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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Metas de saúde da ONU exigirão investimentos de US$ 371 bi por ano, revela estudo

Conclusão é de pesquisa sobre 67 países de média e baixa renda. Levantamento publicado nesta semana (17) no periódico The Lancet Global Health aponta que recursos poderiam prevenir 97 milhões de mortes prematuras e 20 milhões de mortes por doenças não transmissíveis. Dinheiro deverá ser utilizado para contratar 23 milhões de profissionais de saúde e construir 415 mil estabelecimentos de atendimento.

Foto: ACNUR/Dalia Atallah
Diana, de 25 anos, observa seu bebê no Hospital Governamental de Trípoli. 

Para cumprir todas as metas de saúde da ONU, países de média e baixa renda precisarão elevar investimentos no setor, que deverão atingir 371 bilhões de dólares por ano até 2030. É o que revela um estudo publicado nesta semana (17) no periódico The Lancet Global Health. Levantamento aponta que recursos poderiam prevenir 97 milhões de mortes prematuras e aumentar em até 8,4 anos a expectativa de vida em algumas nações.

Após avaliar os desafios de 67 países em desenvolvimento, a pesquisa concluiu que será necessário aumentar em 23 milhões o número de profissionais de saúde para que o mundo alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Governos dessas nações também deverão construir mais de 415 mil novos estabelecimentos de atendimento — dos quais 91% seriam centros de saúde primários.

A contração de novas equipes e a criação de novos locais de atenção responderiam, junto com a compra de equipamentos médicos, por 75% dos investimentos em saúde.

Os outros 25% iriam para medicamentos, vacinas, seringas e outras commodities usadas para prevenir ou tratar doenças específicas, além de serem gastos também em atividades como treinamento, campanhas de saúde e divulgação para comunidades vulneráveis.

Com uma soma de quase 400 bilhões de dólares disponibilizada para a prestação de cuidados, o mundo em desenvolvimento conseguiria reduzir em 97 milhões o total de mortes prematuras, incluindo-se aí mais de 50 milhões de casos de natimortos e de óbitos de crianças com menos de cinco anos.

Também seria possível evitar 20 milhões de mortes por doenças não transmissíveis, como enfermidades cardiovasculares, diabetes e câncer. A expectativa de vida aumentaria de 3,1 a 8,4 anos.

A análise mostra que 85% das despesas com saúde podem ser cobertas com recursos domésticos. Trinta e dois dos países mais pobres do mundo continuarão a precisar de assistência externa. Os países de alta renda não foram incluídos na pesquisa, mas outras estimativas mostram que todos podem fornecer cobertura de saúde universal com serviços essenciais aos seus cidadãos.

“A cobertura de saúde universal é, em última análise, uma escolha política. É responsabilidade de todos os países e do governo nacional persegui-la”, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que comentou o artigo do The Lancet Global Health.

Os investimentos previstos pela hipótese do estudo também estimulariam aumentos na proporção do Produto Interno Bruto (PIB) dedicada à saúde em todos os 67 países. O índice passaria de uma taxa média de 5,6% para 7,5%. Quando consideradas todas as nações do mundo, o valor atual é de 9,9%.

O estudo explica que, inicialmente, nos primeiros anos de vigência da Agenda 2030 da ONU, os custos para implementar as metas de saúde exigiriam investimentos de cerca de 134 bilhões de dólares anuais. Todavia, para o quadriênio 2026-2030, o orçamento teria de ser elevado aos 371 bilhões de dólares anuais.

Cenário menos promissor
A pesquisa também imagina um cenário futuro em que os países não conseguiriam cumprir a integralidade das metas da Agenda 2030 da ONU. Nessa hipótese, as nações de média e baixa renda teriam percorrido dois terços ou mais do caminho rumo aos objetivos de saúde.
Nesse contexto, os investimentos iniciais foram estimados em 104 bilhões, passando para os 274 bilhões no quadriênio 2026-2030. Cerca de 71 milhões de mortes prematuras seriam prevenidas e a proporção do PIB gasta com saúde chegaria a uma média de 6,5%. Mais de 14 milhões de novos trabalhadores de saúde seriam contratados e aproximadamente 378 mil novas instalações de saúde construídas — das quais 93% seriam centros de atenção primária.

A análise inclui metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 3 — Saúde e bem-estar —, bem como metas do Objetivo nº 2 — Fome zero —, Objetivo nº 6 — Água limpa e saneamento — e Objetivo nº 7 — Energia limpa e acessível. Algumas metas e doenças foram excluídas dos cálculos por conta da dificuldade de se estimar seus custos associados e impactos na saúde ou pela falta de dados robustos

Nações Unidas


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