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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Empresa francesa quer investir cerca de R$ 795 milhões na Hemobras, reportagem comentada

Destaco alguns comentários na reportagem do JConline, publicado em 18/07/2017, às 21h22, transcrita abaixo, para reflexão:

Antes de mais nada o consórcio TECPAR, HEMOBRÁS já existe há anos, inclusive com a participação da Fiocruz, conforme a foto da sede em Curitiba, ao lado.

Portanto, não se trata de nenhuma novidade ou qualquer novação em pretender reforçar a parceria e desenvolver, absorver e disponibilizar tecnologias complementares na produção demedicamentos.http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/pernambuco/noticia/2017/07/18/empresa-francesa-quer-investir-cerca-de-r-795-milhoes-na-hemobras-296178.php
Representantes de empresa francesa (que é em Lexington, MA -USA) vão reafirmar compromisso de fazer um aporte de recursos na Hemobras, segundo o vice-governador, Raul Henry

Os representantes da empresa francesa Shire devem vir ao Estado amanhã para reafirmarem a proposta da companhia de investir US$ 250 milhões (cerca de R$ 795 milhões) na Hemobras (apenas na produção de recombinantes, sem qualquer aplicação de recursos na parte essencial para a qual a Hemobrás foi criada que é o fracionamento do plasma brasileiro) , segundo o vice-governador de Pernambuco, Raul Henry (PMDB). O aporte de recursos ocorreria para a estatal passar a produzir o fator recombinante VIII(antigo, de terceira geração, quando já existem no mercado internacional e no Brasil, medicamentos mais modernos e consagrados cientificamente, produzidos com tecnologia de fronteira a partir de células humanas e não de origem animal), medicamento usado no tratamento de hemofílicos. A visita é mais um capítulo de uma batalha política travada entre a bancada de parlamentares pernambucanos e o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

A Hemobras é uma estatal que está sendo implantada em Goiana, na Mata Norte, para produzir hemoderivados(fracionamento de plasma – não incluso na proposta da shire e recombinantes que deseja manter a exclusividade por mais 5 anos, sem ter realizado qualquer etapa da transferência da tecnologia nos primeiros 5 anos). O repasse da tecnologia (sem o componente estratégico essencial para produzir completamente o medicamento no Brasil tornará a Hemobrás eterna dependente da Shire) seria feita numa Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa Baxter International – parceira da Shire.

No entanto, o Ministério da Saúde começou a cogitar a ideia de implantar uma fábrica no Paraná para fabricar o fator recombinante VIII. “Não faz sentido transferir uma parte da Hemobras (a Hemobrás já tem parceria com o TECPAR e Fiocruz  no Paraná há mais de 5 anos....)para o Paraná que é a base do ministro(muito antes do Ministro ser de Maringá, aliás desde o tempo do Ministro Padilha. É importante concluir a Hemobras (a proposta da Shire se restringe a conclusão da planta de recombinantes, não trata da planta principal de fracionamento que requer mais 600 milhões de investimentos e mais que recursos requer tecnologia, já que o antigo transferidor, a francesa LFB, perdeu interesse no projeto) porque é importante para o Estado”, defende Raul Henry.

Ele argumenta que “é interessante fechar essa parceria para a transferência da tecnologia (a transferência proposta pela Shire não inclui o componente estratégico mais importante que é o banco máster de células – sem o que jamais a Hemobrás será capaz de produzir integralmente o favor VIII recombinante no Brasil) ”. A Hemobras já recebeu investimento superior a R$ 1 bilhão. A estatal foi criada em 2005 e a sua implantação se arrasta por vários motivos, incluindo falta de recursos da União, denúncias de corrupção, entre outras.

O contrato da PDP para a transferência da tecnologia do fator VIII para a Hemobras vence em outubro. Até agora não houve renovação desse contrato (não há a renovação por que a Shire não se predispõe a transferir o banco master de células – sem o que a transferência da tecnologia não estará completa... Hemobrás sempre ficará dependente deles para produzir o medicamento). Além disso, também circulou um ofício do Ministério da Saúde pedindo para a Hemobras suspender a PDP porque esse acordo seria extinto ou reestruturado, o que levantou mais dúvidas sobre a transferência dessa tecnologia (de fabricação do fator recombinante VIII) para a Hemobras.

PROCESSO
O impasse sobre a continuidade da transferência da tecnologia para a Hemobras fez o Ministério Público Federal (MPF) entrar com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília, pedindo uma medida cautelar para apurar possíveis atos ilegais e antieconômicos na opção do Ministério da Saúde e a Hemobrás em rescindir unilateralmente (não há rescisão unilateral, o que existe é o descumprimento contratual pela não transferência completa da tecnologia) a Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmada com a empresa Baxter/Baxalta, a qual foi sucedida pela Shire Farmacêutica Brasil Ltda.

O TCU vai analisar a documentação enviada para depois se pronunciar sobre o caso. “O ministro da Saúde pretende fazer uma fábrica do zero (a planta para a produção do componente estratégico para fabricação do medicamento será construída do zero em qualquer lugar já que não existe no País e para Hemobrás, não faz qualquer diferença importar o Componente Estratégico dos USA ou comprar do Paraná, já que a Shire não transferirá esta tecnologia) e isso contraria o interesse público (o interesse público será contrariado tornando a Hemobrás eterna dependente da Shire e não autônoma para produzir completamente o medicamento no Brasil), porque a Hemobras vinha recebendo investimento para produzir esse medicamento (embora nunca tenha colocado nenhum tijolo no projeto, como atesta os acórdãos publicados pelo TCU)”, conclui Raul Henry.

Da Editoria de Economia, com meus comentários

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