Conclusão é de pesquisa sobre
67 países de média e baixa renda. Levantamento publicado nesta semana (17) no
periódico The Lancet Global Health aponta que recursos poderiam prevenir 97
milhões de mortes prematuras e 20 milhões de mortes por doenças não transmissíveis.
Dinheiro deverá ser utilizado para contratar 23 milhões de profissionais de
saúde e construir 415 mil estabelecimentos de atendimento.
Foto: ACNUR/Dalia Atallah
Diana, de 25 anos, observa seu bebê no Hospital
Governamental de Trípoli.
Para cumprir todas as metas de saúde da ONU, países de média e baixa renda
precisarão elevar investimentos no setor, que deverão atingir 371 bilhões de
dólares por ano até 2030. É o que revela um estudo publicado nesta semana (17)
no periódico The Lancet Global Health. Levantamento aponta que
recursos poderiam prevenir 97 milhões de mortes prematuras e aumentar em até
8,4 anos a expectativa de vida em algumas nações.
Após avaliar os desafios de 67
países em desenvolvimento, a pesquisa concluiu que será necessário aumentar em
23 milhões o número de profissionais de saúde para que o mundo alcance os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Governos dessas
nações também deverão construir mais de 415 mil novos estabelecimentos de
atendimento — dos quais 91% seriam centros de saúde primários.
A contração de novas equipes e
a criação de novos locais de atenção responderiam, junto com a compra de
equipamentos médicos, por 75% dos investimentos em saúde.
Os outros 25% iriam para
medicamentos, vacinas, seringas e outras commodities usadas para prevenir ou
tratar doenças específicas, além de serem gastos também em atividades como
treinamento, campanhas de saúde e divulgação para comunidades vulneráveis.
Com uma soma de quase 400
bilhões de dólares disponibilizada para a prestação de cuidados, o mundo em
desenvolvimento conseguiria reduzir em 97 milhões o total de mortes prematuras,
incluindo-se aí mais de 50 milhões de casos de natimortos e de óbitos de
crianças com menos de cinco anos.
Também seria possível evitar
20 milhões de mortes por doenças não transmissíveis, como enfermidades
cardiovasculares, diabetes e câncer. A expectativa de vida aumentaria de 3,1 a
8,4 anos.
A análise mostra que 85% das
despesas com saúde podem ser cobertas com recursos domésticos. Trinta e dois
dos países mais pobres do mundo continuarão a precisar de assistência externa.
Os países de alta renda não foram incluídos na pesquisa, mas outras estimativas
mostram que todos podem fornecer cobertura de saúde universal com serviços
essenciais aos seus cidadãos.
“A cobertura de saúde
universal é, em última análise, uma escolha política. É responsabilidade de
todos os países e do governo nacional persegui-la”, afirmou o diretor-geral da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que comentou o
artigo do The Lancet Global Health.
Os investimentos previstos
pela hipótese do estudo também estimulariam aumentos na proporção do Produto
Interno Bruto (PIB) dedicada à saúde em todos os 67 países. O índice passaria
de uma taxa média de 5,6% para 7,5%. Quando consideradas todas as nações do
mundo, o valor atual é de 9,9%.
O estudo explica que,
inicialmente, nos primeiros anos de vigência da Agenda 2030 da ONU, os custos
para implementar as metas de saúde exigiriam investimentos de cerca de 134
bilhões de dólares anuais. Todavia, para o quadriênio 2026-2030, o orçamento
teria de ser elevado aos 371 bilhões de dólares anuais.
Cenário menos promissor
A pesquisa também imagina um
cenário futuro em que os países não conseguiriam cumprir a integralidade das
metas da Agenda 2030 da ONU. Nessa hipótese, as nações de média e baixa renda
teriam percorrido dois terços ou mais do caminho rumo aos objetivos de saúde.
Nesse contexto, os
investimentos iniciais foram estimados em 104 bilhões, passando para os 274
bilhões no quadriênio 2026-2030. Cerca de 71 milhões de mortes prematuras
seriam prevenidas e a proporção do PIB gasta com saúde chegaria a uma média de
6,5%. Mais de 14 milhões de novos trabalhadores de saúde seriam contratados e
aproximadamente 378 mil novas instalações de saúde construídas — das quais 93%
seriam centros de atenção primária.
A análise inclui metas do
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 3 — Saúde e bem-estar —, bem como
metas do Objetivo nº 2 — Fome zero —, Objetivo nº 6 — Água limpa e saneamento —
e Objetivo nº 7 — Energia limpa e acessível. Algumas metas e doenças foram
excluídas dos cálculos por conta da dificuldade de se estimar seus custos
associados e impactos na saúde ou pela falta de dados robustos
Nações Unidas
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