O Vastarel, na concentração de
80 mg, será nacionalizado a partir de uma parceria entre a unidade da Fiocruz e
o laboratório francês Servier e deverá atender ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O diferencial deste acordo
está na internalização da tecnologia de micropellets, ou microesferas, um meio
de encapsulamento que possibilita a liberação temporizada dos fármacos,
prolongando a ação do medicamento. A tecnologia poderá ser usada, futuramente,
para o desenvolvimento de outros medicamentos de interesse do SUS.
"Acompanhamos o processo
de produção dos micropellets revestidos de liberação modificada tendo a
oportunidade de aprender detalhes deste processo produtivo complexo e
detalhado. A absorção desta tecnologia é de grande importância estratégica para
Farmanguinhos, uma vez que a capacidade de produção desta forma farmacêutica
aumenta as possibilidades de produção e desenvolvimento de novos
medicamentos", avalia o farmacêutico Abel Alves Rosa Júnior, da
Farmanguinhos.
Liberação prolongada
Para a chefe do Laboratório de
Tecnologia Farmacêutica, Juliana Johansson, estes sistemas de microesferas
permitem a otimização da biodisponibilidade de diversos princípios ativos ou a
modulação do perfil de dissolução das formas farmacêuticas, facilitando a
veiculação e absorção delas pelo organismo do paciente.
"No caso específico do
Vastarel, o princípio ativo contido nos micropellets apresenta liberação
prolongada, fazendo com que esta ocorra de forma lenta e contínua no organismo.
Com esta tecnologia, a concentração plasmática se mantém mais estável no
paciente, reduzindo a ocorrência de eventuais efeitos colaterais provocados
pelo medicamento. Outra vantagem é a redução do número de tomadas diárias do
medicamento, já que uma dose maior pode ser entregue lentamente ao longo do
tratamento e, consequentemente, o aumento da adesão", explica Juliana.
Outro benefício é a
possibilidade de revestir as microesferas com polímeros gastrorresistentes.
"Desta forma, permite-se que o princípio ativo seja disponibilizado apenas
em porções específicas do trato gastrointestinal do usuário. Esse recurso
tecnológico pode ser vantajoso no caso de moléculas que sofrem degradação em pH
ácido ou que possuem máximo de absorção em faixas de pH alcalinas",
observa a pesquisadora.
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