FernandaMarques (Fiocruz Brasília)
A pandemia de Covid-19 pode
ter efeitos na saúde mental das pessoas, desde reações esperadas, como estresse
agudo, até agravos mais sérios, que causam profundo sofrimento psíquico. De
acordo com a cartilha, “tendo em vista as estatísticas que apontam o aumento
dos casos de tentativas e suicídios após eventos extremos, identifica-se como
fundamental o desenvolvimento de estratégias de prevenção, acompanhamento e
posvenção, visando o bem-estar da população”. Os autores explicam que
“posvenção é um conjunto de atividades de cuidado oferecido às pessoas em luto
por suicídio, cujo objetivo é apoiar sua recuperação e evitar possíveis
complicações”.
A cartilha apresenta algumas
características específicas sobre o comportamento nas diferentes fases da vida:
crianças e adolescentes, adultos e pessoas idosas, destacando sinais de alerta
mais comuns que merecem atenção em cada faixa etária. A publicação traz também
um quadro que busca resumir como o profissional de saúde pode atuar no cuidado.
As recomendações incluem, entre outras, não duvidar, desqualificar ou minimizar
o relato de desejo de morte; acolher a pessoa e sua família, sem julgamentos; ter
escuta cuidadosa e respeitosa; evitar apontar culpados ou causas. “Impedir o
rápido acesso aos meios é uma das grandes medidas de prevenção”, lembra o
documento.
Ao abordar o contexto de
pandemia, a cartilha defende que “práticas e políticas públicas voltadas para a
promoção de saúde mental e prevenção do suicídio são de extrema relevância
nesse momento”, sugerindo intervenções universais (destinadas a toda a
população), seletivas (com foco em indivíduos e populações sob baixo risco) e
indicadas (ações imediatas e específicas para indivíduos e populações sob risco
iminente ou que já desenvolveram o comportamento que se busca prevenir).
A publicação comenta questões relacionadas ao luto e às melhores práticas de posvenção. Ao final, reúne algumas orientações sobre a divulgação do tema. A abordagem nas mídias (especializadas ou nas redes sociais) deve ser feita “com responsabilidade e cuidado”: reportagens com informações inadequadas, fotos sobre suicídio e cartas de despedida, ao serem divulgadas, “podem provocar um efeito negativo, especialmente em momentos de vulnerabilidade como o que estamos vivenciando durante a pandemia”.
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