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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

HEMOBRÁS precisa buscar solução de consenso para avançar

O Senador, Armando Monteiro Neto, ex Ministro do Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior, político experiente, empresário do setor produtivo, profundo conhecedor do segmento industrial expressou sabedoria republicana ao afirmar que; “A bancada federal de Pernambuco quer construir, sem demagogia, sem espírito provinciano, sem caráter regionalista, uma solução que permitatambém à Hemobrás aprofundar a parceria com a iniciativa privada para fabricar o fator recombinante. Lutarei até o último momento para que o Polo Farmacoquímico e de Biotecnologia de Goiana avance nas novas fronteiras tecnológicas”.

O posicionamento foi enfatizado no Senado Federal, durante a Audiência Pública com o ministro da Saúde, Ricardo Barros que participou de audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), presidida pela Sen. Marta Suplicy, onde foi convidado para apresentar os resultados do primeiro ano de sua gestão à frente da pasta da saúde.

A audiência pública contou com a presença de diversos senadores, inclusive o Sen. Humberto Costa, ex-ministro da saúde que, em sua gestão, levou o projeto para Goiana, Pernambuco, com a justificativa de promover o desenvolvimento regional e como planta âncora para o desenvolvimento do polo biofarmacêutico de PE, mesmo contrariando e desconsiderando a maioria das recomendações técnicas e cientificas na época, que defendiam o processamento do plasma mais próximo aos centros produtores da matéria prima e, também, com grande população que faz uso dos medicamentos produzidos.

Durante os debates, após a apresentação dos resultados da gestão, os Senadores, Humberto Costa (PT-PE) e Armando Monteiro Neto (PTB-PE), puxaram o tema para a polêmica gerada em torno da Hemobrás. Monteiro destacou sua experiencia com potenciais eventuais riscos na atração de investimentos estrangeiros. Grifou, também, sua preocupação com a eventualidade do Ministério da Saúde vir a quebrar o contrato da Hemobrás com o grupo Baxalta/Shire, firmado por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).

Para esclarecer as questões colocadas pelos senadores, Barros apresentou um conjunto de slides destacando o monopólio da União sobre o plasma, e, as responsabilidades constitucionais do Ministério da Saúde sobre o tema. Enfatizou o projeto Nacional do Ministério da Saúde para o Sistema Nacional do Sangue – SINASAN, envolvendo todas as potencialidades e facilidades industriais existentes no País, na busca de uma solução definitiva para a questão do sangue, objetivando a autossuficiência para o processamento do plasma humano no Brasil.

Na apresentação, destacou a sua determinação em reduzir a dependência brasileira em serviços de processamento de plasma fora do País (hoje realizados na França) além do firme propósito de consolidar o conhecimento para o desenvolver e a fabricar produtos com tecnologia recombinante, não apenas para o fator de coagulação VIII, mas para toda cadeia de produtos possíveis a partir desta plataforma tecnológica.

Depois que o  Ministro Marcelo Castro decretou, em novembro de 2015, situação de emergência em saúde pública no Brasil motivado pelo alarmante crescimento de casos de microcefalia, provocada pela infecção através do zika vírus, (quando nem pensava em ser Ministro – grifou Barros), o Tecpar, preocupado com a potencial transmissão transfusional, passou a buscar solução para garantir a inativação viral do plasma, objetivando minimizar a contaminação por esta via. No contexto da busca desta solução investigou no mercado internacional potencias parceiros que cumprissem o marco regulatório e que se dispusessem a estruturar conjuntamente um projeto que seria propondo ao MS. Como ocorreu ainda na gestão do Ministro Marcelo Castro.

O agravamento da falta de governança da Hemobrás, a exposição pública induzida pelo Ministério Público, Tribunal de Contas da União, inquérito da Polícia Federal, denúncia do contrato do consórcio construtor, além dos relatórios dos técnicos responsáveis pelo acompanhamento dos projetos de Transferência de Tecnologia e evolução (falta de) do Projeto para o Desenvolvimento Produtivo – PDP, trazidas ao MS, motivaram o convite aos outros Laboratórios Públicos, Butantan e Tecpar para que juntos com a Hemobrás, apresentassem uma proposta global, em consórcio ou não, objetivando melhor utilização das mais de 3.3 Milhões de doações que resultam em aproximadamente 500 Mil litros de plasma potencialmente úteis para produção de todos hemoderivados utilizados no tratamento da hemofilia no Brasil.


