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quarta-feira, 19 de julho de 2017

"Precisamos enfrentar um problema real, que é garantir a presença do médico nos postos de saúde", destaca Ricardo Barros

Em carta aberta aos profissionais de saúde e à população, ministro da Saúde aponta que consultas na Atenção Básica estão abaixo do esperado, 43,8% do que deveria ser feito
O SUS se faz com o trabalho de todos e é por essa razão que venho aqui propor um diálogo franco com os profissionais de saúde e a população.

Na semana passada, ao anunciar mais R$ 1,7 bilhão para ampliar o atendimento nos postos de saúde de todo o país, na presença de mais de 300 secretários de saúde, propus pagar melhor os médicos e exigir o cumprimento do horário de trabalho contratado.

A expressão que utilizei, “vamos parar de fingir que pagamos o médico e o médico fingir que trabalha”, foi retirada do seu contexto. Na sequência, reforcei com outras palavras: “nós vamos pagar um salário justo para o médico e exigir que eles estejam à disposição da população”. Também valorizei o trabalho dos profissionais dedicados, aqueles que “carregam o piano”, com vocação para o serviço público.


Não foram esses os termos ressaltados em algumas notícias e manifestações nas redes sociais. Contudo, não é admissível que uma versão supere o fato. Fui claro quanto à necessidade de enfrentar um problema real, já conhecido, e que precisa ser resolvido: a ausência de médicos em postos de saúde.

O número de consultas realizadas na Atenção Básica, o serviço mais próximo do cidadão, é abaixo do esperado: 43,8% do que deveria ser feito, os dados são do Sistema e-SUS AB. Estudo do Banco Mundial aponta que temos estrutura para aumentar em 37% a produtividade nesta área.

Com base no depoimento da população, o Ministério Público Federal já abriu 878 ações e recomendações contra prefeituras por falta de cumprimento da carga horária dos profissionais nas unidades de saúde e para a implantação do ponto eletrônico.

É preciso coragem para mudar. Faremos isso com remuneração adequada, sem que os profissionais precisem se manter em quatro ou cinco empregos; e com a melhoria das condições de trabalho que estamos implementando.

Com gestão eficiente, desde que assumi o Ministério da Saúde, economizamos R$ 3,5 bilhões, recursos totalmente revertidos na saúde da população, no custeio de mais 5,9 mil serviços, 162 UPAS, 6.431 equipes de Atenção Básica, mais R$ 80 milhões para compra de medicamentos. Mais de 7,1 mil obras estão em andamento no país, com investimento de R$ 2,2 bilhões. Liberamos R$ 250 milhões para mutirão de cirurgias. Colocamos todos os pagamentos em dia.

Também enfrentaremos o problema com a informatização do SUS. A biometria e o prontuário eletrônico garantem o acesso do paciente a seu histórico de saúde e permite avaliar todos os procedimentos realizados. São ferramentas fundamentais para a qualidade do atendimento e da gestão do SUS.

É uma cobrança justa que a sociedade nos faz ter o médico no seu local de trabalho. A lei exige o cumprimento das horas contratadas de todos os profissionais de saúde.

Conto com os mais de 4 milhões de profissionais do SUS para avançarmos ainda mais!

Ricardo Barros
Ministro da Saúde


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