O surto em Santa Maria de
toxoplasmose é o maior já registrado no País
O ministro da Saúde, Gilberto
Occhi, afirmou nesta quinta-feira, 21, em entrevista à Rádio Gaúcha que o surto
de toxoplasmose na cidade de Santa Maria (RS) tem origem na água. As
declarações foram dadas três dias depois de uma equipe da pasta deixar a cidade
com dados coletados em mais de dois meses de investigação.
As informações, no entanto,
pegaram autoridades locais de surpresa. A secretária de Saúde de Santa Maria,
Liliane Mello Duarte, afirmou que em nenhum momento foi avisada da conclusão.
"Duas reuniões foram
feitas nesta semana. Uma delas ontem (quarta, 21), com representantes também da
secretaria estadual de saúde. Nada nos foi informado. Nenhum laudo de amostras
de água coletada, nenhuma conclusão ", disse.
"Somos os principais
interessados. É a mesma coisa de ver uma criança prestes a cometer algo que vá
colocá-la em risco e, em vez de avisar o cuidador, avisar outra pessoa",
comparou. A secretaria afirmou ainda que medidas de prevenção na cidade não
serão alteradas.
O surto em Santa Maria de
toxoplasmose, uma doença provocada por um protozoário, é o maior já registrado
no País. Até o momento, foram confirmados 569 casos em laboratório, dos quais
50 em gestantes e sete em bebês que contraíram a infecção ainda no útero
materno. Também foram confirmados dois abortos e três óbitos fetais (com mais
de 20 semanas de gestação).
Estão ainda em investigação
312 registros. Entre eles, 145 em gestantes, 17 bebês com suspeita de
toxoplasmose congênita e um aborto.
Os primeiros casos começaram a
ser notados por médicos em fevereiro, mas somente em abril o sinal de alerta
foi dado para autoridades sanitárias. Desde então, uma força-tarefa foi montada
para identificar o que levou a explosão do número de casos. A água sempre foi
apontada como a principal suspeita de fonte de infecção. Isso porque casos
ocorreram em várias partes da cidade, de forma simultânea.
Em nota divulgada na manhã
desta quinta-feira, o Ministério da Saúde foi mais cauteloso. No texto, a pasta
afirma que a água é a "possível fonte de infecção ", uma vez que já
teriam sido descartadas outras origens, como carne e frutas. "Outros
fatores permanecem em análise", escreveu.
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