O Brasil fraciona plasma há muitos anos na Europa, e, desde 2007 com a LFB sob a égide da Hemobrás, infelizmente, a empresa francesa já foi interditada várias vezes pelas autoridades sanitárias e teve a importação e distribuição de seus produtos proibida pela ANVISA, obrigando o País a arcar com grandes ônus que sem o fracionamento, para suprir a demanda teve que se valer de importações, sem falar dos custos com armazenamento e descontinuidades de captação de plasma industrial desde outubro de 2016.

Apesar da mídia tratar apenas do fator VIII recombinante, a grande pendência da Hemobrás com o País é a imensa defasagem no cronograma de implantação da fábrica para fracionamento do plasma, que já recebeu investimentos de mais de 1 bilhão de Reais, e, ainda requer mais 600 Milhões para concluir os prédios, sem a certeza de receber o conhecimento necessário para produzir, já que a própria LFB já se manifestou desinteressada em dar continuidade ao projeto.

O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarou que a decisão de produzir o fator de coagulação VIII recombinante, essencial no tratamento da hemofilia, será negociada, “de forma transparente”, com a bancada federal de Pernambuco.

Também, grifou que mesmo que o País realize os investimentos necessários para terminar a planta, será necessário buscar parceiro tecnológico para produzir e registrar na ANVISA os produtos fracionados, já que a Baxalta/Shire só se propõe a fazer investimentos, no valor de US$ 250 milhões, para estruturar a planta de produção do componente estratégico para produção do Fator recombinante de coagulação VIII, utilizando parte da planta de fracionamento (não prevista no projeto original), mesmo assim, não terão cumprido a obrigação contratual prevista no Art. 14 da portaria 2531/14, lida pelo Ministro durante a apresentação, que obriga o parceiro privado a disponibilizar toda tecnologia.

O artigo citado determina, como condição imprescindível para a absorção do conhecimento e a capacitação brasileira para produção independente, que a transferência de tecnologia inclua toda produção do medicamento, inclusive do componente estratégico e não criar eterna dependência do parceiro. Neste caso o Banco de Células Master deverá ser transferido para a Hemobrás, obrigatoriedade, descumprida pela Baxalta/Shire, até o momento. A não entrega do conhecimento do Banco de Células Master, descaracteriza o contrato e promove sua descontinuidade.    

Os investidores e parceiros tecnológicos tem o direito de escolher onde fazer o seu negócio e se isso for de comum acordo com o Tecpar não será o ministro da Saúde a inibir que isso ocorra, a instalação da fábrica de insumo estratégico para a produção do fator recombinante VIII, em Maringá, no Paraná, não prejudica as atividades previstas para a Hemobrás, embora a bancada pernambucana argumente ao contrário, e, que impediria a produção em Goiana. Uma leitura mais cautelosa de todo processo técnico constatará que, em princípio, para Hemobrás trazer o insumo de Maringá ou da Europa, em nada compromete a sua participação no negócio.

O atual projeto e a nova proposta apresentada pelo parceiro tecnológico da Hemobrás continua a descumprir uma premissa estruturante das PDPs que é a transferência do banco master de células.

“Não tomarei nenhuma decisão sem consultar a bancada de Pernambuco. Se for necessário, irei ao Estado para discutir o assunto”, destacou o ministro da Saúde, na comissão.

Ricardo Barros informou que o grupo Shire, parceiro da Hemobrás na fabricação do fator recombinante, comunicou ao Ministério da Saúde ter ampliado de US$ 30 para US$ 250 milhões o valor do seu investimento para concluir a unidade de produção do fator recombinante, em Goiana, mas não trata da quitação da dívida que corresponde a um valor próximo do que se propõem a investir, na Hemobrás.

O Butantan, por sua vez, declinou do projeto e decidiu dar continuidade a proposta de buscar parcerias para concluir o sua fábrica oferecendo ao mercado um modelo de PPP que viabilize a planta, cujos editais deverão ser disponibilizados em breve.

O Ministério tem a expectativa que a Hemobrás se descida com brevidade, mesmo que seja declinando como fez o Butantan, mas quer ter a certeza de ter oferecido todas as oportunidades para o desenvolvimento consorciado objetivando o projeto nacional.

Senador Armando Monteiro Neto (PTB - PE)Foto: Ana Luisa Souza/Divulgação


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