
motoristas que soprarão o bafômetro. Para ter validade, o teste positivo tem de
ser repetido em um prazo de dois minutos, o que atrasa as operações. “Com esse
equipamento alternativo, poderíamos triplicar o número de pessoas submetidas ao
teste nas operações”, apontou.
Agilidade
A deputada Christiane de Souza Yared (PR-PR) pediu mais agilidade do Inmetro. Oito anos atrás, ela teve um filho morto em acidente de trânsito provocado por um motorista embriagado.
A deputada Christiane de Souza Yared (PR-PR) pediu mais agilidade do Inmetro. Oito anos atrás, ela teve um filho morto em acidente de trânsito provocado por um motorista embriagado.
Na opinião da parlamentar, a
falta de aparelhos mais modernos contribui para a impunidade. “Muitas vezes, a
gente não consegue punir o assassino. O motorista que matou meu filho estava
com nível altíssimo de álcool e drogas e isso não entrou no processo por falta
de equipamento”, lamentou.
Hugo Leal pediu pressa do Inmetro na análise de novos
bafômetros
O deputado Hugo Leal (PSB-RJ),
autor do pedido de realização do debate, também solicitou pressa na análise de
novos bafômetros. “Hoje o principal problema é o prazo, sim”, sustentou.
Por sua vez, a representante
do Inmetro na reunião, Anna Gleice da Silva Santos, disse que o órgão aumentou
o número de técnicos responsáveis pela avaliação dos pedidos, mas defendeu
critérios rigorosos para a aprovação desse tipo de equipamento. Ela informou
que o órgão analisa atualmente seis pedidos de homologação feitos por
fabricantes.
“Estávamos com apenas um
técnico à frente desses processos. Hoje, são três. Com essa mudança, os
processos andarão mais rápido”, comentou. “É preciso ressaltar que não temos
processos atrasados e que o instrumento tem de atender aos requisitos do
regulamento”, acrescentou.
Drogmetro
Além do bafômetro, os debatedores discutiram também a necessidade de implantação dos testes para detectar o uso de drogas pelos motoristas, o chamado drogômetro. Já existem aparelhos desse tipo no mercado, porém não há regulamentação para o uso no Brasil.
Além do bafômetro, os debatedores discutiram também a necessidade de implantação dos testes para detectar o uso de drogas pelos motoristas, o chamado drogômetro. Já existem aparelhos desse tipo no mercado, porém não há regulamentação para o uso no Brasil.
O tema está sendo estudado
pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de acordo com o
representante do órgão na audiência pública, Francisco Garonce.
“Nosso próximo passo é a
análise do consumo imediato de droga. A eficiência dos equipamentos ainda não
está comprovada cientificamente, mas tenho certeza de que os testes se
complementam”, declarou.
Quem atua diretamente na
fiscalização do trânsito aponta a necessidade desse tipo de teste. “O uso de
drogas como anfetaminas tem crescido nas rodovias federais, principalmente por
condutores de veículos de carga”, apontou Marcelo Azevedo, da PRF. “Muitos
motoristas estão trocando o álcool pelas drogas”, concordou Marco
Andrade.
Reportagem - Antonio Vital,
Edição - Marcelo Oliveira, Foto - Cleia Viana e Luiz Bernardo Jr Agência
Câmara Notícias
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