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sexta-feira, 14 de julho de 2017

PORTO a cidade foi escolhida para sediar a Agência Europeia do Medicamento - EMA

O Porto é a cidade escolhida como candidata portuguesa a acolher a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), depois de a sede deixar a casa londrina, na sequência do "Brexit", como o PÚBLICO já tinha noticiado em primeira mão. A decisão do Governo que confirma que vai ser, afinal, o Porto a liderar esta candidatura acaba de ser avançada, nesta quinta-feira, após a reunião do Conselho de Ministros.

Na conferência de imprensa, a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuela Leitão Marques, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, explicaram que se entendeu que o Porto era a cidade que apresentava melhores condições. Mas a ministra disse mesmo mais. Disse que a política deste Governo também é a de “criar outros polos” de desenvolvimento no país, fora de Lisboa, seguindo de resto o que outros países europeus querem fazer, acrescentou.

Ressalvando que ambas as cidades eram fortes candidatas, o ministro da Saúde salientou, no entanto, vários aspectos que contribuíram para que a escolha recaísse no Porto: o tecido empresarial, a “dinâmica” nas ciências da saúde, a existência de edifícios preparados para receber a mudança mais rapidamente, “em poucos dias”, o “capital humano”, o “desenvolvimento extraordinário do Porto, ligações aéreas suficientes, entre outras. Recusou por isso a tese de que Lisboa, por ser a capital, tivesse mais condições à partida: “Não corresponde à verdade.” Para além disso, sublinhou, uma sede como esta “vai gerar dinâmicas” na cidade. “O Porto está mais próximo do centro da Europa, o Porto tem uma relação muito importante com o noroeste da Península com Espanha”, disse. E garantiu que o Governo vai empenhar-se, para que o país saia vencedor. 

O processo que culmina agora com a escolha do Porto está muito longe de ter sido pacífico. Recorde-se que o Governo escolheu Lisboa em primeiro lugar e que até a Assembleia da República aprovou por unanimidade um voto de saudação pela decisão tomada.

Só que o Porto contestou a decisão, com o autarca Rui Moreira a erguer bem alto a voz. A polémica escalou de tal forma que o Governo se viu obrigado a recuar. Abriu-se uma nova fase de discussão em redor do tema, até porque os partidos que tinham votado favoravelmente o voto de saudação no Parlamento vieram, mais tarde, colocar em causa que a escolha recaísse em Lisboa.

Depois de ser conhecida a decisão, o autacarca elogiou o "recuar" do Governo. No entanto, lembrou que "nada está ganho". "Agora temos de preparar uma grande candidatura para que isto não seja apenas uma questão nacional, mas para que se transforme e ganhe força", continuou. Rui Moreira vincou o nível de "preparação" da cidade, com o crescente investimento que tem sido feito no seu para receber esta instituição. 

À Comissão Nacional de Candidatura constituída pelo executivo juntaram-se, já depois da confusão criada, dois representantes da cidade do Porto, indicados pela câmara, para que a balança ficasse equilibrada (a Comissão já tinha dois representantes de Lisboa). Depois de nova discussão surge então nova escolha: afinal é o Porto quem vai encabeçar a candidatura portuguesa, numa corrida na qual vão entrar outras cidades como, por exemplo, Bruxelas, Barcelona, Milão, Amesterdão, Atenas, Dublin, Copenhaga e Estocolmo.

Apesar de ter garantido que aceitaria qualquer uma das escolhas, o presidente da Câmara Municipal do Porto também tinha mostrado vontade de que o argumento da descentralização pesasse na hora h. E pesou. Como diz a letra do cantor portuense, Sérgio Godinho, o Porto está afinal “aqui tão perto”. 

Em comunicado enviado à agência Lusa, o BE, pela voz do seu candidato à Câmara Municipal do Porto, João Teixeira Lopes, exortou a decisão. Para o BE, "é agora tempo de cessarem os aproveitamentos políticos numa matéria tão importante para a cidade", lamentando os bloquistas "que Rui Moreira e Manuel Pizarro tenham usado a candidatura da cidade como arma de arremesso eleitoral". 

Álvaro Almeida, candidato da coligação PSD/PPM ao Porto, lamentou a "enorme perda de tempo" causada pelo Governo. "As razões que justificam esta escolha são inequívocas e são essencialmente as apontadas desde o início pelo nosso candidato. A atitude inicial do Executivo significa apenas uma vez mais que o tique centralista do Estado continua bem vivo e que a unidade demonstrada na defesa da solução agora apontada é o caminho para futuro", cita a agência Lusa.

"Agora é preciso que todos se empenhem no sucesso da candidatura, para concretizarmos a conquista de um equipamento que pode revelar-se de grande importância para o desenvolvimento da Área Metropolitana e da própria região Norte", considerou o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Emídio Sousa. "Esta agência europeia é um dos serviços que verdadeiramente pode contribuir para o desenvolvimento da região, pelo que representa de empregabilidade qualificada e atividades de valor acrescentado", acrescentou, em declarações à Lusa. 

MARIA JOÃO LOPES , com Liliana Borges


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