Segundo o Programa Conjunto
das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), quando os governos priorizam os
sistemas de saúde privatizados em detrimento dos cuidados de saúde universais
financiados publicamente, eles estão fazendo uma escolha, dizendo que o direito
à saúde se torna um privilégio para os poucos que podem pagar. Quando ocorre
uma epidemia, essa escolha se traduz em uma decisão sobre quem viverá e quem
morrerá.
Mas a história não é
integralmente sombria. “Estamos vendo mais consciência da importância da saúde
e da proteção social. Se quisermos nos recuperar, precisamos nos redefinir –
não podemos voltar para onde estávamos”, disse o UNAIDS.
Foto: UNAIDS
A COVID-19 está matando pessoas. No entanto, a escala e as consequências da pandemia são provocadas pelo ser humano. Não era inevitável que houvesse milhares de vidas perdidas e milhões de meios de subsistência destruídos. Essas perdas são o resultado da extrema desigualdade que está ligada à economia global.
De acordo com o Programa
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), a inclinação das curvas
de mortalidade, a complexibilidade das perdas econômicas e as convulsões
sociais em diferentes países são as consequências das escolhas políticas e do
modelo econômico criado.
A COVID-19 levou o mundo a uma
recessão. O Fundo Monetário Internacional relata que o grande isolamento será
pior que a crise financeira global de 2008. Segundo a Organização Internacional
do Trabalho (OIT), a COVID-19 deve acabar com o equivalente a 195 milhões de
empregos de período integral.
A partir do que já se sabe do
HIV, as epidemias causam estragos em um mundo desigual. Alimentam-se das
desigualdades existentes e atingem com mais força os mais vulneráveis e
marginalizados — aquelas pessoas que não têm acesso à assistência médica, que
não têm rede de segurança social, que não têm direito a licença médica ou que
não têm água para lavar as mãos. As pessoas cujo direito à saúde é negado são
atingidas primeiro e de forma drástica.
Segundo o UNAIDS, quando os
governos priorizam os sistemas de saúde privatizados em detrimento dos cuidados
de saúde universais financiados publicamente, eles estão fazendo uma escolha,
dizendo que o direito à saúde se torna um privilégio para os poucos que podem
pagar. Quando ocorre uma epidemia, essa escolha se traduz em uma decisão sobre
quem viverá e quem morrerá. Aqueles com o privilégio de acesso aos cuidados de
saúde vivem,
aqueles sem, morrem.
Os governos devem investir na
proteção social universal, recomenda o UNAIDS. Nas comunidades vulneráveis ao
redor do mundo é comum ouvir: “Se não pudermos trabalhar, morreremos de fome
antes de adoecermos com o coronavírus”. Esta é uma escolha que ninguém deveria
ter que fazer. Esta crise de saúde está rapidamente se tornando uma crise
alimentar.
Os modelos econômicos de
negócios dependem de forças de trabalho que não são protegidas. Modelos que
exploram trabalhadores e fornecedores e não que os apoiam ou protegem.
Segundo o UNAIDS, a crise
climática é outra consequência do modelo econômico fraudulento e explorador dos
ecossistemas, dos quais todos dependem. E, novamente, são os mais pobres, os
menos responsáveis pela exploração, que são mais atingidos. No momento, no
Pacífico, as pessoas não estão apenas lutando contra a COVID-19, mas ainda
estão se recuperando das consequências do ciclone Harold.
Nada disso é um acidente. Tudo
é resultado das escolhas feitas pelos serem humanos. São os homens que ainda
dominam as salas de reuniões corporativas e os corredores do poder político,
enquanto são as mulheres que assumem o maior fardo de cuidar dos outros —
mulheres que precisam cuidar de parentes doentes em uma pandemia ou que andam
mais longe para encontrar água potável.
Mas a história não é
integralmente sombria. Existem também algumas lições que estão sendo
aprendidas. “Estamos vendo mais consciência da importância da saúde e da
proteção social. Isso significa que, se quisermos nos recuperar, nós precisamos
nos redefinir—não podemos voltar para onde estávamos”, disse o UNAIDS.
Alguns países aplicam o que
estão chamando de impostos de solidariedade às grandes empresas e às pessoas
ricas. Dívidas de estudantes estão sendo cancelas, taxas de saúde estão sendo
dispensadas, incluindo dispensa das taxas de usuário e mais suporte para
profissionais de saúde. Esta é uma nova obrigação.
No entanto, outros países se
movem em uma direção diferente — reduções de impostos para ricos e resgates
para grandes empresas, sem nenhuma garantia de que esses resgates se traduzirão
em apoio aos trabalhadores e fornecedores locais.
Os gastos com saúde e proteção
social devem ser ampliados. Essa pode ser a base para uma reorganização, que
não seja apenas uma atualização com alguns resgates.
Para o UNAIDS, o mundo deve
sair dessa crise de maneira diferente, com a determinação de mudar o modelo
econômico. A organização recomenda a criação de um Global Green New Deal
(GGND), onde o estímulo seja o investimento nas pessoas e no planeta.
“Um novo modelo econômico que
expande a cobertura universal de saúde e a proteção social universal a todos,
que aumenta o trabalho decente e paga salários decentes, onde as recompensas
são distribuídas por toda a cadeia de suprimentos e todos os interessados se
beneficiam de forma equitativa. E um modelo alinhado ao Acordo de Paris sobre
as mudanças climáticas”, disse o UNAIDS.
Todos têm a chance de fazer
escolhas diferentes e o UNAIDS torce para que os líderes mundiais decidam fazer
escolhas diferentes.
Fonte: nacoesunidas.org
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