Pesquisadores
do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) detectaram, a
partir da análise de dados de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), uma preocupante tendência à interiorização da epidemia de
Covid-19, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor porte do
país. Apesar de a epidemia ter se propagado inicialmente em grandes metrópoles
(fortemente conectadas por linhas aéreas nacionais e internacionais), nas
últimas semanas, 44% das cidades médias (20 mil e 50 mil) passaram a contar com
casos de Covid-19 e a tendência é o crescimento de ciclos de transmissão em
cidades pequenas, localizadas em grande parte no interior do Brasil.
De
acordo com a nota técnica mais recente (4/5) do sistemaMonitoraCovid-19 – desenvolvido pela equipe de pesquisadores do
Icict/Fiocruz –, a grande preocupação dessa tendência reside no fato de que
“metade das regiões para onde a doença se difunde apresenta recursos de saúde
abaixo dos parâmetros indicados para situações de normalidade”.
“O
avanço do Covid-19 em direção às cidades menores revela uma situação
preocupante em razão da menor disponibilidade e capacidade de seus serviços de
saúde. Isso direciona a busca pelo atendimento médico aos centros urbanos de
referência para o tratamento da doença, o que tende a ampliar a pressão sobre
os serviços de saúde nas grandes cidades. Esse já é um quadro preocupante em
cidades polo, como Manaus, que atende não só aos moradores do município, mas
também a pessoas vindas de um conjunto de pequenas cidades e vilas situadas ao
longo de rios”, comenta Diego Xavier, epidemiologista do Icict/Fiocruz.
Os
dados do estudo do IBGE baseiam-se no conceito de Regiões de Influência das
Cidades (Regic), que colocam os municípios em uma nova distribuição regional,
de acordo com o relacionamento e o deslocamento entre cidades, provocado pela
necessidade do atendimento à saúde. As Regics refletem a realidade das
populações de cidades menores, que contam com pouco ou nenhum serviço de saúde
pública, e que procuram regularmente o atendimento em outros municípios maiores
e/ou com melhor atendimento. Leva em consideração, inclusive, o atendimento a
pacientes de outros estados e até países (Bolívia e Paraguai).
O
estudo do IBGE que utiliza esse novo conceito de distribuição regional dos
municípios, intitulado Regic-2108, teve seu lançamento antecipado para 7 de
abril de 2020, com o objetivo de atender às necessidades urgentes de dados para
a análise da evolução da epidemia de Covid-19. Entre os fatores levantados pelo
IBGE para definir as Regics, estão a quantidade de leitos de UTI, de
respiradores e de médicos na região.
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