Em 8 de maio de 1980, a 33ª Assembleia Mundial da Saúde declarou oficialmente: "O mundo e todos os seus povos estão livres da varíola". A declaração marcou o fim de uma doença que atormentou a humanidade por pelo menos 3 mil anos, matando 300 milhões de pessoas somente no século XX.
A doença foi erradicada graças
a um esforço global de 10 anos, liderado pela Organização Mundial da Saúde, que
envolveu milhares de profissionais de saúde em todo o mundo para administrar
meio bilhão de vacinas para eliminar a varíola.
Os US$ 300 milhões usados para
erradicar a varíola salvaram ao mundo bem mais de US$ 1 bilhão por ano desde
1980.
Em um evento virtual realizado
na sede da OMS, envolvendo atores-chave nos esforços de erradicação, o
diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que, “enquanto o mundo
confronta a pandemia de COVID-19, a vitória da humanidade sobre a varíola é um
lembrete do que é possível quando as nações se reúnem para combater uma ameaça
comum à saúde".
O mundo se livrou da varíola
graças a uma demonstração incrível de solidariedade global e porque possuía uma
vacina segura e eficaz. Juntas, solidariedade e ciência trazem a solução.
Tedros destacou que a
erradicação da varíola também oferece esperança aos esforços para eliminar
outras doenças infecciosas, incluindo a poliomielite, que agora é endêmica em
apenas dois países. Até o momento, 187 países, territórios e áreas foram
certificados como livres da doença do verme-da-Guiné, com mais sete por vir. E
a luta contra a malária até agora resultou em 38 países e territórios
certificados como livres da malária. No caso da tuberculose, 57 países e
territórios com baixa incidência de TB estão no caminho para alcançar a
eliminação.
No evento, Tedros apresentou
um selo postal comemorativo para reconhecer a solidariedade global que
impulsionou a iniciativa e honrar os esforços dos trabalhadores da saúde que
garantiram seu sucesso.
O selo, desenvolvido pela
Administração Postal das Nações Unidas (UNPA) em colaboração com a OMS,
significa o que a unidade nacional e a sodalidariedade global podem alcançar.
Vários países, como Guiné, Índia, Nigéria, Filipinas, Togo e outros emitiram
selos sobre a erradicação da varíola para mostrar apoio e aumentar a
conscientização sobre o Programa Intensificado de Erradicação da Varíola da OMS,
lançado em 1967.
Diretora regional da OMS para
a África, Matshidiso Moeti diz que suas primeiras lembranças sobre varíola são
de seu pai. “Eu estava visitando a sede da OMS e vi uma foto do meu pai, ao
lado dos outros especialistas da Comissão Global. Lembro-me dele saindo,
fazendo visitas de acompanhamento com os pacientes. Ele costumava ir com um
motorista e desaparecer no mato por dias. Senti admiração por seu trabalho
incansável. As estratégias usadas para erradicar a varíola ainda se aplicam
hoje”.
“As lições aprendidas com a
varíola são usadas hoje para responder a surtos de doenças. A busca ativa de
casos de casa em casa, por exemplo, sustenta o programa de erradicação da
poliomielite e a vacinação em anel de contatos está ajudando a combater a propagação
da doença pelo vírus ebola. Da mesma forma, campanhas de vigilância, busca de
casos, testes, rastreamento de contatos, quarentena e comunicação são
essenciais para controlar a COVID-19", explicou David Heymann, professor
de epidemiologia de doenças infecciosas da London School of Hygiene &
Tropical Medicine e Distinguished Fellow, Global Health Security na
Chatham House, London.
Após a erradicação da varíola,
a OMS e o UNICEF lançaram o Programa Expandido de Imunização, no qual 85% das
crianças do mundo foram vacinadas e protegidas de doenças debilitantes.
Com o potencial de uma vacina
para COVID-19 à frente, garantir suprimentos suficientes e alcançar pessoas em
locais de difícil acesso é uma alta prioridade. Lidar com a hesitação da vacina
representa um desafio significativo para interromper o vírus. O acesso a
informações e educação precisas sobre saúde pública é fundamental para garantir
que o público tenha os fatos para manter a si e a outras pessoas seguras.
Para comemorar permanentemente
a erradicação da varíola e as lições aprendidas em escala global, e não a cada
10 anos, a OMS está chamando museus, empresas de exibição, designers, curadores
e associações a desenvolver uma exposição imersiva, interativa e educacional
sobre a varíola e sua relevância para a COVID-19 e a segurança global de saúde.
A exposição, que será apresentada no final deste ano, promoverá uma melhor
compreensão da saúde pública e capacitará as pessoas a se manterem informadas e
seguras durante uma pandemia. Mais informações pelo e-mail privatesectorpartners@who.int.
Fonte:OPAS/OMS Brasil
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